Sandra Foz e Sandi Adamiu falam sobre o amor por Paraty
Mãe e filho contam sua história de vida e o processo de criação dos negócios na charmosa cidade, como a Villa Bom Jardim e a Pousada do Sandi
Quando questionei, separadamente, o que Paraty representa para a arquiteta e decoradora Sandra Foz e seu filho, o produtor cinematográfico Sandi Adamiu, ambos deram a mesma resposta: a vida. Mas para que você, leitor, entenda do que estou falando, voltarei um pouco no tempo.
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“Vim para Paraty pela primeira vez aos 19 anos e hoje tenho 70. Eu me lembro de um barquinho amarelinho, pequenininho, que meu pai, Joviro Foz, pegou no cais. O sítio que ele estava interessado era longe, só barro, lama e banana”, inicia Sandra Foz. Ela é o fio condutor de uma história viva, que permanece sendo escrita junto a Sandi Adamiu e suas propriedades, a Villa Bom Jardim – comprada por Joviro Foz, pai de Sandra – e a Pousada do Sandi, adquirida por Alexandre Adamiu, seu marido e pai de Sandi, nos anos 1980.
A relação do núcleo familiar com a cidade histórica daria um roteiro de cinema dos bons – o que, no caso, faz muito sentido, pois a Paris Filmes foi fundada pelo avô paterno de Adamiu, o romeno Sandi Adamiu, e segue até hoje na família.
Nas últimas cinco décadas, Sandra foi montando e decorando, junto a seu pai e posteriormente seu marido, e atualmente com o filho, a Villa Bom Jardim, o refúgio particular da família, que em 2020 foi aberto ao público para locação, junto ao Loft Bom Jardim, uma antiga casa de barcos reformada localizada na mesma propriedade: “É o destino certo para quem quer refúgio e privacidade.
Como a gente já tem a expertise de receber bem, criamos uma oportunidade acima da pousada, que são as duas casas. A gente as aluga juntas ou separadas. Como temos muito amor pelo local, não queremos que vire um comércio, e por isso selecionamos de um a dois clientes por mês. Alugamos junto com o staff da casa, que cuida de tudo nos mínimos detalhes”, explica Sandi.
A pandemia aumentou a procura por lugares remotos e também pelo turismo dentro do país. Adamiu e Sandra apostaram no timing certo ao decidir reformar e redecorar as três propriedades durante a pandemia: “Eu arregacei as minhas mangas e falei: ‘Vamos fazer’, pois nós acreditamos”, lembra Sandra, e conta suas influências para executar as reformas do último ano: “Para mim, a inspiração está em todos os lugares, bem na minha frente: são as árvores verdes, o céu turquesa, as tartarugas e os peixes, os barquinhos coloridos e os coqueiros. A minha inspiração é Paraty, então eu trouxe a cidade para dentro da minha casa e misturei toda a parte folclórica. Fiz uma casa colonial brasileira com toques contemporâneos. Quase tudo eu comprei na cidade, em antiquários náuticos e artesãos”.
A Pousada do Sandi
Não há quem ande pelas ruas de pedras de Paraty e não note a pousada, localizada em uma esquina com alto fluxo de passantes. Um casarão branco e vistoso, com janelas amarelas e portas azuis amplas, que são como um convite à entrada. Todos os quartos foram decorados com muita personalidade e possuem elementos únicos. Trata-se de uma mistura de peças que só um olhar apurado consegue unir, o que também se estende às áreas comuns.
No jardim interno da propriedade, o simpático restaurante Pippo, que leva o nome do chef italiano no comando da casa, traz um menu com raízes fincadas na Sicília, com foco nos peixes e frutos do mar. O ambiente, inspirado nos anos 1960 e nos filmes italianos da época, complementa muito bem o estabelecimento.
E se a palavra da vez da família Foz-Adamiu é renovar, na pousada trintenária de Paraty não poderia ser diferente. No fim de 2020, Adamiu transformou dois quartos do hotel em um laboratório de drinques, o Apothekario, junto ao tradicional bar paulistano Apothek Cocktails & Co.
Além disso, criou uma agência dentro do hotel, a Néctar: “Agora podemos personalizar experiências aos hóspedes, pois percebemos que muitos deles gastavam mais dinheiro fora do hotel, e assim criamos esse braço de experiência, o que também garante a qualidade”, explica Adamiu.
Além dos negócios, também há a preocupação com o destino Paraty, que, segundo o próprio Adamiu, nunca esteve tão em evidência: “Nós estamos envolvidos com três projetos: o Parque Marinho, que também é um resgate da cultura local; a restauração da Orquestra de Paraty, para a qual a pousada é a maior doadora; e agora passei a ajudar uma escolinha de boxe, pensando justamente em proporcionar um ambiente para as crianças e os adolescentes extravasarem”.
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“Um compensa o outro”
Como já se sabe, a pandemia travou diversos setores, e o cultural foi extremamente prejudicado. “O cinema fechou, as distribuições de filmes foram praticamente paralisadas, mas na pousada aconteceu o contrário. Paraty sempre foi algo que se pagava e se mantinha, mas agora virou um negócio importante. Além de lifestyle e diversão, as operações estão se tornando rentáveis. É um sonho trabalhar com turismo”, conta Adamiu.
No paralelo, segue caminhando com a Paris Cultural, dedicada a produções de peças de teatro e exposições, e espera por dias melhores: “O braço nasceu para explorar os conteúdos de forma 360 graus. Em 2020 a gente estreou o musical do Silvio Santos, fizemos sessões de patrocinadores, e veio a pandemia e paralisou. O nosso sonho agora é pegar um teatro que tenha ficado para trás, arrumar, montar uma companhia de teatro e operar um lugar físico. Para nós, isso faz muito sentido, pois já tem a operação do cinema, e agora a gente está buscando grandes empresas para o naming rights. É o nosso esforço atual”, conclui.
Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 119 da Versatille