Pais e filhos que trabalham lado a lado contam suas experiências

Neste Dia dos Pais, a Versatille conversou com quatro famílias de diferentes áreas de atuação

Guilherme e Alexandre Mora (Foto: Ale Virgilio)

Os ditados “Filho de peixe peixinho é” e “filho de peixe sabe nadar” podem soar como frases prontas sobre a paternidade, mas basta pensar um pouco além para perceber que elas são mais do que isso. Genética e convivência são duas características que fazem com que os filhos sigam alguns passos de seus pais. Seja por vocação nata, seja pelo costume de assistir a seus genitores fazendo algo, muitos acabam seguindo pelo mesmo caminho profissional e se apaixonam pela carreira que seus pais trilharam. 

 

O restaurateur Guilherme Mora, por exemplo, cresceu acompanhando a rotina empresarial dos restaurantes ao lado do seu pai, Alexandre Mora. Hoje, a dupla trabalha junto e é sócia de casas renomadas em São Paulo, como Osso, Cór e Incêndio. “Meus pais me levavam com eles desde pequeno, então sempre fui apaixonado por isso. Com 10 anos, às vezes eu levava a bandeja com bebida pros clientes e até ganhava caixinha”, conta o empresário Guilherme Mora ao lembrar do início de sua paixão pelo mercado gastronômico.  

 

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De forma quase natural, o fascínio leva ao aprendizado. “Com 15 anos comecei a fazer algumas funções no escritório. Ali eu tive a plena certeza de que queria trabalhar com restaurantes por toda a minha vida”, destaca Mora. “Nessa época, eu aprendia bastante observando a gestão no escritório. Enquanto isso, conciliava o colégio com as idas aos restaurantes, onde aprendia sobre atendimento/hospitalidade com o meu pai. Não tinha mesmo nenhuma dúvida de que era o que eu queria.”  

 

Para Paloma Danemberg, dona da loja AD.STUDIO, focada em garimpos de móveis e objetos de luxo, o interesse pelo universo de design e arquitetura surgiu de forma similar. Filha de Arnaldo Danemberg, criador do antiquário Arnaldo Danemberg Collection, ela cresceu se divertindo em meio aos itens de decoração — fossem eles usados, restaurados ou novos. “Desde meus 12 anos, já participava, em uma perspectiva infantil, dos garimpos e leilões de móveis em viagens com meu pai. Acredito que fatos como esse ajudaram a moldar minha carreira atual.”  

 

Seja na gastronomia ou na arquitetura, o orgulho e a admiração entre pais e filhos atuantes nos mesmos mercados são componentes essenciais. “Sou muito grata de ter adquirido com meu pai essa bagagem cultural e histórica que hoje me auxilia profissional e pessoalmente”, diz Paloma. Na família, seu irmão, André Danemberg, também seguiu carreira no mesmo setor. Para o trio, o garimpo é quase uma tradição familiar.  

 

Neste Dia dos Pais, celebrado no dia 13 de agosto, a Versatille conversou com quatro famílias — pais e filhos — de diferentes áreas de atuação sobre suas experiências trabalhando lado a lado. Para todos, um mesmo questionamento: “Como é assistir o seu filho/pai no mesmo caminho profissional que você escolheu?”

 

Confira as respostas a seguir:  

 

Família Danemberg — Antiquários  

 

Paloma, André e Arnaldo Danemberg (Foto:Divulgação)

 

Visão dos filhos:  

 

Paloma Danemberg: “Considero um enorme privilégio seguir os passos profissionais do meu pai, que me ensinou seu ofício e possibilitou que eu pudesse fazer minhas escolhas com muito do que ele me passou, mas imprimindo minha personalidade no universo do antiquariato.”  

 

André Danemberg: “Dar continuidade ao legado do meu pai é extremamente gratificante. Acabei, ao longo dos anos, me encantando pelo antiquariato e pela pesquisa sobre mobiliário histórico e atribuo grande parte disso às diversas experiências que meu pai proporcionou a mim e minha irmã ao sempre nos inserir em seu universo profissional. Hoje, muito mais do que trabalho, o antiquário representa parte importante da nossa relação, e é bastante positivo ter os momentos de troca, estudos e conversas que trabalhar juntos nos possibilita.”  

 

Visão do pai:  

 

Arnaldo Danemberg: “Ter meus filhos compartilhando da mesma paixão que tenho pelo mobiliário histórico e pelo segmento do antiquariato é a síntese da realização profissional se unindo ao pessoal. Me sinto muito orgulhoso de ver o André caminhando ao meu lado no dia a dia do antiquário e de ter Paloma trilhando caminhos que também conversam com a história do garimpo e singularidade do antiquariato.  

