Após quase quatro anos de espera por conta da pandemia de covid-19 − que cancelou a edição de 2020 −, a 26ª Bienal Internacional do Livro chegou a São Paulo. O evento teve início no último sábado (2) e vai até 10 de julho, e a ansiedade do público pôde ser notada logo no primeiro dia de programação, com filas quilométricas para entrar no pavilhão do Expo Center Norte.

 

Segundo a organização, era esperada a venda de 600 mil ingressos. No entanto, até o momento, mais de 1 milhão de entradas foram vendidas pelo site oficial da feira. Durante os oito dias de exposição, o local contará com 150 expositores, obras de 300 autores nacionais e internacionais, 500 atrações, oito espaços culturais e 1.300 horas de programação cultural. Um verdadeiro sonho para quem esperou tanto tempo.

 

Mais do que os frequentadores assíduos do evento, no entanto, a Bienal espera receber um novo público em 2022: aqueles que adquiriram o gosto pela leitura durante a pandemia. Uma pesquisa feita pela Nielsen BookScan em 2021 revelou que, entre janeiro e setembro do ano passado, foram vendidos 36,1 milhões de exemplares de livros, um aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020. A previsão é que, em 2022, esse número aumente.

 

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Pesquisas apontam que a média de leitura do brasileiro ainda é de 2,5 livros por ano, mas o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL) admite que existe um movimento para que, em curto prazo, esse índice per capita dobre e chegue a cinco obras por ano. De qualquer forma, a movimentação da feira internacional parece ser um bom sinal de que as pessoas estão interessadas em programações culturais. Com tantas atrações, a única dificuldade é decidir o que fazer durante o evento.

 

Para aqueles que estão com dúvidas, a Versatille preparou um guia com alguns destaques da 26ª Bienal Internacional do Livro (além, é claro, de andar incansavelmente para conhecer todos os estandes).

 

Pavilhão Portugal

 

Portugal é o convidado de honra desta edição da Bienal, que também celebra os 200 anos da Independência brasileira. No espaço do Pavilhão Portugal, que dá destaque para o turismo no país e a figura do escritor e vencedor do Nobel de Literatura José Saramago, é possível vivenciar diversas experiências interativas. A réplica do Bondinho 28 − um símbolo de Lisboa − é uma ótima opção para fotos, mas também abriga um passeio pelas experiências turísticas de Portugal. Ao entrar no bondinho, é possível apreciar fotos e vídeos da gastronomia, da natureza, da arte e da cultura portuguesas.

 

 

Do lado de fora do bondinho também há a Exposição SketchTour Portugal Reload, um projeto que juntou 20 sketchers portugueses e estrangeiros e os desafiou a retratar experiências turísticas em Portugal através dos desenhos. O Brasil é o primeiro país a receber a exposição.

 

A participação portuguesa no evento tem como objetivo impulsionar os autores portugueses, apoiar a cooperação entre editoras portuguesas e brasileiras e promover Portugal como um destino de múltiplas experiências culturais. Para quem busca palestras com figuras públicas e autores portugueses, é possível acompanhar a agenda de palestras do espaço, que conta com nomes como o autor Valter Hugo Mãe e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Cozinhando com Palavras

 

 

Para quem gosta de gastronomia, o espaço Cozinhando com Palavras tem a proposta ideal: unir literatura e culinária. Sob a curadoria de André Boccato, o evento conta com a presença de chefs como Alex Atala, Laurent Suaudeau, Rodrigo Oliveira, Vitor Sobral, Janaína Rueda, Morena Leite, Carole Crema, entre outros. Além disso, com foco em Portugal − país convidado pela feira −, o espaço também oferece dinâmicas de degustação e homenagens à gastronomia portuguesa.

 

Espaço Infantil

 

Mais do que nunca, a Bienal se consagra como um evento para toda a família. Embora muitos estandes tenham foco nas crianças que estão visitando a feira, o Espaço Infantil se destaca pela quantidade de atividades para os pequenos: são 28 atrações educativas programadas para os oito dias de evento. Estão previstas oficinas temáticas, narração de histórias e práticas interativas com a curadoria de Elisabete da Cruz.

 

Mario Sergio Cortella, Paulo Jebaili, Larissa Ribeiro e Pedro Markun são alguns dos convidados para interagir com o público infantil e discutir temáticas como “Refugiados em busca de um novo lar” e “Democracia para crianças”. Além disso, como Portugal é o país homenageado do ano, a narrativa e a decoração do espaço infantil são apresentadas fazendo uma alusão ao período da colonização.

 

Sertão de Carne e Alma

 

No meio do pavilhão também há uma área exclusiva para ressaltar as artes do cordel, do repente e da xilogravura. Sob o nome Sertão de Carne e Alma, em homenagem ao repentista, jornalista, poeta e pesquisador Rogaciano Leite, o espaço tem um palco para que repentistas e recitadores possam se apresentar. Ao todo, mais de 100 artistas estarão reunidos ao longo dos oito dias da Bienal. Para Lucinda Marques, da Câmara Cearense do Livro (CCL), essa atração dá voz e integra a cultura nordestina a um dos maiores eventos culturais do país.

 

Ambientes interativos e instagramáveis

 

Em pleno 2022, com redes sociais como Instagram e TikTok no auge do sucesso, a Bienal do Livro parece ter percebido a construção de cenários instagramáveis como uma forma de chamar a atenção da juventude. Durante o passeio pela feira, é possível notar que quase todos os estandes investiram em espaços para fotos − a boa e velha selfie. A Editora Buzz ergueu um minipalco com microfone e globo espelhado para que os visitantes façam fotografias como popstars, enquanto a Record montou uma réplica da famosa estátua de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, para celebrar a volta do autor a seu catálogo.

 

 

Na Rocco, editora conhecida por lançar obras para o público juvenil, além dos cenários, era possível encontrar um ator vestido de Newt Scamander, o protagonista da saga Animais Fantásticos, pronto para posar para fotos com os fãs. São diversos pontos instagramáveis ao longo do evento (e não deixa de ser divertido observar quanto a cultura da geração Z impacta na estratégia de grandes acontecimentos).

 

Por Beatriz Calais