Revenge buying: entenda o fenômeno que lota os comércios na reabertura

Depois de um período fechados devido à pandemia de Covid-19, os estabelecimentos voltam à ativa; em muitos lugares, comprar novamente tem apresentado um caráter quase vingativo

Por Sofia Tremel

 

O dia 11 de junho de 2020 marca a reabertura do comércio em São Paulo depois de quase três meses de portas fechadas devido ao isolamento de segurança imposto pela pandemia do coronavírus. Assim como aconteceu na China (em março) e na França (em maio), o público consumidor formou aglomerações e filas em portas de shoppings e de lojas da capital paulista, mesmo esta sendo uma das cidades mais afetadas pela doença no Brasil. Esse sentimento frenético e descontrolado para comprar tem nome e explicação. Você já ouviu falar em “revenge buying”?

 

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É isso mesmo que o nome indica: especialistas vêm detectando um fenômeno de “comprar por vingança” no retorno do funcionamento das lojas mundo afora. Essa tendência tem a ver com uma excessiva indulgência na hora de escolher seus produtos nos estabelecimentos recém-abertos, uma espécie de “terapia de varejo”. É como se as pessoas, por terem ficado muito tempo impedidas de ir até seus pontos de venda favoritos, quisessem curar uma ferida causada pelo isolamento social. Dar-se um mimo (ou muitos!) serve, nestes casos, tanto para suprir um desejo interrompido quanto para celebrar uma suposta volta à normalidade.

 

Na China, mencionada anteriormente, o primeiro dia da reabertura do comércio rendeu aproximadamente US$ 2,7 milhões. Na França, mesmo com orientações de higiene e distanciamento, chamaram a atenção as filas razoavelmente aglomeradas formadas em frente a lojas como a Zara da Rue de Rivoli e a Louis Vuitton da Champs-Élysées.

 

Fila na porta da Louis Vuitton da Champs-Élysées no dia da reabertura do comércio em Paris

 

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Coronavírus ainda exige atenção e cuidados no Brasil

 

Apesar da sensação de segurança dada pelas máscaras de pano (que devem cobrir boca e nariz) usadas em ambientes públicos e pela presença de frascos de álcool em gel em praticamente todo lugar, o Covid-19 ainda é motivo de atenção, cuidados e preocupação no Brasil. O país contabiliza quase 40 mil mortes confirmadas por coronavírus até 10 de junho e vem tendo uma média de mil óbitos por dia nas últimas semanas. O uso de itens de higiene diminui os riscos de contrair a doença, mas não os anula. E, embora muitos estudos estejam em andamento por todo o planeta, ainda não existe uma vacina contra o vírus. Por isso, sair de casa ainda é expor-se ao risco de se infectar.

 

Acima da necessidade de comprar deve estar o respeito às medidas de segurança e de distanciamento impostas pelos órgãos competentes. As lojas de rua podem ficar abertas das 11h às 15h. Os shoppings, por sua vez, devem escolher o horário em que receberão clientes: das 6h às 10h ou das 16h às 20%, com público limitado a 20% do máximo permitido em seu alvará de funcionamento. Manter uma distância de dois metros de outras pessoas e sempre lavar ou higienizar as mãos com álcool em gel depois de manusear produtos ou dinheiro são as principais recomendações sanitárias.

 

 

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Pandemia causa crescimento do comércio online

 

Nem todas as pessoas quiseram esperar a reabertura do comércio para suprir suas necessidades de compras. Isso motivou o crescimento de outra modalidade de vendas: o comércio online. No Brasil, a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) aponta o aumento de 40% nas compras feitas por sites e aplicativos. Ainda há, porém, um pouco de resistência de parte do público. De acordo com dados da Mintel (multinacional de pesquisas de mercado que atua no país), um em cada três brasileiros ainda tem medo de colocar seus dados em um site ou aplicativo para adquirir algum produto.

 

Ao mesmo tempo em que o desejo pela volta da liberdade reprimida pelo isolamento social aumentou a vontade de comprar em parte do público, uma outra parcela tem aproveitado esse período para refletir sobre suas reais necessidades de consumo. Especialmente entre as novas gerações e os millenials, o desejo por um consumo consciente, que já era algo crescente antes da pandemia, tende a se fortalecer. Será que comprar menos e optar por produtos sustentáveis desenvolvidos eticamente será a nova moda? Em quanto tempo o sentimento causado pelo “revenge buying” será satisfeito? Tudo dependerá, daqui para a frente, do contato restabelecido entre consumidores e mercadorias e das atitudes das marcas.

 

Foto: Unsplash

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