4 tendências de beleza da década de 1980 que estão de volta

Com inspirações como Madonna, David Bowie, Whitney Houston e Cyndi Lauper, é a hora e a vez da década de 80 fazer seu retorno triunfal

Acompanhamos de perto quando, nos primórdios de 2020, a beleza dos anos 1990 e 2000 invadiu as passarelas, editoriais de revista, tutoriais de maquiagem (alô, TikTok!) e fizeram seu comeback com estilo. Tons pastel, brilhos difusos, sobrancelhas menos marcadas, lábios delineados, batom marrom e muito lip gloss, além de penteados etéreos, trancinhas delicadas e presilhas de borboleta em cabelos alisados fizeram a cabeça, literalmente, das jovens influenciadoras e influenciáveis nos últimos anos.  

 

O movimento ganhou força a partir de rostos conhecidos da geração Z, agora responsável por ditar tendências e hábitos de consumo no mundo da moda e da beleza. “Como toda geração, o comportamento da geração Z é moldado pela forma como foram criados. Os jovens de hoje tornaram-se adultos à sombra da crise climática, da pandemia e do medo do colapso econômico”, explica o relatório de 2023 da McKinsey & Company, uma das maiores companhias de consultoria de gestão do mundo, sobre a geração Z. Hailey Bieber, Zendaya, Bella Hadid, Selena Gomez, Kylie Jenner, Taylor Swift e Dua Lipa, para citar algumas, e cada uma à sua maneira, dominam o imaginário de milhões de mulheres e meninas quando o assunto é desfilar o que há de mais cool e atual no mainstream. 

 

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Euforia à parte, à medida que as novas gerações se tornam mais barulhentas em seu estilo e autoexpressão, é hora de voltar alguns anos no relógio do tempo e mergulhar no groove oitentista, adormecido na memória afetiva. Ah, os anos 1980, a década da ousadia, da criatividade em alta e da rebeldia nada discreta de popstars que surgiram em resposta à cena paz & amor da década anterior. “A Geração Z adora roupas expressivas, quer se destacar em vez de se encaixar e tem um estilo em constante mudança – o que estava na moda há um mês pode já ter saído hoje”, pontua o relatório. 

 

Em busca de identificar padrões na cultura como um todo, o americano Patrick Metzger desenvolveu uma teoria que chama de ‘Pêndulo da Nostalgia’, e basicamente explica que a cultura pop vive ciclos de 20 a 30 anos. Ele analisou mais de 500 produções culturais e descobriu que o tempo médio que um sucesso levava para ser refeito era de pouco menos de 23 anos, ou “o tempo necessário para que pessoas que consumiam cultura quando eram jovens se tornassem criadores de cultura na idade adulta”. De acordo com sua teoria, seja na beleza, música, arte ou até na arquitetura, o retorno do estilo 80s é iminente.  

 

Vanessa Friedman, diretora e crítica do The New York Times, descreveu sua experiência em recentes semanas de moda como entrar em um túnel ao passado. “Num momento estávamos no ano atual; no seguinte estávamos em 1981 (ou 1985, ou 1988). Acredito que era esperado, dada a atual conjunção de eventos políticos e culturais que parecem direcionar as ideias de um designer para a década mais próspera, em que negócios e pessoas cresciam e ganhavam dinheiro mais rápido.” 

 

Madonna nos anos 1980 (Reprodução Instagram)

 

Na cultura pop, quem reinava eram nomes como Madonna, Michael Jackson, Grace Jones, David Bowie, Whitney Houston, Cyndi Lauper, Prince, Cher, Tina Turner, Jane Fonda, Farrah Fawcett… No Brasil, como não pensar nos estilos irreverentes de Xuxa e suas Paquitas, de Rita Lee e Elza Soares? Cores vibrantes, sobrancelhas selvagens, sombras dramáticas em technicolor, cabelos volumosos e nas alturas. Rubor sem fim, acabamentos metálicos e delineados pesados. Se você prestou atenção até aqui, entregamos algumas tendências-chave para se apropriar da estética oitentista com o toque de modernidade que o momento pede. 

