Falsas Obrigações

O colunista Nelson Spritzer reflete sobre a diferença entre escolhas e obrigações na vida humana

Andrea Piacquadio/Pexels

Você sabia que passa a maior parte da sua vida cumprindo obrigações e deveres e suprindo supostas necessidades? E, alguma vez, você parou para se perguntar se a maioria dessas obrigações é verdadeira? E se são, de fato, obrigações? 

 

Aqui, incluo tudo o que você conhece: buscar filho na escola, voltar para casa após o trabalho, pagar impostos, fazer exercícios, tomar remédios, sair da cama. A lista é bem longa, mas vamos direto ao ponto. Quando você nasceu, você nem notou, mas veio ao mundo com apenas três obrigações reais, que são:

 

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1. você vai ter que morrer;

2. enquanto a primeira não vigorar, você vai viver;

3. enquanto a segunda vigorar, você vai mudar e aprender enquanto muda.

 

O resto são escolhas, não obrigações. Tudo o que você presume que deve, tem que, é obrigado, na verdade não deve, não tem que nem é obrigado. Você faz o que faz porque quer fazer. Você faz o que faz porque escolhe fazer. É a sua melhor escolha naquela situação ou contexto, e ainda assim é uma escolha, e seria mais apropriado se passasse a usar palavras como quero, desejo e escolho.

 

Você não tem que voltar para casa após o trabalho ou lazer. Pode não voltar ou talvez voltar depois de um tempo. Aí você imagina o grau de confusão que vai armar para sua família e para si e se dá conta de que é melhor voltar normalmente, é a sua melhor escolha. Você prefere voltar. É uma escolha, não uma obrigação. 

 

Você não tem que buscar seu filho ou filha no colégio. Aí você resolve que não vai. Basta pensar um pouquinho para se dar conta de que a repercussão dessa atitude de rebeldia pode ter consequências desastrosas na vida da criança e na sua. Então pondera e resolve que é melhor buscar a criança na escola. É uma sábia escolha; ainda assim, não uma obrigação real. 

 

Aliás, viver a vida por escolhas é mais agradável e leve do que viver a vida por deveres e obrigações. Experimente mudar o jeito que você fala, porque a fala reflete o jeito que você pensa. O jeito que você pensa influi no jeito que você se sente, e isso tudo pode transformar sua vida para melhor ou para pior. Vá visitar seus pais no domingo porque quer, porque escolhe fazer isso, não porque tem que, por obrigação. Garanto que terá menos brigas e mais acordos. Porque está lá porque quer. E, se não quiser, não vá.

 

Faça uma lista de coisas que tem que fazer na semana, no dia e no mês. Verifique se existe alguma coisa que realmente tem que fazer ou se são coisas que você escolhe/prefere fazer. Se forem escolhas, pense, diga (e, se possível, escreva) para si mesmo que você quer fazer aquilo. Viva por escolhas e não por obrigações (falsas) e, assim, viva melhor. 

 

Por Nelson Spritzer, médico cardiologista

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