O cinema brasileiro através do tempo
No dia do cinema nacional, conheça os filmes que marcaram cada década no Brasil
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O cinema brasileiro nasceu em 1898, com a volta de Affonso Segreto, de Paris. Em sua mala, o cineasta trouxe películas europeias e o maquinário necessário para produzir seus próprios filmes. Chegando ao país, Segreto gravou a baía de Guanabara e marcou, no dia 19 de junho, o início do cinema nacional. Infelizmente, sua inexperiência com o ofício fez com que a sensível película do filme estragasse e o único registro do acontecimento se dá apenas pela nota publicada no jornal Gazeta de Notícias.
As primeiras produções do país eram mudas e contavam histórias do cotidiano brasileiro nas salas de cinema no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1908, a película Os Estranguladores, de António Leal, estreia nas telas com seus 40 minutos de duração, sendo considerado o primeiro filme de ficção brasileiro.
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Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os filmes estrangeiros passaram a dominar as salas de cinema de rua e a década marcou a primeira crise. Mas brasileiro não desiste nunca e a história do cinema nacional se fortificou ao longo dos anos. Há quem diga que ele se resume à Cidade de Deus (2002) e que não há filmes de qualidade em terras tupiniquins, mas o longa-metragem de Fernando Meirelles e Cátia Lund não é a única joia dessa coroa.
Confira, na sequência, uma indicação de filme por década.
1930
Lábios Sem Beijo, de Humberto Mauro
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(Reprodução)
Humberto Mauro foi um dos pioneiros no cinema nacional, trazendo para as telas temas e vivências brasileiras. O curta-metragem Lábios Sem Beijos (1930) foi a primeira produção do estúdio Cinédia, um dos grandes marcos da trajetória cinematográfica do país. A história sobre o romance da jovem rica Lelita e do conquistador Paulo ganhou o concurso de melhor filme brasileiro do ano, feito pelo Jornal do Brasil.
Disponível gratuitamente no YouTube.
1940
Carnaval no Fogo, de Watson Macedo
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(Reprodução/Funart)
Watson Macedo (1918-1981) começou sua carreia sendo cenográfico e assistente de direção de Carmem Santos. Entrou para a companhia de cinema Atlântica, que disseminou o gênero das chanchadas (musicais cômicos de baixo orçamento) e foi o responsável por consagrar grandes nomes de artistas como Grande Otelo e Eliana Macedo. Carnaval no Fogo (1949) se passa no hotel Copacabana Palace e narra as confusões de uma quadrilha de criminosos.
Disponível gratuitamente no YouTube.
1950
O Cangaceiro, de Lima Barreto
![](https://versatille.com/wp-content/uploads/2024/06/O-Cangaceiro-Lima-Barreto.jpg)
(Reprodução)
Em 1949, a Vera Cruz entrou em cena, trazendo os moldes e a sofisticação do cinema americano. O estúdio marcou a cena com os filmes de grande sucesso nacional do ator Mazzaropi. O Cangaceiro (1953) de Lima Barreto foi o primeiro filme brasileiro – e único até o momento – a levar o prêmio de melhor filme de aventura em Cannes. O longa conta a história de Maria Clódia (Vanja Orico), uma professora raptada por um grupo de cangaceiros que se apaixona pelo pacifista Teodoro (Alberto Ruschel).
Disponível gratuitamente no YouTube.
1960
Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha
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(Reprodução)
O Cinema Novo marcou a década com seu caráter revolucionário, de cunho social e político. Um dos maiores representantes do movimento é o cineasta baiano Glauber Rocha (1939 – 1981), que conquistou o país e o mundo, sendo reconhecido por diretores como Jean-Luc Godard, Tomás Gutiérrez Alea e Bernardo Bertolucci. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) mistura cordel e ópera e conta a história do matador de aluguel a serviço da Igreja Católica Antônio das Mortes (Maurício do Valle), que está atrás de um beato que não segue as leis da igreja. O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1968) é a continuação da história de Antônio.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play.
1970
Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto
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(Reprodução)
Com o baixo orçamento para grandes produções, a pornochanchada ganhou destaque entre os brasileiros. Inspirado nas comédias italianas, o gênero se apoiava no erotismo e na comédia. Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), do diretor Bruno Barreto (1955), teve mais de 10 milhões de espectadores, recorde de público até 2010. O longa conta a história de Dona Flor, a recém viúva de um malandro, que se casa novamente com o recatado farmacêutico da cidade. A saudade do antigo amante faz com que seu espírito retorne, mas só dona Flor pode vê-lo.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play.
1980
Ilha das Flores, de Jorge Furtado
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(Reprodução)
A crise econômica e o fim da ditadura fazem com que os produtores não tivessem dinheiro para produzir os filmes, nem os espectadores para pagar pelos ingressos. A chegada do videocassete e o fácil acesso a filmes estrangeiros também soma na crise do cinema. Grandes filmes se destacaram na época, mas o documentário Ilha das Flores (1989) de Jorge Furtado (1959) marcou a década de 1980. O curta-metragem segue a trajetória de um tomate, de sua plantação até o seu descarte.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play e gratuitamente no YouTube.
1990
Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, de Carla Camurati
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(Reprodução)
Na metade do século, as produções audiovisuais voltam e a época ficou conhecida como Cinema da Retomada. Os festivais são criados e Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1994) é o primeiro longa feito através da Lei do Audiovisual. O longa da cineasta Carla Camurati (1960) narra, em forma de paródia, a vida da princesa espanhola Carlota Joaquina (Marieta Severo) no Brasil.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play.
2000
O Auto da Compadecida, de Guel Arraes
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(Reprodução)
A virada do milênio trouxe reconhecimento mundial para o cinema brasileiro, os filmes chegaram em premiações mundiais e conquistaram o público. Há uma longa lista para a década, mas o longa de Guel Arraes (1953), O Auto da Compadecida (2000), é um marco cultural no país. As aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que vivem de golpes, não chegou às grandes premiações, mas conquistou o coração dos brasileiros. A continuação da história chega aos cinemas ainda em 2024.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play.
2010
O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
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(Reprodução)
A produção cultural brasileira ganhou espaço, houve um boom de filmes independentes e as redes sociais auxiliaram na divulgação dos projetos. Em 2013, a animação O Menino e o Mundo chegou ao Oscar, mas não levou a estatueta. A história de Alê Abreu (1971) retrata uma realidade triste – e atual – da sociedade através da visão inocente de um menino.
Disponível na plataforma de streaming Globo Play.
2020
Retrato Fantasma, Kleber Mendonça Filho
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(Reprodução)
O cinema nacional voltou a ganhar destaques nos últimos anos, principalmente com a popularização das plataformas de streaming. Kleber Mendonça Filho é um dos nomes mais famosos dos últimos tempos dentro do cinema nacional e Retrato Fantasma é especial, pois narra a história do Centro de Recife através das salas de cinema da cidade no século 20.
Disponível nas plataformas de streaming Globo Play e Netflix.
Por Marcella Fonseca