À frente da Galeria Botânica, Gabriela Nora criou um refúgio dedicado às flores no meio da capital paulistana

Criada pela empresária, a Galeria é focada em eventos, mas também vende arranjos e decorações

A primeira vez que pisei na Galeria Botânica foi uma surpresa. Estava tudo arrumado para um almoço de imprensa, mas não foi isso que chamou a atenção: a mesa era linda, assim como o arranjo e a decoração, mas o destaque realmente ficou para a paz do local. Mesmo nos ambientes que não estavam focados no evento, tudo era florido, verde e com um cheiro relaxante de natureza. Tudo isso na paulistana Rua Lisboa, no meio do bairro de Pinheiros – e de suas obras.  

 

Após a visita, ficou a vontade de conhecer mais o espaço – algo que só uma conversa com Gabriela Nora, criadora da galeria, poderia solucionar. “Somos uma loja, mas também recebemos eventos e fazemos arranjos e decorações florais para restaurantes, empresas e pessoas físicas. Nosso pilar é: fazemos tudo por meio das flores”, resume ela.  

 

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Em meio ao caos da cidade, Gabriela diz se surpreender com o quanto esse espaço impacta positivamente em sua saúde mental. “Talvez eu não suportasse viver nessa selva de pedra sem a galeria. É um microuniverso de natureza que acaba sendo muito bom para o meu bem-estar. É renovador para mim trabalhar ali. Me sinto mais criativa”, ressalta. De certa forma, é esse tipo de sentimento que ela busca transmitir às pessoas que têm contato com o seu trabalho – seja por meio de arranjos, seja da visita ao local.  

 

No futuro, a ideia é abrir um café ao lado da lojinha, para que as pessoas possam ficar mais tempo por ali e até mesmo levar o computador para fazer o home office em um ambiente mais relaxante. “Ter um escape dentro da cidade é importantíssimo. Além disso, são esses pequenos negócios que dão beleza e personalidade aos bairros”, opina. “O custo de uma operação de varejo é altíssimo. Se colocarmos na ponta do lápis, muitas vezes compensa trabalhar on-line mesmo, mas nós decidimos ser um espaço aberto porque valorizamos essa presença física.”  

 

Gabriela Nora, criadora da Galeria Botânica (Divulgação)

 

Por mais que Gabriela sempre tenha tido bastante contato com a natureza, não foi por conta da sua paixão pelas ondas das praias de Florianópolis (onde nasceu e cresceu) nem pelas memórias do sítio de seus avós paternos que ela abriu a Galeria Botânica. Na realidade, tudo aconteceu de uma forma muito orgânica. Sem grandes planos por trás.  

 

Ao longo de 25 anos, a empresária trabalhou como bailarina, tendo passado por diversos projetos nesse mesmo universo. Atuou como dançarina, diretora e coreógrafa, mas decidiu desacelerar a carreira quando teve o seu segundo filho. “A minha vida era muito corrida. Muitos ensaios, viagens, eventos, e eu decidi que queria passar mais tempo com os meus filhos e que era hora de não ter mais aquela vida de dançarina profissional. Foi quando eu comecei a ficar mais em casa e me dedicar cada vez mais a fazer mesas postas”, conta. 

 

Em alguns meses, Gabriela criou um perfil no Instagram para compartilhar as decorações de suas mesas e começou a fazer cursos na área, o que fez com que algumas empresas se interessassem e contratassem seu trabalho. “No meio do processo, comecei a gostar muito de flores. Fiz uma formação na Escola Brasileira de Arte Floral, em Holambra, e foi aí que tudo realmente começou. Realizei alguns trabalhos com arranjos em editoriais de revistas e recebi o convite de ocupar um espaço na galeria de arte de uma amiga. Após um ano com essa experiência, abri o meu local, que hoje é a Galeria Botânica.”  

 

Atualmente, o local é realmente uma segunda casa para ela. “Tudo mudou quando eu entendi que flor é arte e que eu poderia desdobrar o meu trabalho nessa estética. Quem trabalha com criação não para de criar. Eu trouxe a minha vivência artística, com dança contemporânea, para o universo das flores. É esse tanto de experiências que faz a galeria ser o que é”, conclui. 

 

Por Beatriz Calais | Matéria publicada na edição 134 da Versatille

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