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Confira um guia completo pelo Catar, país da Copa do Mundo de 2022

(Getty Images)

Que todo brasileiro ama torcer na Copa do Mundo não é novidade para ninguém. Mas que a disputa do tão sonhado hexa será em um país do Oriente Médio, isso, sim, foge do clichê. Desde que o Catar foi escolhido pela Fifa para sediar o evento, os olhos do mundo estão voltados para o país, pequeno em extensão territorial e grandioso em riquezas e cultura.

 

O Catar é considerado um dos países mais ricos do mundo graças à grande quantidade de petróleo e gás natural que existe em seu solo. A prosperidade do lugar atrai diversos estrangeiros que buscam uma vida melhor. Prova disso é que 75% da população não é nativa. Não é nada incomum ouvir diferentes línguas e sotaques – principalmente inglês – em terras catari, o que facilita muito a vida de quem decidiu acompanhar o campeonato de perto.

 

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Da cidade mais tecnológica do mundo a uma incrível extensão de dunas que abrigam tradições milenares, os visitantes terão muito o que fazer além de vibrar com os jogos, que começam no dia 20 de novembro, com uma partida entre Catar e Equador, e são encerrados em 18 de dezembro. Museus, shoppings, mercados e até corridas de falcões fazem parte de um roteiro inesquecível pelo país de apenas 11 mil quilômetros quadrados. 

 

(Divulgação)

 

A Versatille fez um guia para quem busca imergir na cultura catari e se preparar para aproveitar a Copa do Mundo da melhor forma possível. Confira, a seguir, dicas de passeios, restaurantes e hotéis, além de curiosidades sobre a cultura e as regras do país. 

 

AHLAN, CATAR 

 

As-salaam ‘alaykum ou, em tradução literal, “que a paz esteja com você” é o jeito mais formal de cumprimentar um árabe, mas, para algo mais rápido, um ahlan – que significa “olá” – também é bem recebido. Por mais que o inglês seja totalmente difundido no país e um simples “hello” seja compreendido por todos, saber algumas frases de apresentação na língua nativa mostra respeito. 

 

Quando se trata de respeito, há algumas diferenças culturais a que os brasileiros precisam se atentar antes de visitar o país. Demonstrar afeto em público – independentemente do sexo –, consumir bebida alcoólica fora dos locais autorizados e fotografar os cidadãos sem pedir permissão são atitudes malvistas no país. “O estrangeiro não é obrigado a usar as vestimentas típicas, que são abaya (feminino) ou thobe (masculino), mas deve se vestir de forma discreta”, explica Bruna Bravard, guia brasileira que mora no Catar há sete anos e cuida da página Conexão Qatar
(@conexaoqatar), no Instagram. 

 

Para Bruna, uma dica valiosa é andar com um lenço na bolsa, já que, para entrar em mesquitas e em algumas atrações mais tradicionais, as mulheres devem cobrir o cabelo e os ombros e os homens não podem mostrar os joelhos. Regido pelo Islã, o Catar possui leis e costumes que diferem da cultura brasileira. Por mais que a religião esteja presente no Brasil – segundo o Censo de 2010, 0,02% da população é muçulmana –, ela ainda é pouco conhecida e, muitas vezes, mal interpretada.

 

“A Copa é uma oportunidade bem legal para desmistificar muitas coisas sobre a cultura islâmica”, diz Mariam Chami, influencer brasileira muçulmana que falou com a Versatille sobre sua recente viagem ao país. “Quando saímos do Brasil, queremos conhecer outra cultura, então realmente precisamos nos desprender das diferenças e respeitar os costumes de cada lugar. Essa é a beleza de viajar.” 

 

Em sua visão, estar com a mente aberta para imergir no dia a dia do povo local é um dos pré-requisitos para a viagem ao Catar. “O hijab, por exemplo, é uma veste para nós, mulheres muçulmanas. Não é obrigatório para turistas, mas acho legal para quem quer sentir como é. Maria, mãe de Jesus, usava lenço, então usar o hijab não é uma apropriação cultural”, explica. 

