Além do horizonte: a trajetória estrelada de Jaime Sirena e Bira Guimarães
Roberto Carlos queria erguer um edifício, eles puseram de pé uma série deles — e vêm outros por aí, com lançamento ainda em 2020
SUCESSO por Marcella Centofanti – Fotografia Fernando Moraes | Matéria publicada na edição 116 da revista Versatille
Uma música em volume suave penetra o elevador quando a porta se abre no 15° andar do edifício Horizonte JK. Quem conhece os clássicos do cantor Roberto Carlos (e algum brasileiro não conhece?) identifica a canção em poucos acordes: “Emoções”. A obra não foi escolhida à toa. O endereço abriga a sede da incorporadora que leva o mesmo nome da música e tem o rei como um dos sócios.
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A presença de Roberto Carlos no edifício localizado na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, no centro financeiro de São Paulo, é perceptível nos detalhes, ainda que ele não dê expediente ali. O azul, cor preferida do cantor, predomina da fachada envidraçada ao uniforme das recepcionistas do prédio. Fora do escritório da Emoções Incorporadora, no entanto, não há nenhuma referência ao nome nem à imagem do artista – de propósito.
Sonho Grande
O Horizonte JK foi o primeiro lançamento da empresa, em 2011. Ele nasceu a partir de um desejo do rei, que, amante de arquitetura, sonhava em construir um prédio. O país surfava na onda do boom imobiliário, quando Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos há mais de duas décadas, convenceu o cantor a dar um passo além: criar uma incorporadora. Entraram na empreitada o advogado Jaime Sirena, irmão de Dody, e, por sugestão do músico, o empresário Ubirajara Guimarães. Assim se formou a sociedade do quarteto que se conhece de longa data.
Depois do empreendimento de estreia, outros quatro foram lançados pela empresa. Três deles são comerciais: Horizonte Jardins, em Aracaju, Coletanea Office Square e Horizonte Vital Brasil, os últimos dois em São Paulo.
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O quarto, Horizonte Flamboyant, é residencial e fica em Goiânia. As fortes emoções do mercado imobiliário, causadas pela crise econômica do país nos últimos anos, forçaram uma pausa nos lançamentos entre 2015 e 2019.
A incorporadora pretende voltar com força total no segundo semestre de 2020 – eles optaram intencionalmente esperar passar agosto, mês considerado de mau agouro pelo artista. Estão previstos três lançamentos residenciais, sendo dois na capital paulista e um na sergipana. A pandemia do coronavírus não seria um empecilho para os negócios? “Todo mundo pensa que o ramo imobiliário está mal. Muito pelo contrário. Com a queda dos juros, comprar imóvel vai ser mais vantajoso do que alugar”, aposta Bira, como é chamado pelos amigos.
A Presença do Rei
Roberto Carlos não participa diretamente da administração dos negócios, mas dá pitacos em todos os projetos. O marrom, cor que ele notoriamente detesta, é proibido nos edifícios da Emoções. Para garantir que o padrão jamais seja modificado, a gestão condominial dos imóveis é homologada pela incorporadora. “Imagine se os condôminos resolvem pintar a fachada de marrom?”, pergunta Jaime.
O cantor também dá as caras no lançamento dos imóveis, atraindo mídia espontânea e potenciais clientes. Para não desapontar os presentes, dá uma palinha de duas músicas, acompanhado pelo piano. Show completo ele fez em Aracaju, no estacionamento do shopping estrategicamente localizado em frente ao empreendimento da Emoções. Vendeu horrores. “A mulher obriga o marido a comprar uma unidade”, brinca Bira.
No dia a dia, o negócio é tocado por Jaime Sirena e Bira. O primeiro juntou-se à sociedade por intermédio do irmão. Deixou as atividades relacionadas a bingos, em Porto Alegre, e mudou-se para São Paulo. Ele conta que uma das primeiras ideias era construir um condomínio de casas, com nomes de ruas batizadas com canções do rei: “Detalhes”, “Amigo”, “Lady Laura”… A dificuldade de encontrar um terreno, porém, ainda não viabilizou o projeto.
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Trajetória Vencedora
Já Bira, que no passado recomendou a Roberto Carlos contratar Dody como empresário, conhece o cantor por meio de uma paixão em comum: carros. Aos 72 anos, atua no ramo automotivo desde os 17, quando começou a trabalhar como vendedor na concessionária Souza Ramos. Com talento para os negócios, o paulista de Rio Grande da Serra ascendeu ao cargo de gerente e sócio da empresa. Não parou aí.
Bira foi ainda sócio da Mitsubishi Brasil e, com os irmãos Ayrton e Leonardo Senna, trouxe para o país a marca alemã Audi. O empresário conta que o dia da morte do piloto de Fórmula 1 foi o mais triste de sua vida. Em seu escritório, um porta-retrato exibe uma foto sua ao lado do esportista. Ambos estão de smoking, em uma festa promovida pela McLaren, na Austrália.
“Eu não tinha levado o traje adequado. Senna exigiu que, se a montadora não providenciasse um smoking para mim, ele também não iria à festa. A roupa apareceu rapidinho”, relembra Bira, orgulhoso.
Entre suas tantas empreitadas está também uma empresa que modificava automóveis, como uma limusine sobre a base de um landau. Roberto Carlos comprou o carro, que tem até hoje, segundo Bira. A amizade ganhou força a ponto de se tornarem sócios em três revendedoras de carros em São Paulo. Na escolha do nome da empresa, o artista sugeriu a palavra que também batiza os empreendimentos da incorporadora: horizonte.
De fato, enxergar além do horizonte parece uma característica dos sócios. “Eu gostaria de lançar um livro chamado ‘Todos Podem’. Porque todo mundo pode, mesmo quem vem do nada”, diz Bira.