Nos anos 2000, o trio musical Tribalistas, composto de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte, conquistou o Brasil e o mundo. O álbum homônimo, lançado em 2002 pela gravadora Phonomotor Records, com distribuição nacional e internacional, vendeu mais de 3,5 milhões de cópias e foi responsável por cinco indicações para o Grammy Latino. Com toda essa gama de conquistas, pode-se dizer que o grupo se tornou um dos maiores sucessos brasileiros fora do país, sobretudo na Europa.

 

Em 2004, no entanto, a banda se separou e os participantes seguiram carreira-solo, conquistando outros públicos separadamente. Foi uma parceria teoricamente curta, mas que acabou lançando no mercado musical algo que Carlinhos Brown chama de “música contemporânea”. Mesmo após quase 20 anos das primeiras canções, o cantor acredita que elas continuam atuais.

 

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E foi exatamente por conta desse pensamento que Brown decidiu criar o projeto EletroTribalistas, em parceria com o DJ Fernando Deeplick. No EP lançado em todas as plataformas de streaming em 17 de junho, o cantor apresenta as versões eletrônicas dos grandes sucessos dos Tribalistas. “Nossas músicas são atemporais, por isso abrem espaço para que brinquemos com novas sonoridades. A ideia de trabalhar o eletrônico nas canções faz parte de uma proposta de versatilidade e modernidade. Fazer música é estudar o ouvido do seu tempo. E é essa a nossa proposta com esse lançamento”, explica o cantor.

 

Sob o selo Candyall Music, o EP EletroTribalistas investe em novas versões para as músicas Baião do Mundo, Passe em Casa, Carnavália, Velha Infância, Tribalivre e Diáspora, além da faixa inédita que dá título ao EP, de autoria de Deeplick, Brown e Marisa Monte. A escolha das músicas, segundo o DJ, foi feita em conjunto com os integrantes dos Tribalistas.

 

 

“Essa parceria começou há muito tempo. Eu já trabalhei individualmente com todos os membros dos Tribalistas e sempre achei que eletrônica era o som deles”, conta Deeplick, que já atuou com nomes como Shakira, Wanessa Camargo, Claudia Leitte e Gabriel, o Pensador. “Sempre tive vontade de fazer coisas com os Tribalistas, até que um dia decidi fazer um remix da música Velha Infância. Mostrei ao Brown e ele adorou. A partir disso, fiz outra versão da faixa Diáspora. Foi aí que nos empolgamos e decidimos fazer um EP inteiro. Mandamos para os demais integrantes e o resultado foi incrível.”

 

Para o DJ, o objetivo nunca foi transformar completamente a sonoridade das canções originais, mas sim evidenciar as percussões e deixar o trabalho mais tribal, com cara de música eletrônica brasileira. “Temos artistas brasileiros brilhantes, mas muitos se espelham na música americana. Com esse lançamento, queremos jogar o questionamento: o que é a música moderna nacional? Foi com esse cuidado que trabalhamos com os instrumentos, preservando a sonoridade típica do Brasil”, explica.

 

Para Brown, que trabalha com música eletrônica artesanal desde os anos 1980, é importante ressaltar que o lançamento não é um remix, mas sim um disco eletrônico. “Nós reposicionamos e rearranjamos alguns instrumentos. É diferente do remix. Marisa e Arnaldo me deram chancela para isso.”

 

 

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Mesmo tendo sido produzido a distância durante a pandemia de covid-19, o EP, para Carlinhos Brown, é uma celebração da amizade e parceria “tribalística”. “Todo o projeto nasce pelo amor. São adaptações químicas que já estavam escolhidas para acontecer, como o próprio encontro entre Arnaldo, Marisa e eu. Estivemos, nos últimos anos, buscando adaptações para os novos momentos dentro de um teor também novo de disciplinas. Somos muitos e, quando juntos, somos um só”, destaca.

 

Por Beatriz Calais