A força das palavras
O colunista Nelson Spritzer fala sobre a logoterapia, que é baseada no poder das palavras encorajadoras para a vida do ser humano
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Um grupo de sapos estava passeando pela floresta quando dois deles caíram num buraco muito fundo. Todos os outros sapos ficaram em volta e, quando viram quão fundo era o buraco, disseram aos dois que desistissem de lutar. Poderiam se considerar mortos. Ambos ignoraram os comentários e tentaram saltar para fora do buraco com todas as suas forças. Os outros sapos continuaram a dizer-lhes que parassem, que aquilo era inútil, e poderiam se considerar mortos. Finalmente, um deles deu ouvidos ao que os outros diziam e parou de pular, e assim restou caído no fundo do buraco e eventualmente morreu. O outro continuou a pular com toda a força que podia. Novamente a multidão de sapos gritou para ele parar de sofrer e aceitar sua morte. Ele pulava cada vez mais forte, e finalmente conseguiu. Quando saiu do buraco, os outros disseram: “Você não nos escutou?”. O sapo então explicou que era surdo. Ele achou que eles o estavam encorajando o tempo todo.
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Essa pequena história nos ensina pelo menos duas lições: a primeira é que há poder de vida e morte na palavra, pois uma palavra encorajadora para alguém que está deprimido pode ajudar a erguê-lo e seguir adiante. Já uma destrutiva para alguém que está deprimido pode levar essa pessoa à morte. Por isso, seja muito cuidadoso com o que diz. Fale positivamente com aqueles que cruzarem seu caminho, pois nunca se sabe ao certo suas histórias pessoais, os pesos que carregam e as cicatrizes emocionais de batalhas prévias. Às vezes é difícil entender que uma frase encorajadora pode levar a tanto. Qualquer um pode dizer palavras que fazem as pessoas perderem o espírito de continuar, especialmente em tempos difíceis, sejam eles coletivos, sejam individuais. É uma verdadeira bênção quando encontramos uma pessoa que gasta seu tempo para encorajar os outros, não importando o que está acontecendo com ela.
Viktor Frankl, prisioneiro nos barracões de Auschwitz, resolveu criar alguma forma de ajudar seus companheiros. Trata-se da logoterapia, que é baseada em palavras encorajadoras sobre desejos e o futuro. Como ele, seja uma bênção para outros também.
Por Nelson Spritzer, médico cardiologista