Obras inéditas de Alfredo Volpi serão expostas e leiloadas
A exposição inicia nesta segunda-feira (23), em São Paulo, com seis pinturas do acervo pessoal do artista ítalo-brasileiro
Seis obras inéditas e icônicas do grande pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896 – 1988) serão expostas e, posteriormente, leiloadas, no mês de outubro, em São Paulo. Antes que toda a coleção seja vendida, haverá uma única oportunidade para conhecê-las na exposição que acontece entre os dias 23/10 e 30/10, no escritório de arte do leiloeiro James Lisboa. A praça está marcada para o dia 31 de outubro, às 21h, online, no site Leilão de Arte e no Canal Arte1.
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“É como comprar uma obra direto das mãos de Volpi”, pontua Lisboa sobre a grandiosidade do evento. Para a filha do artista, Djanira Volpi, trata-se, claramente, de um momento especial: “Tenho prazer em leiloar as obras do meu pai, fico emocionada, mas muito feliz. Uma oportunidade para disseminar ainda mais seu trabalho.”
Nascido em Lucca, Itália, veio para o Brasil ainda bebê, em 1897, e se consagrou como um dos mais importantes do Brasil e do mundo. As seis obras que estavam em comodato no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e serão leiloadas, faziam parte do acervo pessoal do artista e adornavam as paredes de seu lar, como conta o curador Olívio Tavares Araújo: “Quanto à casa – um sobradinho no Cambuci, bairro de pequena classe média não longe do centro de São Paulo – os que ainda estamos vivos e tivemos o privilégio de frequentá-la nos lembramos dos poucos quadros nas paredes – mesmo porque o espaço era pequeno e não comportava mais nada”.
Olívio também relata que, por frugalidade, Volpi não tinha vocação de colecionador de suas próprias obras, ou de outros. Ele conta que o artista possuía cinco quadros trocados com amigos – como um Milton Dacosta, um Barsotti –, e uma dúzia de sua autoria. Destes, seis se encontram reunidos na exposição.
Entre eles, um dos destaques é a obra “Judite", uma tela em homenagem à grande companheira do artista, Benedita da Conceição, que tinha o apelido de Judite, e permaneceu na parede de sua casa por mais de quarenta anos. Segundo a filha do artista, sua amada (que faleceu antes) permaneceu com ele até o fim. “Essa obra ficava na sala de casa e ficou com meu pai até o final da vida. Era a ‘preferida’ dele, o coração da casa.” Criada nos anos 1940 – Olívio explica que curiosamente Volpi não costumava datar suas obras – ‘Judite’ é uma têmpera sobre tela e traz uma iluminada nudez feminina. “As luzes sobre o corpo de Judite são quase como recortes brancos feitos num impulso. A despeito do assunto supostamente lírico, o quadro é vigoroso e um pouco dramático. É provável que Judite tenha posado, mas poderia tratar-se perfeitamente de trabalho de imaginação”, revela o curador. Com valor mais alto desse leilão, a obra terá lance inicial em R$6 milhões.
Outro destaque do leilão é “O Retrato Hilde Weber”, que tem lance inicial de R$5,5 milhões. O curador Olívio o define como levemente mais antigo, mas ousado, e talvez até mais moderno, que “Judite”. Hildegard Wilhelmine Weber (1913-1994), mais conhecida como Hilde, foi uma desenhista alemã com estudos feitos em Hamburgo. Chegou ao Brasil em 1933 e foi a primeira mulher chargista da imprensa brasileira. Ela fez ilustrações para publicações como A Cigarra, O Cruzeiro e Manchete, e jornais como Tribuna da Imprensa e O Estado de S. Paulo.
Dono de uma simplicidade ímpar e muito característica, Volpi, mesmo depois dos títulos de excelente artista, nunca abandonou suas origens e métodos que o levaram a ser o ícone que é ainda hoje. “Para trabalhar, continuava usando os mesmos tamancos dos tempos de operário, picava o fumo e enrolava seus perfumados cigarrinhos de palha”, diz Olívio. O curador fala também sobre uma técnica que o artista usava antes de finalizar seus trabalhos, a qual se baseava em pequenos estudos sobre cartão para testar novas composições ou novos coloridos em composições preexistentes, para então realizar as versões definitivas em tamanho grande.
Foi a partir desta técnica que surgiu a obra “Dom Bosco” (1961), uma têmpera sobre papel de 47,8 x 66 cm, a qual tornou-se uma obra feita por Volpi in loco, no Palácio Itamaraty. “A homenagem a Dom Bosco se explica pelo fato de que coube-lhe profetizar, em 1883, que naquele local um dia se ergueria uma grande cidade. O painel foi executado in loco pelo próprio Volpi utilizando a difícil técnica renascentista do afresco, a mais adequada à pintura mural”, diz Olívio. Segundo o curador, o artista impregna em superfícies de reboco ainda não solidificado, os pigmentos que, depois de secos, adquirem longa durabilidade. Para o leilão, o estudo de “Dom Bosco” parte com lance de R$1 milhão.
Serviço
Exposição Alfredo Volpi – Obras inéditas
Local: Rua Melo Alves, 397 – Jardins
Período expositivo: 23 a 30 de outubro
Horário: das 10h às 18h
Entrada franca
Leilão
Data: 31 de outubro
Horário: 21h Online no site www.leilaodearte.com e no Canal Arte1
Por Redação