Alessandra Abrão, CEO da Voar Aviation, fala sobre momento positivo para a companhia e o setor
A empresa decola no sudeste com compra da Icon e retomada de voos internacionais em Congonhas
A aviação executiva brasileira dá sinais de que 2022 pode ser um ano com céu de brigadeiro para os negócios, principalmente se o ritmo de crescimento observado nos últimos meses se mostrar sustentável. Segundo dados da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), os voos em aeronaves executivas cresceram 27,3% entre janeiro e maio de 2021 na comparação com o ano anterior, retornando aos patamares observados em 2019.
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Comodidade, segurança e agilidade são apenas alguns dos fatores que impulsionaram o segmento durante a pandemia, mas a “cereja do bolo” veio após a confirmação pela Infraero, em junho, das obras para a retomada dos voos executivos internacionais no Aeroporto de Congonhas, localizado a 8 quilômetros do centro de São Paulo.
Para acompanhar as perspectivas positivas do setor, a Voar Aviation adquiriu, em janeiro de 2021, do empresário Michael Klein, ex-presidente das Casas Bahia, a Icon Aviation. A transação posiciona a companhia como a terceira maior operadora do país, com 14 aeronaves, 99 assentos e 14 hangares, ampliando a operação da Voar do Centro-Oeste para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além do Distrito Federal e da base americana em Fort Lauderdale, na Flórida.
“Ampliamos a capilaridade com presença nos principais aeroportos e expandimos a oferta de fretamentos tanto para helicópteros quanto para aeronaves de grande porte e aeromédicas”, explica Alessandra Abrão, CEO da Voar Aviation. Com o retorno das pistas de Congonhas aos voos executivos internacionais, a companhia projeta quadruplicar o número de operações para o exterior.
A aquisição abre caminho não apenas para a atuação da Voar Aviation no principal mercado de táxis-aéreos do país, mas também amplia o alcance da cultura de segurança e gestão de riscos cultivada pela companhia há mais de 35 anos. “A nossa estrutura de prevenção de acidentes é muito robusta e arraigada, com um time de pessoas realmente focado em soluções nesse quesito”, explica a executiva.
Essa estrutura compreende cerca de 200 profissionais na equipe técnica de manutenção, responsável por mais de 700 aeronaves inspecionadas anualmente, além de treinamentos regulares, ferramentas e manuais
de boas práticas desenvolvidos para as equipes envolvidas em todos os processos da empresa. “Nossos técnicos cumprem mais de 20 treinamentos por ano e temos um controle rígido de acesso em todas as nossas plataformas”, comenta a CEO.
Aviação no pós-pandemia
As dimensões continentais do território brasileiro e a demanda por viagens de turismo e negócios na saída da pandemia devem favorecer o mercado de táxis-aéreos, atualmente responsável por interligar mais de 3.500 localidades no país, contra a média de 130 localidades atendidas pela aviação comercial.
“Nós assumimos um papel que a aviação comercial deixou de fazer por causa da pandemia. Mas agora vemos uma redução significativa na demanda no transporte aeromédico e a volta das viagens executivas”, conta Alessandra. De acordo com levantamento recente da Wealth-X, o Brasil possui a segunda maior frota de aviões privados do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Para 2022, a Voar Aviation descarta novas aquisições ou a possibilidade de uma Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de valores. “Quando fazemos uma aquisição desse porte, é natural que venham ofertas do segmento, mas não miramos nenhuma empresa neste momento. Para isso, é preciso ter uma cultura organizacional e um compromisso com segurança semelhante aos nossos”, explica a CEO.
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As atividades voltadas à prevenção e segurança, no entanto, já estão planejadas. Uma série de workshops sobre boas práticas na aviação executiva para pilotos e copilotos e para a tripulação de aeronaves deve ser ofertada nos próximos meses.
Por Ana Paula Pereira | Matéria publicada na edição 123 da Versatille