A hora e a vez da Espanha: dicas de destinos imperdíveis em Barcelona e Madrid
Restaurantes, instituições culturais e pontos de comércio são algumas das opções à espera dos turistas nas cidades catalãs
Poucas coisas foram tão esperadas quanto poder bater asas pelo mundo após tanto tempo fechados em casa. Viajar ganhou novos sentidos, e aterrissar na Espanha para percorrer Madri e Barcelona significou (re)descobrir prazeres hedonistas, turbinados por uma nova onda de aberturas e a eterna vibração espanhola. Se por um lado Barcelona tem a reputação de animação permanente, a capital da Espanha possui um charme inigualável, uma coleção de museus poderosos, belos bulevares, parques e espaços de vanguarda. E a cidade está fervilhante.
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Nas primeiras horas da manhã, o carro percorre uma Madri “acordando”, como um lembrete de quanto a capital da Espanha é bela. A arquitetura revela a história da cidade – fundada 300 anos antes do descobrimento do Brasil e que ganhou status de capital em 1561 –, enquanto o carro serpenteia as vias e passa pela Plaza Mayor, o Parque El Retiro, o Museo Nacional del Prado, a Porta de Alcalá e, finalmente, estaciona em frente a um dos marcos da cidade – o Mandarin Oriental Ritz Madrid, alojado em um palacete da belle époque no exclusivo bairro Retiro, em pleno triângulo de ouro das artes.
Um dos três grand hôtels criados por César Ritz (os outros ficam em Paris e Londres), o antigo Ritz Madrid passou por uma fenomenal restauração e reabriu como Mandarin Oriental Ritz Madrid em 2021, trazendo o melhor da tradição hoteleira em contornos contemporâneos, o que faz dele um destino em si. O lendário hôtelier suíço César Ritz foi contratado pelo rei Alfonso XIII, em 1910, para criar um hotel digno da realeza – e hospedou cabeças coroadas, nobres e celebridades, que vão de Mata Hari a Yves Saint-Laurent, de Ava Gardner a Grace de Mônaco. Após um período de declínio, foi totalmente revitalizado com o projeto de redesign do arquiteto espanhol Rafael de La-Hoz, com interiores dos hypados designers franceses Gilles & Boissier. O resultado é um clássico contemporâneo ultrassofisticado.
Nos iluminados quartos e suítes, alguns com claraboia retrátil e todos com belas vistas, o conforto é garantido pela cama macia, onde os travesseiros trazem as iniciais do hóspede bordadas e lençóis de puro linho, que fazem par com um menu de travesseiros. O mármore dolomita branco reveste todo o banheiro, onde uma banheira perfeita e uma ducha poderosa ecoam bem-estar e beleza. Caixas de couro macio de Córdoba (que forra também as portas, cabeceiras e detalhes dos apartamentos) revelam um mundo de amenities. Já o spa, absurdamente cool, tem elevador direto e uma piscina incrível, com duchas de cromoterapia – agende uma massagem detox no Beauty Concept e prepare-se para horas de relaxamento profundo.
Universos gastronômicos
Quique Dacosta, um dos nomes mais brilhantes na constelação de chefs atuais, com seis estrelas Michelin na lapela, é o diretor gastronômico do hotel e criou ali cinco universos gastronômicos. O Deessa, que ganhou sua primeira estrela recentemente, é um mundo de experiências gustativas com etapas harmonizadas, que levam a uma viagem pelos sabores e terroirs da Espanha em versão com leitura contemporânea. Ao lado do restaurante está a sala de jantar secreta Condessa Maslov – que leva o codinome que a espiã Mata Hari usava quando se hospedava no Ritz para encontrar seu amante russo. Palm Court é o espaço principal, com sua abóbada de cristal totalmente restaurada e salões que se abrem em deliciosos espaços. Ao fundo, no Champagne Bar, as taças são degustadas com bocaditos. Pictura é o bar cool e sexy, com supercoquetéis, música ao vivo e clima de speakeasy chic. E por todo o hotel se vê arte contemporânea, honrando seus vizinhos ilustres – os museus Prado, Thyssen-Bornemisza e Reina Sofía, que podem ser avistados do restô-bar El Jardín del Ritz, um dos mais queridinhos de Madri.
Cenas de museus
Revisitar museus de alto calibre é sempre espetacular. E voltar ao Prado, um dos cinco acervos principais do mundo, e pousar os olhos em obras como El Jardín de las Delicias, de Bosch; Las Meninas, de Velázquez; ou as pinturas negras de Goya, entre tantas outras, é um prazer imenso. O Thyssen-Bornemisza, museu que aloja a segunda maior coleção de arte privada do mundo, fazendo um arco da arte dos séculos 13 ao 20, ganhou novos espaços expositivos. Com 22 novas salas, o Museu Reina Sofía exibe o melhor da arte moderna (Guernica, de Picasso, está lá, assim como os móbiles de Calder nos jardins) e contemporânea. Almoce no restaurante do museu, o Arzábal, superastral e aberto.
Comer, curtir e comprar
A sucessão de fachadas azulejadas das bodegas e lojas centenárias de Madri são uma festa para os olhos; dentro, revelam preciosidades que são puro luxo artesanal e cultural, como o La Pajarita (chocolates, caramelos e chás), Café Gijón (para uma taça ou café no terraço), Calzados Lobo (alpargatas mil) e Casa de Diego (leques e mantilhas espanhóis). Uma parada obrigatória é na Mantequerías Bravo, um empório que vende os produtos mais exclusivos da gastronomia espanhola (presuntos, queijos, embutidos) e alguns dos melhores vinhos (Pingus, Vega Sicilia) e bebidas. O segredo: é possível reservar almoço fechado com uma bela seleção de tapas e taças. A Casa Labra é o lugar para tajadas (bolinhos) de bacalhau e croquetas.
