Persistência ou Teimosia

Em temporadas de férias é fácil encontrar situações inusitadas que nos põem a refletir sobre as coisas e sobre a vida. Eu pelo menos, ao estar em férias nunca dou férias ao meu cérebro. Fico

Em temporadas de férias é fácil encontrar situações inusitadas que nos põem a refletir sobre as coisas e sobre a vida. Eu pelo menos, ao estar em férias nunca dou férias ao meu cérebro. Fico atento e reflito sobre o que se passa ao meu redor, as cenas, os tipos diferentes que cruzam meu caminho e assim por diante.

 

Estava eu ocioso, como é recomendável, numa beira mar, num dia normal, fitando as ondas e o povo com seus guarda sóis e barracas cravadas na areia quando algo me chamou a atenção. Havia próximo de onde estava uma dupla de jovens portadores da Síndrome de Down que alegremente pareciam tentar jogar frescobol. Para quem não sabe, a graça do frescobol (tênis de praia) é exatamente rebater a bolinha para o companheiro de jogo poder devolve-la e assim sucessivamente.

 

Em primeiro lugar destaco que é muito bom qualquer pessoa portadora de qualquer dificuldade poder disfrutar de uma boa praia. O me chamou minha atenção foi o fato de que os dois jovens nunca acertavam qualquer rebatida. Isso mesmo, nunca devolviam a bolinha um para o outro. Passaram mais de 1 hora, sob um sol inclemente errando e correndo atrás das bolinhas.

 

Eu não ficaria nem 5 minutos jogando assim. Se eu ou meu colega de jogo não conseguíssemos devolver bolinhas eu sairia do jogo imediatamente. Seria um porre ficar só buscando bolinhas.

 

Mas os jovens portadores do Down ficaram. E se divertiram, aparentemente, ou pelo menos não desistiram. Seria persistência deles, algo muito louvável, ou simples teimosia burra, algo lamentável. Se fosse a última, no caso deles, se justificaria, diante das dificuldades cognitivas que eles possuem.

 

Então, afinal, qual é a diferença entre persistência e teimosia? Resposta: O resultado. Sim, o que você faz persistentemente e não consegue o que deseja pode rapidamente se converter em teimosia. Já o que você faz teimosamente e começa a conseguir resultados esperados pode ser convertido em persistência.

 

Os jovens estavam persistindo naquele jogo esquisito de correr atrás de bolinhas “perdidas” porque era isso que eles no fundo queriam, apenas jogar um com o outro não importando realmente qualquer regra, ponto, competição ou estilo. Se fosse eu que estivesse ali e ficasse esta hora inteira buscando bolinhas me consideraria um estúpido teimoso porque meu objetivo seria acertar as bolinhas e devolve-las aos oponente.

 

Então fica aqui uma singela lição de vida e da vida: no fundo, tudo o que importa é o resultado conseguido. É ele que define nossas experiências.

Carpe diem.

 

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