Ir a parques potencializa o bem-estar e pode reduzir riscos de doenças

Para malhar ou simplesmente contemplar a natureza, entenda como aproveitar estes espaços aumenta sua disposição e preserva sua saúde física

Por Maria Alice Prado

 

Apesar de várias incertezas em relação ao Covid-19 – sendo a principal delas, neste momento: quando haverá uma vacina? -, o mundo está começando a avistar uma luz no fim do túnel da pandemia. Sentimentos como medo e ansiedade, acumulados por meses de isolamento, podem diminuir com o retorno seguro a algumas atividades que contribuem para a saúde mental

 

A reabertura dos parques em cidades como São Paulo é o carro-chefe da ideia. A sensação de paz e calma que sentimos diante de árvores, flores, lagoas ou cachoeiras tem explicação em estudos acadêmicos. Realizados em diversos países, eles chegam sempre à mesma conclusão: o contato com a natureza tem repercussões positivas no cérebro e, consequentemente, em todo o corpo. 

 

Respirar o ar mais puro das áreas arborizadas, por exemplo, alivia o estresse e pode afastar o risco de desenvolvimento de transtornos mentais. Conheça, a seguir, mais detalhes dos benefícios que a ida com segurança aos recém-reabertos parques é capaz de levar à sua vida.

 

E não se esqueça: sempre use máscara de proteção facial e leve um frasco de álcool em gel para higienizar as mãos caso encoste em quaisquer superfícies.

 

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Redução do risco de estresse, ansiedade e depressão

 

Um estudo liderado pela ONG The Nature Conservancy (TNC), em parceria com a Universidade da Virginia (EUA) e o Centro de Resiliência de Estocolmo (Suécia), destacou que 46% das pessoas que vivem nas grandes cidades (como Nova York, São Paulo ou Londres) já sofriam de problemas relacionados à saúde mental antes mesmo da pandemia. 

 

Observar pássaros, lagos e flores e recarregar as energias longe do concreto é sinônimo de qualidade de vida para quem está nas metrópoles. Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) observaram, em estudo com 2.584 cariocas, que aqueles que mantiveram contato com praças ou reservas naturais tinham menor risco de desenvolver quadros crônicos de estresse, ansiedade e depressão leve. 

 

O melhor de tudo é que não é necessário passar horas diárias em áreas verdes para sentir os resultados. A revista Nature compilou, em um estudo de 2016, que uma conexão semanal de 30 minutos com a natureza – até em ruas bem arborizadas – pode prevenir casos de hipertensão arterial e depressão. 

 

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“Banho de floresta” japonês e o sistema nervoso

 

Os japoneses decidiram levar tais benefícios para um nível mais intenso e desenvolveram uma filosofia de vida em torno do contato com a natureza. Batizada de Shinrin-yoku, ou “banho de floresta”, a técnica se traduz em abdicar de alguns momentos da vida social para contemplar os elementos naturais. 

 

Isso porque a Universidade de Chiba (Japão) constatou que a prática reduz os níveis de cortisol – o hormônio do estresse -, diminui a frequência cardíaca, a pressão arterial e até interfere no sistema nervoso simpático e no parassimpático. E, de bônus, esses resultados elevam a atividade das células de defesa do organismo, fortalecendo todo o sistema imunológico. 

 

Melhoria nos níveis de concentração e memória 

Pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA), em 1991, realizaram um experimento com três grupos diferentes em situações variadas. O primeiro passou alguns dias ao ar livre, o segundo permaneceu em atividades em áreas urbanas e o terceiro apenas manteve a rotina normalmente. 

 

Após a realização de testes para verificar a capacidade de concentração de cada um, o trabalho comprovou que as pessoas que passaram tempo em áreas verdes atingiram níveis de foco bem mais altos. 

 

Crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) também podem se beneficiar do meio ambiente: após 20 minutos de caminhada, as crianças testadas por esse estudo tiveram um aumento significativo na capacidade de concentração. 

 

 

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Para testar a “mãozinha” da mãe natureza em relação à capacidade de memorização, a Universidade de Michigan (EUA) aplicou testes de memória em dois grupos de estudantes. Em seguida, encaminhou o primeiro para um passeio em área urbana e o outro, para o contato com a natureza.

 

Na volta, uma segunda leva de testes foi feita. O grupo que teve contato com a natureza mostrou um aumento de 20% na eficácia da prova, enquanto os demais não apresentaram melhoria significativa. 

 

Vitamina D e produtividade

 

Outro ponto de destaque das áreas verdes é o ganho de vitamina D. Nosso organismo sintetiza de 80% a 90% dessa substância a partir da exposição da pele aos raios solares. A deficiência de vitamina D, além do enfraquecimento dos ossos, pode levar a um maior risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, hipertensão arterial, obesidade e outras condições.

 

A luminosidade solar também é atrelada ao mecanismo do bem-estar. Estudos sugerem que ela afeta a expressão de receptores nos neurônios para neurotransmissores ligados ao sentimentos de felicidade. 

 

Para finalizar: em 2018, o pesquisador Robert Ian McDonald publicou um estudo no periódico Sustainable Earth em que concluiu que locais de trabalho em que as pessoas têm mais contato com a natureza recebem menos queixas de problemas de saúde e menos pedidos de afastamento por doença. Ou seja, o verde ajuda a empresa a ter funcionários mais saudáveis, mais satisfeitos e, consequentemente, mais produtivos. 

 

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Fotos: Unsplash

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