No mercado de arte, o agito do verão europeu segue

A colunista Bianca Boeckel fala sobre um segundo semestre agitado no mercado de arte europeu

Pexels/Matheus Viana

A Europa viu seu primeiro verão pós-pandemia ferver – e não foram apenas as temperaturas que atingiram níveis recorde. A Bienal de Veneza e inúmeras mostras de arte que aconteceram em paralelo foram responsáveis pela movimentação nos últimos meses. O segundo semestre segue agitadíssimo e conta com um circuito intenso das famosas feiras de arte, das mais tradicionais às mais alternativas e independentes. A gigante Frieze se divide em Frieze London e Frieze Masters e acontece em outubro, no Regent Park, em Londres, atraindo um número enorme de colecionadores e galerias internacionais. Também na capital do Reino Unido, e na mesma época, a feira 1-54 Contemporary African Art Fair exibe apenas arte diaspórica e tem em sua lista de expositores as brasileiras Portas Vilaseca e HOA. Outras feiras menores também participam da cena londrina, como Start, PAD e The Other Art Fair.

 

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Mas a grande expectativa atual é em torno da primeira edição da conceituada Basel, em Paris, nomeada Paris+ par Basel (Paris+ by Basel). No fim de 2020, a Art Basel manifestou interesse em aproveitar as datas de outubro da Fiac (Foire Internationale d’Art Contemporain) para lançar a própria feira. O resultado foi uma oferta pública acalorada para as feiras, com a Art Basel ganhando e assumindo o investimento de 10,6 milhões de euros (12 milhões de dólares) nos próximos sete anos. A organização prometeu que o evento incluiria não apenas arte, mas também moda, música, cinema e design. A Asia Now, Paris Internationale, Bienvenue Art, Moderne Art Fair e Akaa (Also Know as Africa) completam o circuito da Paris+ Art Week. A Bienvenue Art realiza sua quinta edição no coração de Saint-Germain-des-Prés, no Hotel La Louisiane, que serviu como um refúgio íntimo e boêmio por quase 80 anos, onde escritores, poetas, músicos, cineastas e artistas escolheram passar um momento, uma noite ou uma vida inteira. Essa edição conta com 22 expositores que ocuparão os quartos do hotel com seus projetos idealizados especialmente para o local, que por si só já vale a visita. Entre as galerias, em sua maioria europeias e duas vindas de NY, a Bianca Boeckel Galeria é a única a representar o Brasil. 

 

A retomada do mercado de arte na Europa é um sinal positivo – considerando que em todo o mundo a pandemia expôs fraquezas nos sistemas políticos e culturais, que já estavam desgastados em muitos lugares. Para o curador da feira, o italiano Domenico de Chirico, “metaforicamente, este é um pop quiz que exige, num futuro breve e não apenas hoje, esforços consideráveis e vários meses, ou talvez anos, de trabalho”. Possivelmente veremos nos próximos anos um aumento ainda maior no número de feiras de arte, exposições e mostras alternativas. Afinal, a arte sempre estará presente, em todo o seu poder irrestrito e inovador. 

 

Por Bianca Boeckel, curadora e consultora de arte 

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