 

O propósito do antiquário Arnaldo Danemberg Collection é possibilitar que história, cultura e memória façam parte dos ambientes e lares de nossos clientes, com peças únicas e carregadas de significados. E justamente por ser um trabalho tão cheio de significados, se torna ainda mais especial fazê-lo ao lado de duas pessoas tão importantes para mim, passando adiante, assim como me foi passado pelo meu pai, o gosto pelo mundo do mobiliário de antiquário.” 

 

Família Mora — Restaurateurs 

 

Guilherme e Alexandre Mora (Foto: Ale Virgilio)

 

Visão do filho:  

 

Guilherme Mora: “É ótimo, nós nos damos muito bem e nos respeitamos muito no âmbito do trabalho. Ele confia muito no que faço, o que faz com que as coisas deem certo. Até as maiores dificuldades, na verdade, são fáceis de resolver. Geralmente acontece quando temos opiniões diferentes em relação a alguma decisão a ser tomada, mas, nesses momentos, uma reunião resolve. A parte mais legal é estar dentro do restaurante com ele,  receber as pessoas, tomar um vinho com os clientes. Exercer a hospitalidade ao lado do seu pai é algo sem preço!”  

 

Visão do pai:  

 

Alexandre Mora:“É um conforto, sou privilegiado por ter meus dois filhos na operação. Consigo dividir bem as tarefas e, assim, sobra mais tempo para todo mundo. Claro que sempre temos uma preocupação com o futuro dos filhos, mas acho que estão bem encaminhados. Sinto um pouco mais de responsabilidade, porque, em breve, eles terão as próprias famílias também, e todos vão viver do mesmo negócio. É muito gratificante poder compartilhar conhecimento, ainda mais com alguém da família interessado pelos negócios.”  

 

Família Castello Branco — Arquitetos  

 

Dado e Guilherme Castello Branco (Foto: Divulgação)

 

Visão do filho:  

 

Guilherme Castello Branco: “Nossa relação sempre foi muito boa e transparente e isso se reflete totalmente no dia a dia do escritório. Trabalhar juntos influencia no crescimento dos dois, principalmente no meu profissional, já que eu busco e tenho oportunidade de trazer novas perspectivas que fazem com que meu pai pense de novas formas e reflita sobre novas ideias. Em paralelo, conto com todos os ensinamentos e experiências dos 30 anos de carreira dele.” 

 

Visão do pai:  

 

Dado Castello Branco: “É muito prazeroso ter meu filho, Guilherme, seguindo a mesma carreira que eu e vê-lo se envolvendo cada dia mais, trazendo para o escritório a sua personalidade e novas perspectivas. Vejo a presença dele e de outros jovens arquitetos e decoradores em nosso time de quase 40 pessoas, como uma renovação importante. E para mim, é realmente muito gratificante ter a continuidade de uma ideia que venho construindo há 30 anos. Tem sido incrível unir a minha experiência com o olhar de inovação dele, sempre respeitando o espaço de cada um e contribuindo em conjunto.”  

 

Família Ravioli — Chefs  

 

Franco e Lorenzo Ravioli (Foto: Divulgação)

 

Visão do filho:  

 

Lorenzo Ravioli: “Sempre tive interesse em comer e cozinhar. Seja em casa com a família ou nos restaurantes do meu pai. Participava da cozinha, do bar lavando copos, do forno e tudo que poderia ajudar (ou atrapalhar menos). Mesmo com esse interesse, meu pai sempre disse que a profissão envolvia muito trabalho e muito estresse, porém não teve jeito, sempre quis muito trabalhar com restaurante. Hoje em dia trabalho com ele. É muito bom pois temos ideias e paladar parecidos. Trabalhamos muito bem juntos e funciona bastante.”  

 

Visão do pai:  

 

Franco Ravioli: “Na verdade, Lorenzo invadiu minha cozinha de casa e das minhas pizzarias, e confesso que no primeiro momento temi. A entrega nesta profissão é muito grande e desgastante. Mas ele escolheu assim. Hoje, dividimos as funções e os momentos juntos em função da consultoria prestada ao Foglia Forneria. Não é fácil, ele é mais moderno e objetivo. Sou mais tradicional e me questiono mais que ele. Mas amo estar com ele nesta operação e comando da casa!” 

 

Por Beatriz Calais