Na Bodega La Ardosa, peça taças de vermute acompanhadas de tortilla de batatas. Na La Tasquita de Enfrente, o chef Juanjo López usa os mais frescos produtos da temporada. Prove os churros e o chocolate quente da Chocolateria San Gines. Não à toa, foodies amam Madri, com 21 restaurantes estrelados pelo Michelin em sua edição 2022. Entre eles o DiverXO, do chef David Muñoz, único três-estrelas da capital, cujos pratos são definidos como nada menos do que obras de arte, e o Smoked Room, de Dani Garcia, duas-estrelas, com delicadezas feitas na brasa. Já o Clos, uma-estrela, oferece cozinha criativa e minimalista, baseada em ingredientes frescos com peixes, frutos do mar e sabores do bosque, como cogumelos, amoras e carne de caça. E por último, mas não menos importante, o Deessa, novidade da concorrida lista (leia mais acima, no bloco Universos Gastronômicos).
Sampa | Madri | Barcelona
No ar
Um voo da Iberia leva você diretamente até Madri. O conforto das poltronas, as boas opções de entretenimento e gastronomia a bordo, os corredores de check-in rápido e salas vip para a executiva (com acesso direto ao free-shop) ressoam o cuidado e gentileza da companhia aérea com seus passageiros. Ao aterrissar no Barajas Madrid (Terminal 4), olhe para cima: curvilíneos 200 mil metros de ripas de bambu laminadas e iluminadas lhe dão as boas-vindas. Projeto do arquiteto Pritzker Prize Richard Rogers, o Aeroporto Internacional de Madri está entre os mais belos do mundo e dá o tom do que está por vir. Um bom começo.
Nos trilhos
Se você ama trens, como eu, nem vai pensar duas vezes para escolher o trem rápido para a viagem entre Madri e Barcelona, operado pela empresa Renfe-Ave. Da bela estação Puerta de Atocha, em Madri, à estação Barcelona Sants são apenas duas horas e meia no maior conforto e sem aerofilas e demora. Perfeito.
Barcelona agora
Ver a capital catalã de outro ângulo? Fácil: uma hora e meia velejando no Mediterrâneo, observando o skyline da cidade desde o mar, perfeito para dias de sol e turmas de até seis a oito pessoas. Embarque no Port Olimpic, com ida até o Porto Velho.
@sailingexperiencebarcelona
Depois de andar, andar e andar pela cidade sob a ótica de Gaudí e suas obras imortais (Sagrada Família, Parque Güell, Casa Batlló e Casa Milà, ambas no Passeig de Gràcia, a mais sofisticada avenida da cidade) e pelas movimentadíssimas ramblas, com o mercado La Boquería, chega a hora esperada de um bom drinque. Com uma tacinha de vermute caseiro e tapas perfeitos na Bodega La Puntual. Numa casa antiga do Bairro Gótico, a poucos passos do Museo Picasso e do Moco, a Bodega La Punctual foi um dos lugares em que adorei comer na cidade. Para amantes “del buen tapeo y el vermú casero”. @grupovarela_bodegalapuntual. Depois, workshop de culinária mediterrânea e jantar no BCN Kitchen El Born, um prato cheio para quem gosta de comer e aprender receitas locais. Diversão garantida. bcnkitchen.com
Uma novidade: o Moco Museum, espaço dedicado à arte moderna e contemporânea avant-garde. Exibe obras de Banksy, KAWS, Haring, Yayoi Kusama, David LaChapelle, Takashi Murakami, Basquiat, Warhol e artistas emergentes num palácio medieval reformado no centro de Barcelona. Sucesso instantâneo, para entrar em sua rota.
No Passeig de Gràcia, epicentro do lifestyle da cidade, uma rampa contemporânea leva você a outro mundo – “benvingut ao Mandarin Oriental Barcelona. O hotel revela em cada detalhe o style contemporâneo e o requinte asiático que permeiam a marca. O design minimalista de Patricia Urquiola vai dos móveis ao décor. As suítes e os apartamentos confortáveis e ultrachiques – pense em banheiras e duchas poderosas e walk-in closets – têm varanda para o jardim secreto do hotel.
No topo, terraço com piscina e vistas que se esparramam pela cidade convidam a drinques, que também podem ser apreciados no Banker’s Bar, no térreo, que, com seus cofres e clima insider, fazem jus ao passado do edifício principal do hotel que pertenceu ao banco. Depois, a dúvida cruel: jantar no Blanc, que parece um cenário de filme, com seu teto alto e moucharabieh branco vazando a luz de fora para dentro e revelando um cenário espetacular que serve desde o café da manhã ao jantar? Ou desfrutar o Moments, que detém duas estrelas, com seu take moderno da gastronomia catalã em pratos assinados pelos aclamados Raül Balam e Carme Ruscalleda? Na dúvida, reserve os dois.
Para detonar as calorias, vista o robe incrível do hotel e rume para o spa para tratamentos e a piscina coberta que, assim como o MO_Madri, também é um templo de wellness na cidade catalã. Se quiser fazer as experiências mais insider da cidade, fale com o concièrge do hotel.
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Numa cidade como a vibrante Barcelona, o mood da hospedagem dá o tom. E, ao entrar no Mo_Barcelona, você sabe, de cara, que a viagem vai ser tudo de bom.
Por Juliana Saad | Matéria publicada na edição 124 da Versatille