Balanço de início de ano
O colunista Nelson Spritzer faz uma retrospetiva sobre os momentos mais marcantes do último ano
Todo fim de ano é a mesma coisa. Trata-se de fazer um balanço e revisar o que faltou fazer e o que queremos para o novo ano. Pois então aqui vai o meu singelo e sincero balanço.
Neste ano que finda, aprendi mais do que ensinei, apreciei mais do que critiquei, li mais do que escrevi, ri mais do que chorei, me encantei mais do que me decepcionei, tive mais dúvidas novas do que velhas certezas, cultivei hábitos mais saudáveis, muito mais do que os que evitam doenças. Tomei menos remédios e comi melhores alimentos, me exaltei menos e cultivei mais a paz interior, criei mais soluções do que problemas, enfrentei mais situações reais (ou pareciam ser…) do que situações imaginárias, esqueci mais as coisas menos importantes e me lembrei mais do que realmente importa. Perdi um pouco, sim, mas ganhei muito mais…
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Neste ano que finda, entendi muito, mas ignorei muito mais, encontrei muitos motivos para o lamento e muitos mais para o regozijo. Eu me tornei menos crítico e mais tolerante, menos cínico e mais congruente, contemplei menos e agi mais, disse menos “sim” falsos e mais “não” verdadeiros, encontrei menos satisfação com pessoas falsas e mais satisfação em estar comigo mesmo, perdi a paciência com aduladores e aumentei minha paciência com os bichos.
Neste ano que finda, dei mais gargalhadas sinceras do que no ano passado, com certeza, ri dos meus erros com mais facilidade, me encantei com a facilidade de lidar com eles e deles sempre tirar algo de proveito. Quebrei menos e consertei mais, ajudei muitos e precisei de pouca ajuda, servi sem precisar ser servido, fui útil mais do que um estorvo, me tiveram como modelo ou mentor muito mais do que como alguém a ser evitado. Fui importante na mudança de pelo menos um ser humano, pelo menos um…
Neste ano que finda, pude constatar melhor a quantidade de mentiras em que costumamos acreditar e que nos robotizam e pude testar e comprovar como podemos ser mais mestres e donos do nosso destino. Pude desafiar falsas verdades e aprender como as verdades são meras construções de nós mesmos com tempo de validade. A verdade de nossa infância pode não ser a mesma da juventude e da maturidade igualmente. A verdade de um é diferente da de outro, mesmo em circunstâncias semelhantes, até porque as ditas verdades são mais dependentes do nosso “mundo interior”, muito mais do que o que acontece “lá fora”.
Neste ano que finda, só posso agradecer mais do que me queixar, pelo privilégio de tê-lo vivido até aqui, com as diversas oportunidades de sentir, ver, ouvir, entender, admirar, encontrar, me despedir, compartir, repartir, receber, doar e trocar. Enfim, viver. Obrigado, 2022, você cumpriu sua missão comigo. Que venha 2023, pois estou cheio de expectativas para você!
Por Nelson Spritzer, médico cardiologista