Após transformações, Hôtel Plaza Athénée se mantém como estadia tradicional e luxuosa em Paris
Hospedagem possui desde uma leva de quartos novos, até um novo chef no comando executivo
Clássicos sempre serão clássicos, e o Hôtel Plaza Athénée é definitivamente uma das propriedades mais míticas de Paris. Referência de luxo, foi inaugurado em 1913, e a partir de então tornou-se um polo de hóspedes famosos, assim como passantes, que desde 1936 sentam no Le Relais Plaza para apreciar pratos da culinária francesa, história na qual entrarei em detalhes mais adiante.
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Logo ao entrar no hotel, no lobby, uma prévia do que está por vir nas outras áreas. Arranjos de flores estonteantes, que são renovados frequentemente, um belo lustre ao centro e uma tapeçaria com detalhes vermelhos, a cor assinatura, também presente nos toldos na fachada, que não passam despercebidos na Avenue Montaigne – especialmente nos dias de sol e céu azul. Na sequência, chega-se a La Galerie, ambiente “multiúso” e charmoso, restaurado por Bruno Mainard, onde se pode apreciar café da manhã, almoços casuais e coquetéis. Caminhe pelo ambiente durante as semanas de moda parisienses e sinta-se numa passarela, pois o “Plaza”, como é carinhosamente chamado, possui uma ligação profunda com o universo da moda, o que nos leva a outra história. Em 1946, Christian Dior abriu seu ateliê no número 30 da Avenue Montaigne e se tornou vizinho e presença frequente no hotel, o que o levou a realizar, em 1947, seu desfile inaugural em suas dependências. A relação persiste até hoje em todos os detalhes, como no Dior Institut, o spa do hotel, referência em tratamentos de beleza e bem-estar.
Mas um fator muito importante quando analisamos hotéis a fundo é perceber que quem faz toda a magia acontecer são as pessoas que trabalham nele. E, nesse quesito, o Plaza Athénée tem uma equipe impecável, a começar por François Delahaye, COO da Dorchester Collection e general manager do hotel, posição que ocupa desde 1999. Em sua sala, ele nos recebeu para uma conversa, que começou com sua relação próxima com o Brasil: “Eu tenho amigos e também famílias de brasileiros que conheço, que vêm ao Plaza Athénée há gerações, que amam a França, que possuem muita história aqui. E eles têm um conhecimento incrível de Paris, sabem onde estão os pequenos produtores de queijos, as pequenas butiques de luxo. Eles apreciam andar de bicicleta e a pé. E é justamente por isso que eles continuam vindo para cá. Nós temos uma ligação enorme com o Brasil, pois brasileiros possuem apartamentos aqui na Avenue Montaigne e o escritório da Varig costumava ser aqui no hotel”, conta. Ele demonstrou também otimismo e animação em poder receber, após mais de um ano paralisado, os turistas que pouco a pouco retornam à França. E, no Plaza, a pandemia trouxe boas mudanças, que vão desde uma leva de quartos novos, no sétimo andar – no qual estive hospedada –, até um novo chef no comando executivo.
Cozinha sob nova direção
“O mais importante que mudamos foi o chef. Nós trabalhamos com Alain Ducasse por 21 anos, o que é incrível, mas era hora de mudar. Ele continua trabalhando com a The Dorchester, no também parisiense Le Meurice e no londrino The Dorchester. Para nós, foi uma grande mudança. Depois de ter o maior chef do mundo, precisávamos achar alguém novo, que não seria tão famoso nem tão grandioso quanto Ducasse. Como quisemos ser dramaticamente disruptivos, nós escolhemos Jean Imbert, que não tem nenhuma estrela. Eu o conheço há muito tempo, pelo menos 15 anos, quando ele trabalhava no restaurante de sua mãe, o l’Acajou. Eu o acompanhei crescendo e assumi o risco. É isto que os hóspedes querem: uma experiência de comida típica. E, aqui, nós temos ótimos bistrôs, mas eles não têm a decoração nem o ambiente do Plaza Athénée. E nós queremos proporcionar uma experiência diferente. No Triângulo de Ouro [circuito de luxo parisiense, no qual as principais maisons estão localizadas], existe uma abundância de restaurantes italianos, o que me leva a pensar que estamos em uma Little Italy. Decidimos, então, optar pelo caminho da culinária francesa. No Le Relais Plaza, nós servimos pratos como as nossas avós cozinhavam, clássicos. São pratos grandes e generosos.”
A beleza do salão do Le Relais Plaza, onde também é servido o café da manhã, é um complemento ao menu elaborado por Jean Imbert, que segue a linha afetiva, com receitas muito bem conhecidas dos franceses. E sim, há de se concordar com Delahaye sobre o tamanho das porções. No almoço, coloque as entradas no centro da mesa, como as terrines, uma batizada de “ma grand-mère”, uma receita da avó do chef, ou a de foie gras com geleia de vinho do Porto, acompanhada, é claro, por pães quentinhos. Entre os principais – se for sexta-feira –, o especial do dia são as moules-frites, mexilhões pequenos, com por batatas fritas sequinhas –, opções para dividir entre duas ou mais pessoas, como o peixe Bar en Croûte (nosso robalo) ou o La Voilaille à la Broche, uma versão do frango assado, acompanhada por purê. Nas sobremesas, opte pela Tarte aux Poires (torta de pera) ou pela Îlle Flotant (ovos nevados), que arrancaram suspiros dos presentes na mesa. Para terminar, o chef, simpático e jovem, veio até nós nos dar um “oi”. Pelo nível do almoço, a curiosidade sobre o próximo restaurante do Plaza a reabrir no comando do Imbert aumentou. Ainda mais por tratar-se do conceito gastronômico onde funcionou o Alain Ducasse au Plaza Athénée, que possuía três estrelas Michelin. Infelizmente, por enquanto, segue sendo um “segredo de Estado”, até a abertura, prevista para janeiro de 2022.
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A renovação das suítes
Os ares de palácio das suítes do Plaza são velhos conhecidos do público. Materiais primorosos e detalhes dourados garantem uma atmosfera extremamente luxuosa. Outro elemento que é esperado também é a vista: os apartamentos frontais possuem varandas com visão privilegiada para a Torre Eiffel. Mas, no sétimo andar, após a reforma concluída no primeiro semestre de 2021, adentra-se em um novo universo, de quartos menores, mais clean e, a meu ver, aconchegantes, inspirados na art déco. Após passarem pelas mãos dos arquitetos Bruno Moinard e Claire Bétaille, tons mais claros entraram em cena, com toques do vermelho clássico, além de móveis com linhas retas, que contribuem para um ambiente leve e com poucas informações. Os banheiros, por sua vez, ganharam revestimento de mármore cinza-branco, com ranhuras aparentes.
Como é clássico nas construções parisienses, o último andar possui teto mais baixo – no passado, esses quartos eram reservados aos funcionários. E em minha opinião, com a reforma, ele ganhou charme e ares intimistas e proporciona a experiência de ter uma pequena varanda na altura do telhado e, por fim, a visão para a torre, que reluz todas as noites. É também no sétimo andar que está a suíte 750, um dúplex com um terraço agradável, anexo ao quarto, com vista para a Sacré-Couer, onde astros do rock já se hospedaram – sem nomes revelados; mais um segredo da propriedade histórica.
Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 123 da Versatile