4 marcas de beleza que investem no movimento do “skinmalism”

Na contramão da longa rotina de skincare, o skinmalism tem se consolidado no mercado por oferecer praticidade e eficiência

Foto: Divulgação

O minimalismo parte do princípio de reduzir ao mínimo o emprego de elementos ou recursos e, apesar de ser associado muitas vezes à estética, ele é mais bem definido como um estilo de vida. O hábito de optar por menos chegou ao universo da beleza não só por meio do estilo mais “clean” de maquiagem, mas pela simplificação de uma rotina de cuidados com a pele que antes parecia impraticável, no geral. O movimento do “skinmalism” começou em junho de 2019, na Coreia do Sul – justamente o local que popularizou pelo mundo a ideia de seguir, diariamente, dez passos de skincare. Na contramão das “regras”, surgiu o “skip care”, que pressupunha pular as etapas demoradas a fim de priorizar produtos multifuncionais.  

 

Os princípios do skinmalism surgiram antes da pandemia, mas foi o período de crise na saúde que impulsionou questionamentos sobre hábitos de consumo e o foco maior na percepção do indivíduo sobre si, aspectos que foram fundamentais para consolidar a tendência. “Foi uma consequência de ver que os dez passos não faziam muito sentido. Eles acabavam agredindo bastante a pele à medida que eram aplicados, porque era um monte de produtos superabrasivos”, diz o make-up artist Pablo Felix.  

 

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Já o dermatologista Rafael Pessanha explica: “Os cosméticos, quando bem escolhidos, trazem uma resposta de quase 90% que o órgão precisa. Se a gente começa a seguir mais de sete, oito passos, acaba por não absorver todos os produtos, e não acredito que existem tantos efeitos benéficos.”  

 

Para uma rotina minimalista e eficiente de skincare, diz o médico, não são necessárias mais de quatro etapas: higienização, hidratação, proteção solar e tratamento. “Neste quarto passo, indico um creme ou sérum para manhã e noite e dou prioridade para cremes multifatoriais, que apresentam ativos clareadores, tensores, anti-aging ou com ácido. A partir da nanotecnologia, é possível deixar um produto com várias funções”, afirma. 

 

Além dos produtos de skincare multifuncionais, artigos de maquiagem que podem ser usados de diversas maneiras chamam a atenção dos adeptos do skinmalism. Veja, a seguir, quatro marcas brasileiras de beleza e cuidados com a pele que se destacam no mercado pela proposta minimal e eficiente. 

 

Sua PL 

 

A Sua PL foi criada há pouco mais de um ano, com o skinmalism como fundamento, uma vez que solucionou a experiência de skincare da própria fundadora, Luiza Lessa. “A marca surgiu de uma necessidade minha de tentar reduzir um pouco toda essa rotina gigantesca de cuidados com a pele. Muitas vezes me pegava não entendendo para que servia algum passo, que ativos haviam dentro de cada produto e o que eu precisava usar na parte da manhã e da noite”, conta. 

 

Luiza Lessa, fundadora da Sua PL (Divulgação)

 

A marca também se baseia em cosméticos multifuncionais eficazes, veganos, sem parabenos e hipoalergênicos, destinados à mulher “real e moderna”, que muitas vezes têm de se desdobrar para dar conta das responsabilidades diárias, sejam profissionais, relacionadas à casa ou até acadêmicas. “Trata-se de uma mulher que estuda, trabalha, tem filhos e, consequentemente, uma rotina corrida. Somos uma marca feita por mulheres que se conecta com as necessidades das consumidoras”, diz Luiza. 

 

Atualmente, a marca tem três produtos: o cleansing oil e o sérum multivitamínico e o antiacne. O primeiro, segundo a fundadora, constitui um blend de óleos vegetais como o de orquídea, amêndoas, girassol, entre outros, e substitui produtos de limpeza da pele. Já o sérum multivitamínico apresenta vitaminas de A a F, além de esqualano, ácido hialurônico e niacinamida e pode ser misturado à base ou ao blush líquido. Por fim, o sérum antiacne, de aplicação noturna, tem uma combinação diferenciada de ácidos potentes (lático, salicílico e glicólico, por exemplo) com ativos calmantes que incluem extratos de Aloe vera, lavanda e camomila. No futuro, como adianta a fundadora, a marca pretende lançar um creme para olhos e um tônico.  

 

Baims 

 

A Baims foi lançada no Brasil, em 2016, por Luisa Baims, brasileira residente na Alemanha. A marca surgiu com o intuito de trazer ao mercado nacional produtos de maquiagem veganos e cruelty-free, que já eram bastante comuns na Europa no período. Atualmente, é também comercializada na Alemanha, bem como em outros 13 países europeus e nos Estados Unidos. “O propósito é levar consciência a partir dos cosméticos. A gente acredita que o futuro da beleza deve se basear no autocuidado, no amor pela vida e pelo meio ambiente”, diz Mariana Maduro, gerente de branding da marca. 

 

Mariana Maduro, gerente de branding da Baims (Divulgação)

 

A responsabilidade ambiental da empresa é o que conecta suas raízes ao skinmalism. Materialmente, essa conexão ocorre por meio de uma linha de produtos concisa, versátil e multifuncional. “Nós valorizamos a ideia de que a rotina de beleza pode ser simples e entregar os benefícios desejados, sem que a bancada precise estar lotada de cosméticos ou que as pessoas precisem comprar um lançamento só por conta de um novo detalhe”, explica.  

