“É muito legal ver o impacto que um livro pode ter na vida de um jovem”, diz Rafaella Machado, editora-executiva da Galera Record
Formada em jornalismo e pós-graduada em design, a profissional investe em marketing para conquistar a juventude
Desde pequena, Rafaella Machado, 37 anos, é fascinada pelo objeto livro. Na verdade, o contato da editora-executiva da Galera Record com o universo literário vem de berço, já que seu avô, Alfredo Machado, fundou o Grupo Editorial Record e sempre estimulou a neta a ler.
Formada em jornalismo e pós-graduada em design, Rafaella fundiu o produto editorial com uma estratégia forte em marketing e conquistou milhares de jovens. “O limite entre o que é marketing e o que é trabalho editorial tem ficado muito tênue. O público influencia o que a gente lança, quando e por quê”, conta a editora.
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O trabalho vem gerando frutos: em 2020, a Galera Record lançava 20 livros por ano; hoje, são 60. “Quando eu era mais nova, uma professora me disse que eu não poderia viver no mundo da fantasia, mas ouso dizer que eu consegui.” Confira, na sequência, a entrevista.
Versatille: Quais são os desafios da editora para alcançar mais leitores?
Rafaella Machado: Quando a gente fala sobre conseguir novos leitores, estamos falando dos jovens (a geração que tem até 24 anos), porque a leitura é um hábito que você adquire na juventude. O selo Galera Record tem 15 anos, e foi mais ou menos nessa época que as redes sociais começaram a fazer parte do nosso cotidiano, então o leitor nos contou quais narrativas interessavam a ele. O brasileiro, em média, lê três livros por ano, o que é bem pouco comparado com outros países, mas eu tenho esperança nas novas gerações. Tivemos a humildade de entender que eles são os especialistas da geração deles. O legal de trabalhar com o jovem é que ele não acha que tem todas as respostas; na verdade, ele tem todas as perguntas. Parte do desafio é manter essa mentalidade questionadora.
V: Você cuida de vários selos atualmente. Como gerencia o conteúdo de cada um?
RM: A Galera Record atende o público jovem, a geração Z, com young adult, publicamos muita fantasia por esse selo. Na Verus, estamos segmentando como selo de romance para millennials. Estou animada porque falo com a minha própria geração. Os millennials já são metade da força de trabalho, são pessoas que estão na idade da tomada de decisões e consomem muita coisa on-line. Para nós, a ideia de príncipe encantado mudou drasticamente. Queremos pessoas reais e problemas reais. São novas histórias com pessoas PCD, personagens com corpos diferentes, romances não monogâmicos – resumidamente, narrativas que crescemos sem. A diferença entre os selos é a linha editorial, é quase como se a Verus fosse a irmã mais velha da Galera.
V: Quais são os planos para 2024?
RM: Planejamos cada vez mais lançamentos simultâneos porque, conversando com os leitores, percebemos a frustração deles. Não precisamos esperar nem 24 horas para ver um filme, as séries estreiam no mesmo dia nos streamings. Por que, então, o leitor tem que esperar seis meses? No catálogo nacional da Galera Record, teremos nossa primeira autora transgênero, a Maria Freitas. Na Verus, estou animada com o novo livro do Felipe Cabral, que está fazendo uma comédia romântica entre um millennial e um jovem da geração Z.
V: O que você espera que o leitor sinta quando pega um projeto que você realizou?
RM: Espero que ele se encontre nas páginas do livro. Na pandemia, a gente viu como os livros são importantes. Os jovens foram privados das experiências formativas da vida, não podiam sair e se apaixonar. Os livros foram como um bálsamo para essas experiências. Espero que eles se tornem leitores apaixonados e até, quem sabe, escritores. Que sejam mães e pais e incentivem seus filhos a ler também. É muito legal ver o impacto que um livro pode ter na vida de um jovem.
Por Marcella Fonseca | Matéria publicada na edição 133 da Versatille