O que é uma cozinha de vegetais?
Após o “boom” mundial de tendências gastronômicas como a Farm to Table, alguns chefs começaram a perceber que estavam subestimando o potencial dos vegetais na cozinha

Em um passado nada distante, a dinâmica entre os ingredientes de uma casa ou restaurante era a seguinte: o grande protagonista era a proteína animal. Eram animais, em forma de carnes diversas, que definiam a qualidade de uma refeição. Acompanhamentos como arroz ou macarrão vinham logo atrás, para compor o prato com muito sabor. Para finalizar, quase como uma obrigação, estava a salada. Apenas lavada, servida no máximo com azeite, sal e pimenta, em uma tentativa de deixá-la menos insossa. Muitas vezes, era consumida apenas para que não estragasse – ou para que pudessem dizer: “Olha como meu prato está verde e saudável”. Bem longe do papel principal.
Nos anos recentes, isso tem mudado. Após o “boom” mundial de tendências gastronômicas como a Farm to Table – da fazenda para a mesa, em uma tradução direta –, alguns chefs começaram a perceber que estavam subestimando o potencial dos vegetais na cozinha. Eles definitivamente podem ser mais do que simples acompanhamentos. E é isso que diversos restaurantes ao redor do mundo têm mostrado aos comensais dispostos a experimentar.
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Em São Paulo, dois restaurantes, ambos na Vila Madalena, fazem bem esse papel: Tau e Quincho. No primeiro deles, servem pratos que encantam, como um minissanduíche de shiitake, tarê de tâmaras, couve, tucupi preto, alho confitado e gengibre. O segundo, que troca seu menu com frequência, revelou recentemente uma couve-flor empanada, com molho picante e maionese vegana.
Nas duas casas, a mesma percepção: os vegetais conseguem carregar muito bem o protagonismo quando bem trabalhados. “O potencial criativo de uma cozinha vegetal é imenso e nos leva a buscar muitas texturas e pesquisar cada dia mais para encontrar sabores que se evidenciam e que, juntos, se fortalecem”, explica o chef Fábio Battistella. “Acreditamos, principalmente, que essa cozinha mereça um percurso criativo que não vise a comparações, substituições nem releituras de receitas com proteínas de origem animal.”
Para Battistella, é esse direcionamento que vai ajudar a quebrar o estigma de que a cozinha vegetal é feita apenas para pessoas veganas ou vegetarianas – um pensamento que Mari Sciotti compartilha. “As pessoas compreendem que podem continuar comendo carne, mas que não há prejuízo nenhum em diminuir o consumo ou fazê-lo de forma mais regrada e consciente. Hoje em dia, com propostas mais criativas e complexas, aproximando o comensal dos insumos, essa culinária não é exclusiva dos vegetarianos. Todo mundo a aprecia”, conclui a chef.
Longe de ser uma tendência passageira, essa cozinha evidencia tempos de glória para os vegetais – literalmente subestimados por tantos anos.
PORTAS ABERTAS PARA OS ORGÂNICOS
Para aqueles que se inspiraram e querem começar a aproveitar melhor os vegetais no cardápio do dia a dia, seguem algumas dicas de empresas que fazem uma boa seleção e entrega de produtos orgânicos em casa:
Raízs
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Com o objetivo de incentivar a agricultura familiar e a produção artesanal brasileira, a Raízs tem contato com mais de 900 famílias produtoras. A partir de assinaturas semanais ou quinzenais, os clientes podem escolher a quantidade de orgânicos que querem receber.
Serviço: @raizsoficial
https://www.raizs.com.br/
Orgânicos in Box
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A Orgânicos in Box se define como uma plataforma digital de delivery de produtos 100% orgânicos. É possível comprar cestas prontas com uma frequência estabelecida ou selecionar os ingredientes desejados para ocasiões específicas.
Serviço: @organicosinbox
https://organicosinbox.com.br/
Do Mato Pra Casa
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Com muito respeito pela origem dos alimentos, a Do Mato Pra Casa também trabalha com cestas orgânicas por assinatura (para famílias, casais ou solteiros) e com a venda de produtos pontuais.
Serviço: @domatopracasa
https://www.domatopracasa.com.br/
Por Beatriz Calais | Matéria publicada na edição 137 da Versatille