Cannes, mon amour: oito passeios imperdíveis na “hollywood francesa”

O charmoso balneário francês vai muito além do famoso festival de cinema

La Villa Domergue (Reprodução)

Bem no coração da Côte d’Azur, não é à toa que Cannes é considerada a Hollywood da França. A casa de um dos maiores festivais de cinema do mundo é repleta de restaurantes, hotéis e pontos de interesse. Mas há muito mais na cidade do que os conhecidos Boulevard de la Croisette e Rue d’Antibes, por exemplo.  

 

Em passagem pela cidade para a cobertura do mítico Festival de Cannes, a Versatille reuniu oito passeios imperdíveis, com muita história e cultura atreladas. Confira. 

 

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Silêncio

 

A Île Saint-Honorat é cheia de mistérios, história e beleza. Sua história é interessante, pois desde o século 5, ainda sob o comando do Império Romano, a ilha é habitada por monges, muitos que fizeram voto de silêncio. Alguns dizem que até St. Patrick, o santo padroeiro da Irlanda, chegou a viver um tempo na ilha. O atual Mosteiro de Lérins foi construído em 1076 e pode ser visitado. Os monges hoje em dia cultivam uvas e fazem vinho – nada mais francês do que isso.  

 

Mosteiro de Lérins (Getty Images)

 

O passado Italiano

 

La Villa Domergue é uma galeria de arte com uma das vistas mais bonitas de Cannes. Foi construída em 1926, inspirada nas grandes mansões da Toscana, pelo artista Jean-Gabriel Domergue e sua esposa e escultora, Odette Maudrange-Domergue. Diz a lenda que o pintor e sua esposa viviam de forma tão grandiosa que os dois foram responsáveis por tornar Cannes a capital da “arte de viver”. A mansão foi transformada em museu em 1973 e hoje permite que os visitantes tenham um gostinho do lifestyle que deu a fama à cidade. Detalhe: é lá que o júri do festival de cinema se reúne para deliberar seus votos. Dica: fique de olho na programação do museu, pois sempre acontecem eventos de música ao vivo durante o verão. 

 

A primeira celebridade

 

A Île Sainte-Marguerite é uma das pequenas ilhas que ficam a poucos minutos de balsa do porto de Cannes. É principalmente conhecida por ter sido a residência – ou, melhor dizer, prisão – do famoso L’Homme au Masque de Fer (Homem da Máscara de Ferro) nos tempos de Louis XIV (1643-1715). Além do Forte Real, que hoje é um museu e espaço cultural, visitantes aproveitam a natureza dos destinos, seja nas trilhas, seja nas ou praias paradisíacas. E, para aqueles que gostam de conforto e exclusividade, o beach club e restaurante La Guérite é o lugar perfeito para passar o dia. Dica: se tiver seu equipamento de mergulho, não deixe de ir explorar as esculturas subaquáticas de Jason de Claires Taylor. 

 

île Sainte-Marguerite (Reprodução)

 

Presente mágico de Pierre Cardin

 

O Palais Bulles é certamente uma das construções mais belas e pitorescas da região. Encontra-se a apenas meia hora do centro de Cannes, de barco ou carro, em Théoule sur Mer, uma pequena cidade lindíssima e pouco explorada por turistas. A mansão foi construída por Pierre Bernard em 1984 e comprada por Pierre Cardin em 1992, que, com o arquiteto Antti Loveg, a elevou a uma loucura arquitetônica, chamando a residência de uma escultura viva residencial. Por fora, a mansão parece uma junção louca de bules e bolhas, entre piscinas e jardins. Por dentro, curvas e labirintos. A casa é cheia de corredores e esconderijos com móveis, obras de arte e objetos inusitados. Cada porta redonda (sim, porque as portas também têm um formato atípico) é uma surpresa. Por ser propriedade privada do designer, visitá-la por dentro é um privilégio – e que privilégio.  

 

Palais Bulles (Reprodução)

 

Cores por todos os lados

 

A pequena Mougins deveria ser uma parada obrigatória para qualquer pessoa que vá a Cannes. Localizada no topo de um monte, a apenas 15 minutos de carro do porto, a comuna medieval onde Pablo Picasso escolheu passar os últimos 15 anos de sua vida parece ter saído de um conto de fadas. As ruas e os edifícios estão cuidadosamente restaurados e há a presença de arte por todos os lados, seja nas instalações de Giuseppe Carta pelas ruas e pontos turísticos, seja nas dezenas de pequenas galerias. É o local perfeito para fugir da costa por algumas horas ou passar alguns dias se perdendo pelas ruelas. Ah, e notícia importante para os foodies: Mougins é considerada uma das capitais gourmet da França. Dica: vale a pena conferir o Museu de Fotografia, que tem alguns registros únicos de Picasso. 

 

Vila mougins (Getty Images)

 

Qualquer semelhança é mera coincidência

 

O que seria de uma cidade sem uma região dos artistas? Le Suquet, em Cannes, é como Montmartre, em Paris. O bairro mais antigo da cidade é o que conecta o porto com o castelo e a igreja e o faz da forma mais charmosa e divertida possível. Não se visita Le Suquet: sobe-se ele. E a subida é cheia de restaurantes lotados e lojinhas de artesanato, um literalmente grudado no outro. É apenas a algumas quadras do Palácio dos Festivais, mas dá a sensação de que é em outra cidade. Todas as noites a Rue Saint-Antonie se transforma em uma festa, e os restaurantes da região são excelentes. Prepare-se para se sentar e desfrute o passar das horas – não há pressa nesse bairro. Dica: um dos restaurantes favoritos dos insiders da indústria do entretenimento é o La Pizza Cresci, logo à beira do porto.  

 

Região de le suquet (Reprodução)

 

Marcas de outrora 

 

Na parte mais antiga de Cannes, no topo do morro, está a Église Notre-Dame d’Espérance, uma igreja gótica que tem a vista mais fascinante do porto antigo da cidade. Logo ao lado está o Musée de la Castre, um castelo medieval onde viviam os monges de Lérins. Pode-se caminhar por lá e ter a sensação de voltar ao tempo com os sinos da igreja tocando e, se der sorte, algum coral cantando. Como contraste com os tempos atuais, o letreiro de Cannes que fica iluminado à noite, similar ao de Hollywood, mas bem menor, foi instalado no local. Apesar da subida, o caminho não é muito difícil e vale ser repetido na luz do dia e à noite.  

 

A Église Notre-Dame d’Espérance e o Musée de La Castre, no topo de cannes (Getty Images)

 

Tempos modernos

 

O Centre d’Art La Malmaison, no coração da Croisette, fascina pela arte e pela arquitetura. O prédio costumava ser o Grand Hôtel, construído em 1860, que começou a ser usado para exibições de arte em 1945, até se tornar parte oficial do turismo em Cannes em 1983. O foco do centro de arte é exibir obras de artistas do século 20 e 21 que viveram e pintaram a Côted’ Azur, como Picasso, Chagall, Matisse e Miró. Como não há uma coleção permanente, esse é um museu que pode ser visitado diversas vezes. E, claro, as exposições acabam sendo mais amplas e interativas com o passar dos anos. Atualmente está em cartaz uma exibição das obras cinematográficas de Agnés Varda. 

 

Por Miriam Spritzer | Matéria publicada na edição 127 da Versatille

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