Coletivo da alta costura doa máscaras para prestadores de serviços essenciais

O Tissuni, grupo de costureiras de grifes francesas, animou-se com a contribuição aos trabalhadores na pandemia e agora é também uma marca sustentável

Por Maria Alice Prado

 

Quando a produção de milhões de máscaras de proteção facial por dia virou rotina no cenário pandêmico mundial, grandes grifes decidiram estilizar os produtos e comercializá-los em suas vitrines. Os valores para usar os modelos das marcas no dia a dia, muitas vezes, passam de US$100 por peça.

 

Os preços e uma experiência pessoal foram a alavanca para a modista Marie Beatrice Boyer, da Chanel, fundar o Tissuni. O coletivo, formado por costureiras da alta costura de Paris, já confeccionou mais de 3 mil máscaras gratuitamente para prestadores de serviços essenciais desde o início do lockdown na Europa

 

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União de grifes antes da Semana de Moda de Paris

Além de estar ciente dos valores nas etiquetas das máscaras de grife, Marie Beatrice soube por uma amiga parteira que mesmo as peças hospitalares poderiam representar um custo muito alto para os hospitais. Um deles, em Grenoble (cidade dos alpes franceses), estava fornecendo máscaras insuficientes à equipe para preservar suas máscaras cirúrgicas. Alarmada, a costureira convocou suas colegas da Chanel, e elas começaram a criar protótipos de uma peça para doar para os hospitais. 

 

Com o modelo pronto, as mãos de profissionais também da Dior, Saint Laurent, Schiaparelli e do ateliê de Jean-Paul Gaultier ajudaram na produção das máscaras com pedaços de tecidos das grifes. Quando a produção entrou em um ritmo administrável, todos puderam se dedicar também à confecção das peças exclusivas (e mais caras do mundo) da Semana de Moda de Paris.

 

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As máscaras feitas pelo coletivo são doadas para funcionários de hospitais, para a polícia, bombeiros, caixas de lojas e taxistas. A alta demanda, de mais de 200 pedidos por dia, fez com que o grupo atingisse mais de 100 voluntários de confecção. Quando acabam os estoques de tecidos, são usadas cortinas velhas, fronhas de travesseiros e roupas.

 

 

Além das máscaras, um vestidinho “verde”

A iniciativa ganhou tanto volume que as costureiras levaram a ação a um outro nível: transformaram a Tissuni em uma marca sustentável.

 

“Porque, se uma simples máscara de pano pode salvar vidas, talvez um vestido, uma jaqueta ou uma blusa possam ajudar a salvar nosso planeta”, esclarece a marca no Instagram. 

 

Assim nasceu o Little Green Dress, ou “vestidinho verde” – apesar da cor branca. A peça é totalmente sustentável, daí o nome – “verde” não é a cor, mas a associação ao respeito pelos recursos naturais na sua produção. O vestido é biodegradável, feito à mão com tecidos 100% orgânicos e a geração de lixo no final da confecção é mínima.

 

 

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Fotos: Divulgação Tissuni

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