 

No entanto, estar disponível para novas experiências não é a única exigência para entrar no Catar, e Bruna listou alguns documentos necessários para ingressar no país (segundo última checagem, realizada em 13 de outubro de 2022). 

 

Documentos necessários

 

 

O QUE FAZER NO CATAR

 

Visitar Al Zubarah

 

Em antigos mapas do mundo árabe de Ptolomeu, o nome “Qatara” era usado para designar a região que hoje é conhecida como Al Zubarah. Patrimônio Mundial declarado pela Unesco, as ruínas são um importante sítio arqueológico. Além do nome – que deriva dessa região –, o local foi de suma importância para a economia do país, que se baseava na pesca de pérolas antes da descoberta do gás e do petróleo. “Visitar Al Zubarah é conhecer um Catar que poucos conhecem”, afirma Bruna sobre o passeio.

 

Desvendar o deserto

 

Ainda no meio do deserto, assistir a uma corrida de falcões pode ser incrivelmente interessante. Tradição milenar árabe, a ave de rapina foi um animal essencial para a sobrevivência dos nômades do país, já que ajudava seus donos a caçarem pequenas presas em meio à areia. Hoje em dia, possuir um falcão é sinal de riqueza, e poder assistir à competição é um show à parte. O emir Tamim bin Hamad Al Thani, autoridade máxima do país, sempre participa da corrida com seus animais bem treinados. 

 

(Divulgação)

 

Mas, se você procura momentos de paz, a praia Khor Al Adaid – bem no meio do deserto – é o escape perfeito para fugir do agito. Pela manhã, a água avança pela areia, transformando o espaço em um pequeno resort pessoal. Ali, é possível observar pássaros locais e animais que provavelmente você nunca verá nas Américas, como o órix. A “visita” desses anfitriões torna ainda mais memorável o pôr do Sol, que faz com que as dunas magicamente troquem de cor. Passeios de camelo e visitas aos povos nômades que ainda carregam as tradições do país também podem ser incluídos em seu roteiro. 

 

Conhecer os museus e a Biblioteca Nacional 

 

Longe do deserto, na moderna cidade de Doha, deixar de incluir um museu no roteiro é como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel. O governo catari investe muito na cultura local, e isso se reflete nas grandes construções que preservam a história do país. O Museu de Arte Islâmica guarda a história de mais de 1.400 anos do Oriente Médio, e o conhecimento passado nos acervos ajuda a desmistificar os “preconceitos” que cercam a região. Criado pelo premiado Ieoh Ming Pei, o MIA se destaca por sua belíssima arquitetura, com o prédio de cinco andares seguindo a linha de tons creme da cidade e capturando a mudança das luzes durante o dia.  

 

Museu de Arte Islâmica (Getty Images)

 

As paredes decoradas do Museu Nacional do Catar (National Museum of Qatar – NMoQ), projetadas pelo francês Jean Nouvel, também são de encher os olhos. Construído em volta do antigo palácio do sheik Abdullah bin Jassim Al Thani (antigo emir do país), o prédio foi cuidadosamente restaurado para que os visitantes pudessem percorrer suas dependências. O local é uma impressionante galeria, e também conta com auditório, dois restaurantes, um café e um laboratório de pesquisas para os entusiastas explorarem a biodiversidade local e seu papel fundamental na cultura do país. 

 

Em Al Rayyan, um pouco mais afastado do centro, fica a Cidade da Educação de Doha, que abriga a Biblioteca Nacional do Qatar e os campi das mais importantes universidades de todo o mundo. Inaugurada em 2018, a biblioteca surpreende pela arquitetura e pelo acervo que mantém: são 800 mil livros físicos e mais de meio milhão de livros digitais em uma área de 42 mil metros quadrados. É a mais importante coleção de textos e manuscritos da civilização árabe-islâmica do Oriente Médio. “Ela é muito linda e tecnológica. Uma visita imperdível”, indica Mariam. 

