O Mercado da Arte em 2022 e as previsões para o próximo ano
A colunista Bianca Boeckel faz uma retrospetiva sobre os momentos mais marcantes da arte no último ano e prevê os destaques de 2023
O ano de 2022 foi marcado por grandes acontecimentos no mercado da arte, alguns deles destacados aqui nesta coluna. No Brasil, o centenário da semana de 1922 foi amplamente celebrado com exposições em diversos locais, desde a Pinacoteca e o Theatro Municipal até galerias e espaços alternativos de arte. A brasilidade esteve presente e valorizada através da arte indígena, negra e de todas as raízes que fundamentam a cultura brasileira. No setor das feiras de arte locais, a novidade ficou por conta das primeiras edições da ArtSampa e da ArPa (ambas em São Paulo, sob a direção de Brenda Valansi e Camilla Barella, respectivamente). As duas feiras já têm data definida para 2023.
As casas de leilões efetuaram vendas bilionárias em 2022, através de compradores dispostos a pagar preços estratosféricos. “Vimos performances extraordinárias no primeiro semestre”, ressalta Julien Pradels, diretor-geral da Christie’s na França. A companhia, controlada pelo empresário francês François Pinault, faturou 4,1 bilhões de dólares nos primeiros seis meses de 2022, o que representa um crescimento de 17% comparado com o mesmo período de 2021. A Christie’s também vendeu a obra mais cara leiloada neste ano: um retrato de Marilyn Monroe pintado por Andy Warhol, adquirido por 195 milhões de dólares. Sua concorrente Sotheby’s vendeu mais de 3 bilhões de dólares apenas no primeiro semestre, um aumento de 12% em relação a igual período de 2021. A Bienal de Veneza (Il latte dei Sogni) também foi um ponto alto do ano, levando milhares de visitantes a seus pavilhões. Sob a direção curatorial da italiana Cecilia Alemani, essa edição foi emblemática por apresentar uma esmagadora maioria feminina, com apenas 10% de artistas homens.
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Para 2023, podemos prever a continuidade da valorização da arte brasileira, de forma local e internacionalmente. Já no comecinho do ano será inaugurada uma exposição de Tunga, na Luhring Augustine, no Tribeca (bairro de Nova York) – a sexta individual do artista promovida pela galeria. A mostra Vê-nus conta com a curadoria de Paulo Venâncio Filho e destaca os desenhos de Tunga, ainda pouco conhecidos pelo grande público. Antônio Mourão, filho do artista, enxerga essa exposição como mais uma oportunidade de difundir a obra de Tunga, logo após o recente sucesso das mostras no Itaú Cultural e Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Podemos então aguardar nomes como o de Tunga em mais museus e instituições internacionais – o que ajuda a alavancar outros artistas brasileiros e colocar nosso país ainda mais em evidência.
Por Bianca Boeckel, curadora e consultora de arte