Na cena artística europeia, Lisboa desponta

A colunista Bianca Boeckel fala sobre o posicionamento de Portugal como um novo centro de interesse da cena artística

Lisboa (Foto: Getty Images/Sean3810)

Portugal é conhecido por sua beleza natural, sua cozinha típica, sua cultura de raízes fortes e seus muitos encantos pouco divulgados. Na arte, não é diferente: gradualmente, o país se posiciona como um novo centro de interesse. Sem alarde, no seu ritmo. Em maio, ocorreu a Arco Lisboa, feira de arte que acontece há seis anos. Irmã caçula da Arco Madrid, que completou o impressionante número de 42 edições em fevereiro, a Arco Lisboa vem aumentando consideravelmente de tamanho. Neste ano, estiveram presentes 70 galerias de 14 países – e o Brasil foi destaque. 

 

As galerias brasileiras (com exceção da Zielinsky, que tem sedes em Barcelona e Porto Alegre e participou do setor principal) ocuparam o setor OPENING, a convite da curadora Luiza Teixeira de Freitas. A proposta para esse setor era a criação de um diálogo ativo entre todos os projetos apresentados, e a inovação se deu pela circulação do público pelo ambiente sem paredes divisórias. Entre os destaques, as delicadas obras de Nazareno e Piti Tomé, que evocam memórias passadas e ressignificam objetos para criar novas narrativas – expostas pela C. Galeria, da carioca Camila Tomé. 

 

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Mas o circuito efervescente de Lisboa não se limita a um evento que acontece por apenas quatro dias ao ano: inúmeras galerias, espaços expositivos e coletivos de artistas andam roubando a cena. Um exemplo é o NowHere, cofundado pela pulsante curadora Cristiana Tejo. Em suas palavras: “O NowHere surgiu de uma urgência: transformar o sentimento de não lugar da imigração na potência do aqui e agora. Ele é fruto do momento político brasileiro pós-golpe e o aumento da imigração brasileira em Lisboa. Marilá Dardot e eu começamos o grupo de acompanhamento como uma forma de gerar um ponto de encontro, de trocas, para manter a vivacidade de fazer arte num contexto muito diferente do Brasil que deixamos para trás… O projeto cresceu, e um espaço físico fez-se importante para nossa comunidade. Em 2021, Luiza Baldan juntou-se a nós e potencializou ainda mais nossa proposta. Estamos construindo um espaço matriarcal de experimentação”. 

 

Além do NowHere, outros espaços dirigidos por brasileiros valem muito a visita: o dinâmico Coletivo Amarelo, da dupla Stephanie Wruck e Gabriela Albuquerque; e o Porto ao Porto, fundado por Fabiano Fernandes – que também coordena projetos de artes plásticas em seu ateliê, na Fabrica Bhering, no Rio de Janeiro. Ambos buscam estreitar a conexão Brasil–Portugal através da arte.  

 

Nota da colunista: a Feira Arco aconteceu entre os dias 25 e 28 de maio, e as seguintes galerias brasileiras estavam presentes: Bianca Boeckel, C. Galeria, Portas, Vilaseca, Verve e Zielinsky.

 

Por Bianca Boeckel, curadora e consultora de arte

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