 

Perder-se no luxo local 

 

É claro que o Catar, como o quarto país mais rico do mundo, não decepcionaria na qualidade de seu mercado de luxo. Ao visitar o país, é possível acessar diversos espaços de compra, como a famosa Galeries Lafayette – com as maiores grifes do mundo – e os shoppings Villaggio Mall e Alhazm Mall. Para quem busca uma experiência ainda mais diferenciada, também há o Gold Souq, mercado de ouro local que é reconhecido por oferecer joias rigorosamente regulamentadas. Todo o ouro e as gemas vendidos no complexo são pesados na frente do comprador, sendo previamente testados e garantindo assim a pureza do metal.

 

Galeries Lafayette (Divulgação)

 

GASTRONOMIA CATARI

 

A tradicionalidade do Souq Waqif

 

Em meio à modernidade da cidade, o Souq Waqif se destaca, com sua arquitetura árabe tradicional e seus corredores que parecem infinitos. O clássico mercado está repleto de hotéis, bancas de artesanato, uma seleção completa de itens de falcoaria e, é claro, restaurantes. “Acredito que, por meio da culinária, conhecemos mais a história e as memórias de um país”, afirma Bruna.

 

Ao visitar o local, é indispensável conhecer Shay Al-Shoomous, primeiro restaurante do país comandado por uma mulher catari. Shams AlQassabi, uma avó árabe tradicional, revolucionou o setor gastronômico do Catar e está à frente do restaurante que hoje conta com 248 lugares – e está sempre cheio. Mariam, que chegou a entrevistá-la para seu canal no Instagram, ressalta o cardápio recheado de comidas típicas e a personalidade empreendedora da chef. Ao lado do restaurante, ela também comanda uma loja de especiarias com os melhores temperos da região. 

 

Shams AlQassabi (Divulgação)

 

Sabores iranianos no Parisa 

 

Para conhecer a cultura local por meio da culinária, o Parisa é a indicação certeira tanto de Bruna quanto de Mariam. Entre tantas opções no menu, destacam-se o Kabab-e Shashlik, cordeiro marinado com cebolas caramelizadas e tomates grelhados, e o Akbar Jooje, prato signature da casa, que leva frango marinado com açafrão persa e molho de romã. 

 

Restaurante Parisa (Divulgação)

 

Alain Ducasse no Oriente Médio

 

Na parte moderna, entre um skyline e outro, o IDAM, primeiro restaurante de Alain Ducasse no Oriente Médio, chama a atenção por estar no topo do Museu de Arte Islâmica. Com um menu sofisticado, o restaurante se propõe a servir pratos contemporâneos mediterrâneos preparados com sabores árabes. Com cardápio sazonal e original, o prato assinatura do chef leva a macia carne de camelo, que demora seis dias para ficar pronta e que pode ser experimentada no quarto de seu hotel, já que o restaurante também tem delivery. 

 

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Um mix entre Espanha e Catar 

 

O Bibo, do estrelado Dani Garcia, também é uma ótima pedida. Com pratos que mesclam receitas espanholas da Andaluzia com as vivências pessoais do chef três-estrelas Michelin, a combinação dos sabores tradicionais mediterrâneos com o toque catari é uma verdadeira viagem pelas paixões do cozinheiro. E, já que estamos falando dessa bela mistura, não deixe de experimentar o Loo-Manic, mocktail feito de chá loomi (limão seco), maracujá, laranja e refrigerante de gengibre. Mas, caso queira algo mais forte, a casa também serve drinques clássicos, que podem ser pedidos para acompanhar as deliciosas tapas. 

 

Casa do chef Dani Garcia (Divulgação)

 

CURIOSIDADES LOCAIS

 

 

ONDE FICAR 

 

Para atender ao grande número de turistas por conta da Copa do Mundo, mais de 15 navios de cruzeiro também servirão como hotéis flutuantes, dando um impulso ao setor de hotelaria. Veja, na página ao lado, indicações de hotéis tradicionais de luxo. 

 

Souq Waqif Boutique Hotels by Tivoli 

 

(Divulgação)

 

Four Seasons Hotel Doha

 

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The St. Regis Doha

 

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Mandarin Oriental, Doha

 

(Divulgação)

 

Por Beatriz Calais e Marcella Fonseca |Matéria publicada na edição 128 da Versatille

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