 

OLHO TUDO, BOCA TAMBÉM 

 

Sobrancelhas naturais, olhos technicolor e boca vermelha no look criado pela maquiadora Janice Daoud (Reprodução Instagram)

 

O exagero é a pedida desta tendência. Esqueça batons nude ou uma sombrinha leve com delineado gatinho, a regra aqui é mais, muito, extra. Sobrancelhas mais naturais e volumosas as chamadas “fluffy” são acompanhadas de olhos marcados por sombras em cores vivas, únicas ou misturadas. O delineador é forte e deixa sua marca, seja com um apelo gráfico ou borrado e presente como no início do grunge.  

 

Para completar, pensou em um gloss labial sem cor? Nada disso, volte duas casas e se jogue sem medo nas cores para os lábios também. Nos anos 1980, a cor de batom que não saía da boca da galera era o pink, sempre vivo.  

 

METALIZADO-TENDÊNCIA 

 

O metalizado prateado da marca da maquiadora Danessa Myricks. (Reprodução Instagram)

 

Cave fundo na memória e pense nos mais icônicos looks de festa que você já viu. Grace Jones em suas noitadas no Studio 54 talvez venham à tona. Os acabamentos metálicos foram *O* momento nos anos 80, seja nos lábios ou nos olhos. Com alto poder de pigmentação, aqui o truque é não ter medo de ousar. Caso você opte pela linha mais discreta, invista em uma boa paleta metálica e comece a brincadeira pelas pálpebras. 

 

Mario Dedivanovic, maquiador das estrelas, lançou recentemente uma paleta de sombras só com tons metálicos em sua incensada marca. O mesmo para Danessa Myricks e Victoria Beckham marcas jovens que estão apostando em looks metalizados e têm, entre seus produtos mais vendidos, sombras coloridas e com acabamento metálico. Em seus tutoriais de maquiagem que viralizam pela web, ensinam o caminho das pedras para o metálico perfeito. 

 

AO INFINITO E ALÉM 

 

Exemplo do “draping”, técnica que abusa do blush para contornar todo o rosto, por Nikki Make-uP (Reprodução Instagram)

 

Quanto mais para cima, melhor! A máxima é válida para uma infinidade de truques de beleza oitentinha: cabelos quem não lembra dos permanentes altos e cheios de volume? , blushes e outros produtos de pele, como corretivo e contorno, aqui aplicados com ângulo, sempre trazendo o visual para o alto e avante. 

 

Uma das técnicas mais marcantes da época era o “draping”, que consiste em contornar o rosto com blush. Para a técnica, o blush é aplicado não só nas bochechas, mas esfumado por toda parte. Isso resulta em maçãs do rosto mais altas e nítidas, e tons como rosa brilhante e vermelho intenso são os melhores para isso. 

 

TUDO AZUL 

 

Maquiagem azul característica dos anos 1980 feita pelo artista Patrick Ta (Reprodução Instagram)

 

Das muitas tendências de maquiagem colorida, a sombra azul definitivamente reinou suprema como uma das mais emblemáticas dos anos 80. Na releitura atual, a cor do ano de 2025, de acordo com a WGSN, plataforma global especializada em previsões de tendências, é Future Dusk, “um tom escuro, temperamental e intrigante, situado entre o azul e o roxo, que traz uma sensação de mistério e escapismo”, detalha o hub. “Conforme consumidores continuam a sentir ansiedade numa era de policrise, as cores que trazem uma sensação de segurança serão fundamentais em 2025, e esperamos ver os tons escuros cativantes ganharem força. Future Dusk é, simultaneamente, familiar e futurista.” 

 

Pat McGrath, maquiadora das mais icônicas dos nossos tempos, saiu na frente e já lançou sua versão da sombra azul ideal: “Um azul sedutor que reluz com um brilho cósmico. É uma masterclass em arte de alto impacto”, descreve ela. O movimento foi seguido por uma infinidade de marcas, como a Haus Labs, de Lady Gaga, que capricha nos pigmentos para entregar uma cor vibrante, como pede a tendência. 

 

Por Barbara Tavares | Matéria publicada na edição 132 da Versatille