 

Alguns produtos se detacam, como o BB Cream, que tem uma fórmula rica em argan, babaçu, buriti, açaí, além de óleos essenciais, e pode ser usado não só como base mas também na forma de um creme hidratante, nutritivo e antioxidante. O  Minimalist Cheeks + Lips + Eyes, por sua vez, já evidencia pelo nome suas multifunções: batom, blush, sombra, iluminador e até contorno. Entre seus elementos de cuidado com a pele estão vitamina E, óleo de pracaxi e óleo de coco. “Eles economizam tempo e espaço e proporcionam diversos looks com os mesmos produtos”, diz Mariana. Com 75% do portfólio disponível também em refis, a marca mostra que o reúso das embalagens é considerado.  

 

Gala di Gaea 

 

A Gala di Gaea (“A Festa da Mãe Natureza”) é uma veterana nesse mercado que desponta. Foi criada em 2014 por Anca Gravis, que nasceu na Romênia e possui nacionalidade americana. O pontapé para criar a marca ocorreu após ela e seu marido terem se frustrado com os resultados de produtos que utilizavam e não acharem opções. “Decidi fazer algo de que precisávamos, mas não encontrávamos em marca nenhuma. Em primeiro lugar, produtos não tóxicos, depois, holísticos, baseados em ingredientes naturais, que respeitam e reforçam a microbiota da pele, eficientes e que ajudam a pele a se regenerar, se manter saudável e com o melhor aspecto possível”, explica Anca. 

 

Anca Gravis, fundadora da Gala di Gaea (Divulgação)

 

No começo, ela produziu de forma artesanal um sérum para uso próprio que rapidamente atraiu amigos e familiares. A fim de atender aos pedidos, fez uma parceria com uma farmácia de manipulação e passou a comercializar o sérum, batizado de “Nomadia”. As vendas se multiplicaram de forma natural, e logo o cosmético caiu no gosto do público. Hoje são três produtos: Botanical Water Elixir, Botanical Sérum Elixir e Revitalizing Body Oil. “Todos os ingredientes são bioativos, a formulação é harmoniosamente complexa, com ação multicorretiva. Há a perfeita sinergia que estimula os sentidos e a capacidade de autocura do corpo”, explica a fundadora.  

 

O posicionamento adotado pela Gala di Gaea é o de um minimalismo maximalista, que tem tudo a ver com a essência do skinmalism. Do lado minimalista, a ideia é incentivar o uso da menor quantidade possível de produtos para ter uma rotina simples. Já a parte maximalista refere-se à ação abrangente dos cosméticos para atingir os melhores resultados possíveis. “A maior parte do nosso orçamento é destinada à compra de ingredientes naturais, da mais alta qualidade, que são encontrados ao redor do mundo e na biodiversidade brasileira. O novo luxo é a busca apaixonada por qualidade extraordinária”, conclui.  

 

Pira

 

A Pira teve início em uma viagem de suas fundadoras, Maria Montoro e Camila Pereira, à Chapada dos Veadeiros, em Goiás, em de 2017. Foi no destino que conheceram o óleo extraído do buriti (planta do tipo palmeira aquática). “A gente se apaixonou por ele. Aplicamos quando estávamos na cachoeira, para se hidratar, bronzear, tudo. Quando voltamos para São Paulo, todo mundo dizia que nossa pele estava linda”, conta Maria. A cofundadora atuava na área de marketing anteriormente, mas, em 2019, se sentiu desconectada do ramo e decidiu contatar Camila para que tirassem do papel a ideia de abrir uma marca de biocosméticos. Foi então, em maio de 2020, que a Pira surgiu oficialmente. 

 

Maria Montoro, fundadora da Pira (Divulgação)

 

Os primeiros produtos lançados foram o óleo de buriti e um sérum facial composto de um blend de óleos e ácido hialurônico. O primeiro, destinado ao corpo, além de garantir hidratação, funciona como um bronzeador, pois ativa a melanina e apresenta propriamente uma cor alaranjada. Já o segundo, com óleo de rosa-mosqueta, óleo de jojoba e de semente de uva, concentra os ingredientes necessários para uma pele hidratada, sem manchas e com brilho marcante. No catálogo, há ainda a versão do óleo de buriti “super glow”, um balm hidratante colorido (que pode ser usado como batom e blush) e cápsulas bronzeadoras. 

 

A Pira tem como um de seus diferenciais a identidade visual, com uma estética divertida, vintage e tropical. “Todos os nossos produtos são naturais e veganos, mas a gente não precisa falar disso o tempo todo ou ter no nosso logo, na nossa comunicação, uma plantinha verde, elementos que são mais quadrados”, diz. A ideia descontraída e cool transcende ao lifestyle minimalista de alguém que não quer ou, de fato, não tem tempo de se esforçar para ficar bonita ou bonito. “Em um minuto você tem a sua pele saudável, fresh, o que vai durar o dia inteiro. Acho que é o que todo mundo busca hoje em dia”, conclui Maria. 

 

Por Laís Campos | Matéria publicada na edição 130 da Versatille