Use o silêncio como uma poderosa ferramenta de autoconhecimento
Aprenda a diminuir os estímulos externos e usar os momentos de silêncio para encontrar soluções para seus problemas.
Uma das consequências da quarentena foi a diminuição dos ruídos externos vindos da rua como buzinas de carro, trânsito, crianças nas escolas, música alta em bares. Enquanto algumas pessoas apreciam essa nova paisagem sonora, outras tantas têm dificuldade de lidar com o silêncio.
O que talvez nem todo mundo saiba é que o simples silêncio é uma ferramenta importante de autoconhecimento e pode ser a ajuda que você precisava para resolver os problemas da vida.
Conversamos com Andréa Bomfim Perdigão, especialista em eutonia, voz por trás do aplicativo de meditação guiada Calm e autora do livro “Sobre o Silêncio” (Editora Pulso) para entender mais como o silêncio pode melhorar a vida
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“O silêncio é essencial em qualquer época da vida. Em qualquer situação que a gente viva, é um instante e um estado em que sobra só a gente” explica Andréa. “Vivemos em um mundo de hiperestímulos, com muito ruído de todas as formas, não só sonoros. Então, no momento em que você consegue se silenciar, se fechar um pouquinho, ao se proteger um pouco de todos esses estímulos, e ficar um pouco quieto, na verdade, você está aprendendo a ficar com você mesmo”.
Mas não pense que aqueles minutos em que você fica de boca fechada enquanto assistie à TV valem como silêncio. “Silêncio não é só parar de falar. É também parar de escutar, de ver, é não assistir uma série, é ficar um pouco quieto consigo mesmo”, esclarece.
Parece difícil? Para algumas pessoas, é mesmo: “Eu acho que as pessoas têm medo porque o silêncio deixa tudo às claras. Se você está consigo, pode revelar tudo. O silêncio vai revelar a solidão, o sentimento que você tem em relação à solidão, vai revelar o que estiver dentro do coração se for saudade, luto, tristeza”, afirma.
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Andréa, que defende a prática da quietude como uma ferramenta potente para o autoconhecimento, ainda aponta que os momentos de silêncio e de contato com o nosso som interior podem ser essenciais para encontrar soluções e respostas para as questões que nos afligem todos os dias.
Para ela, o silêncio é como uma arte, tão importante quanto a criatividade, porque é durante esse tempo que encaixamos todas as informações que recebemos e guardamos nas nossas “gavetas internas”, criando o nosso próprio conhecimento.
A escritora conta que ficar um pouco longe de notícias e evitar ser bombardeado por informações pode contribuir muito para que possamos entender o momento que vivemos de uma maneira coletiva.
A autora de “Sobre o Silêncio” conta que certa vez entrevistou a atriz Fernanda Montenegro, e as duas chegaram a conclusão de que nossa mente é extremamente ruidosa, e que é impossível existir silêncio absoluto onde estamos.
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Andréa Perdigão aconselha que os momentos de silêncio sejam inseridos nas tarefas ordinárias do nosso dia a dia, como quando lavamos a louça, regamos as plantas ou cozinhamos. “Esteja presente no que você está fazendo, principalmente no seu corpo, nas sensações. É um jeito muito legal de baixar esse volume pensante e excessivo”.
Escolha então momentos do dia em que você pode fazer atividades em silêncio e lembre-se de valorizar isso ao longo do dia. “Para ter silêncio, a gente precisa escolher o silêncio. É como eu faço quando ensino as pessoas a meditar. Eu falo: não espere o melhor horário, não precisa achar um espaço ideal, porque a vida vai sempre ocupar todos os espaços, portanto você tem de criar esse espaço” explica.
Andréa finaliza dizendo que o espaço do silêncio abre portas para nós mesmos. “É um ato de amor de nós para nós mesmos, é um ato de cuidado, de gentileza, de escuta, de confiança na nossa existência. Então, eu encorajo todo mundo a mergulhar, criar e praticar esse lugar”.
Por Sofia Tremel
Fotos: Reprodução Instagram