Como é visitar Le Brassus, cidade suíça onde fica a sede da Audemars Piguet

Em 2023, a Versatille foi até a Suíça para conferir a sede da marca e assistir o mais mítico festival de jazz do mundo

A música tem muitos poderes: de traduzir o que sentimos, de identificação com os sentimentos e até mesmo de emocionar. Entre os três que apontei, meu preferido é sentir emoções ao ouvir alguma canção ou alguém.  

 

Começo essa história pelo desfecho, provavelmente a noite mais tocante que vivi em 2023: ver Gilberto Gil e sua família no palco do Festival de Jazz de Montreux, numa apresentação que demonstrou união, vivacidade e o fôlego de um dos maiores cantores brasileiros vivos, uma voz poderosa e ativa em questões que extrapolam a música. Mas como fui parar lá e por que estive lá é realmente o que importa.  

 

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A Audemars Piguet difere-se de muitas outras marcas relojoeiras por um grande motivo: após quase 150 anos de sua fundação, continua sendo uma empresa familiar e independente, não filiada a grandes grupos. Fundada em Le Brassus, no Vallée de Joux, manteve-se fiel às suas origens e nunca moveu sua sede do pequeno vilarejo: apenas o modernizou, é claro, e também aumentou sua capacidade produtiva.  

 

Falar de relógios não é tarefa fácil porque, literalmente, são muitas complicações. As pessoas passam uma vida se especializando no feitio e na compreensão do mesmo, mas eu, como admiradora desse mercado tão sedutor, vejo tudo isso com certa magia. Logo ao chegar a Le Brassus, antes mesmo do check-in no Hôtel des Horlogers, pude notar um prédio de aparência antiga entre duas obras arquitetônicas moderníssimas. Um deles era meu destino, o hotel, e a outra viria a descobrir mais tarde que é o Musée Atelier Audemars Piguet. A construção mais antiga é o começo de tudo, minha porta de entrada nesse mergulho na história e manufatura da marca.  

 

Lateral do Hôtel des Horlogers (cortesia Audemars Piguet)

 

Quando a label inaugurou o museu, em 2020, o objetivo era mostrar ao público parte de seu processo de produção é possível ver, ao vivo, especialistas trabalhando nas peças e também contar sua história, com peças históricas, uma coleção que continua crescendo por meio de itens adquiridos, modelos customizados para famosos, como Beyoncé e Jay-Z, e também partes interativas.  

 

Foi justamente em uma interação que descobri o poder do “som” quando se trata de Audemars Piguet. Primeiro, desvendando o universo dos chiming watches, relógios ultracomplicados que emitem sons, em que a AP é pioneira. De acordo com registro histórico, o primeiro exemplar foi criado em 1892, um modelo feminino.  

 

Espaço onde acontecem as masterclass de relógios (cortesia Audemars Piguet)

 

Na sequência, fui levada a uma sala totalmente escura e muito bem isolada. Ali, tive em mãos uma nova variação do Royal Oak Offshore Music Edition, de cerâmica preta. Com mostrador de 37 mm, é uma celebração da manufatura e da música. Até o fundo da caixa reproduz um equalizador que tem cores vibrantes combinadas à cerâmica preta. Mas não é apenas de beleza que vive o modelo em questão: seu calibre 5909, revelado em 2022, é preciso. Foi justamente ele que “escutamos” na tal sala, vendo a onda dos sons sem ruído nenhum. Foram fabricadas apenas 250 unidades do relógio.  

 

Royal Oak Offshore de cerâmica preta (cortesia Audemars Piguet)

 

Como é de se imaginar, o museu atrai apaixonados pela marca de todo o mundo. Foi sábia a decisão de construir, junto a ele, um hotel de 50 quartos extremamente moderno e clean. O restaurante, com vista para o campo, traz toda a paisagem bucólica suíça para dentro do ambiente e serve um café da manhã inesquecível. Os quartos são despojados e possuem a mesma vista para o campo do restaurante. Definitivamente um destino para os apaixonados por relógios, mas não somente. 

 

Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 132 da Versatille