Entre artes e aeronaves: conheça a trajetória de Marcos Amaro

O empresário e artista plástico lança empresa de aviões compartilhados e simultaneamente se empenha para integrar a Fábrica de Artes Marcos Amaro no circuito brasileiro

Registro de Marcos Amaro sentado
Artista plástico, galerista, colecionador e empresário Marcos Amaro (Bruno Santos)

A relação de Marcos Amaro com a arte começou cedo: desde criança tinha a área conectada com sua vida – a mãe é estilista – e, aos 24 anos, começou, de forma pioneira em sua família, uma coleção própria, atualmente composta de 2 mil obras. Hoje, aos 36, é um profissional multifacetado: artista plástico, galerista, colecionador e empresário e ainda se dedica a tornar a Fábrica de Artes Marcos Amaro (Fama), localizada em Itu, um dos destinos de arte reconhecidos do Brasil. Em entrevista à Versatille, Amaro fala sobre sua trajetória e o momento atual.

 

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Versatille: Quando e como seu interesse pela arte foi despertado?

Marcos Amaro: Acredito que desde criança, pois arte, para mim, tem muito a ver com sensibilidade. Sempre esteve ligada a minha vida. Minha mãe, por exemplo, é estilista e sempre gostou de desenhar. Eu me lembro dela desenhando. De forma natural, mais adiante, é que veio a se tornar mais do que um hobby, uma profissão.

 

V: O que veio antes, o colecionismo ou a criação como artista?

MA: A coleção começou comigo – ela não é herdada da família – em 2008, aos 24 anos. Comecei e foi crescendo. Minha produção como artista ocorreu de forma simultânea. Sempre gostei de ter mais de uma atividade, seja como colecionista, seja como artista plástico. Sempre gostei de desenhar, mas minha profissão como artista ocorreu mais quando eu vendi uma empresa minha, a Óticas Carol, e passei a ter mais tempo para me dedicar. Eu lancei recentemente um livro pela editora Cobogó, que expõe uma década de trajetória, digamos dos 26 aos 36, na qual me dediquei muito a esse meu lado de artista, mas de forma concomitante também fui desenvolvendo a coleção e outras iniciativas na área das artes, até criar, em 2012, a Fundação Marcos Amaro, que veio, mais tarde, a culminar na Fama.

 

V: Como é sua divisão de tempo?

MA: Acabei de lançar uma empresa, a Amaro Aviation, de aviação executiva, então estou me dedicando muito a ela. Eu tenho sócios nas outras iniciativas, uma equipe de diretores na Fama, que me ajuda a desenvolver o projeto, e na galeria idem. Então consigo dividir meu tempo dessa forma, pois tenho um respaldo de profissionais muito bons que me auxiliam nas atividades.

 

V: O que podemos esperar da Amaro Aviation?

MA: É uma empresa de aviação executiva, no modelo de propriedade compartilhada. Ou seja, nós compramos aviões e vendemos as cotas das aeronaves. Os aviões são da Pilatus Corporation, que é uma fabricante suíça, e estamos vendendo o PC-12 e o PC-24, cada um deles para oito cotistas por aeronave. A gente gerencia os aviões também, toda a parte de tripulação. Basicamente fazemos tudo para os cotistas.

 

V: Sua coleção é 95% formada por artistas brasileiros. Por que decidiu adquirir, em sua maioria, artes nacionais? 

MA: Atualmente tenho me dedicado menos às obras da coleção, pois ela já tem cerca de 2 mil exemplares. Eu me dedico muito mais à conservação e ao desenvolvimento do museu do que às novas aquisições. Diria para você que grande parte dela já está formada. Fico bem atento aos jovens artistas e invisto bastante no programa de edital da fundação para dar oportunidade para que eles possam trabalhar e também viver da arte. A fundação tem como propósito o fomento da arte contemporânea.

 

V: Qual o potencial que vê na arte brasileira?

MA: Eu acredito muito na arte e cultura brasileira, gosto bastante. Entendo que o Brasil carece de oportunidade, principalmente no interior de São Paulo, onde não existe um cenário efervescente. O fato de termos nos estabelecido ali também é uma vantagem, pois há em Itu e nas cidades próximas quase 2 milhões de habitantes.

 

V: Qual é sua pretensão com a Fábrica de Artes Marcos Amaro?

MA: Primeiro eu adquiri a propriedade, que era no passado a Fábrica São Pedro, uma antiga tecelagem. Hoje estamos investindo na infraestrutura, como a reserva técnica, temos um restaurante, uma biblioteca, uma recepção e loja. Agora queremos ter uma sala de concerto de 800 lugares e uma hospedaria, para o público e para os artistas, para eles fazerem residências. A ideia é que os visitantes possam se hospedar. Isso deve ocorrer nos próximos dois anos.

 

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V: O que pretende fazer ainda pela arte brasileira?

MA: Gostaria muito de consolidar o Fama como um destino de arte e cultura, oferecer mais programas de editais para dar mais oportunidades a artistas e fazer com que o Fama seja uma referência de arte brasileira no país. 

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