MoMA adere à reinvenção cultural e realiza sua primeira exposição virtual
Dividida em três partes, a mostra do Museu de Arte Moderna de Nova York conta com filmes caseiros feitos por amadores e por gênios - como Salvador Dalí
Por Sofia Tremel
A pandemia do novo coronavírus vem afetando todos os setores da sociedade, e a área cultural, que com frequência demanda experiência sensorial e aglomeração nos serviços e produtos que oferta ao público, é uma das que mais sofrem. Muitas instituições precisaram reinventar suas programações, e o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) tratou de se organizar nesse sentido.
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O caminho escolhido é uma exposição virtual – a primeira de sua história. Uma das principais questões de Ron Magliozzi e Brittany Shaw, curadores do projeto, foi descobrir como as pessoas poderiam estabelecer uma intimidade com uma obra de arte em um espaço online, sem diretrizes pensadas previamente, explicações e painéis didáticos para se guiarem. A dupla decidiu, então, organizar uma exibição de filmes caseiros com suas explicações por escrito: a mostra digital Virtual Views: Home Movies.
São curtas e longas metragens extraídos do acervo Private Lives Public Spaces, que agrupa centenas de filmes caseiros no arquivo do MoMA. Há ali uma ampla variedade de estéticas amadoras (e outras nem tanto).
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Em três seções, a exposição aborda a vida, a família e a vida em comunidade por meio da fotografia e do vídeo, buscando um aconchego saudoso com as artes visuais e os registros caseiros. Uma das partes mais interessantes da mostra é a interação com o público, que é convidado a gravar seu próprio filme amador durante a quarentena e permitir que ele seja publicado na conta oficial do Instagram do MoMA.
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Celebrities (Celebridades) é o nome da primeira parte; ela conta com filmes de Salvador Dalí, do compositor Aaron Copland e do diretor de fotografia Henry Sharp.
O filme de Dalí foi gravado em 1954 e está mais para uma extensão cinematográfica de sua prática artística formal, consistindo em uma série de autorretratos surreais. Já o registro Spanish People at Pickfair, feito em 1929 por Henry Sharp parece uma chamada de elenco de Hollywood.
Na segunda seção, The Experience of Place (A Experiência do Lugar), explora-se o espaço físico, seja ele urbano ou não. Dois dos filmes são diários de viagem não-oficiais: um rolo de 1927 que mostra um grupo de amigos acampando no Canadá e uma sequência de vinhetas gravadas no Liberty State Park, em Nova Jersey, em 1981. A peça de maior destaque é Sixth Avenue – Subway – Post de 1944 /45, criada pelo cineasta profissional Charles L. Turner.
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A terceira e última parte, Family (Família), se baseia nesse agrupamento social tão afetado pela pandemia. A intenção é instigar a analisar sua dimensão comum, prosaica, quase ordinária em três filmes. Um deles é Father + Kid NYC, de 1940, e apresenta um núcleo familiar rico e branco, com um pai apaixonado pela filha. O filme é um símbolo do afeto paterno e um exemplo de direção cinematográfica feminina, uma vez que a mãe foi a responsável pela filmagem.
Foto: Reprodução Instagram