A importância da constância

A colunista Carol Celico fala sobre como a vontade de partilhar deveria ser natural, constante e intrínseca ao ser humano

Pexels/Julia M Cameron

Quando eu era pequena, pensava muito em como ajudar o outro. Como fazer a diferença na vida das pessoas que não tinham acesso a bens básicos e tão necessários?  

 

A vontade de partilhar deveria ser natural e intrínseca ao ser humano e nunca deixar de nos acompanhar. Ter essa consciência e manter essa essência durante nossa evolução pessoal, apesar dos traumas e do ambiente em que vivemos, é um dos grandes desafios a serem alcançados.  

 

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Tomar conhecimento de que parte da minha mesada poderia ser revertida em alimentos e produtos que melhorariam a vida de muitos foi um divisor de águas em minha vida, ainda na infância. E a consciência de que poderia fazer mais ao engajar outras pessoas foi a mola propulsora para entrar de cabeça no terceiro setor e criar a primeira plataforma on-line de doação, que interliga três frentes: o doador, que tem a segurança de que sua doação será válida, destinada e entregue ao local certo; o produto, que pode ser alimentos, material escolar, artigos de higiene pessoal etc., que pode ser negociado com descontos significativos, propiciando, com o mesmo recurso, um volume maior de compras; e as instituições, as ONGs, que tanto precisam de ajuda, conseguem visibilidade e não vão fechar suas portas. Essa é a Fundação Amor Horizontal, voltada para o oferecimento de qualidade de vida a crianças e jovens menos favorecidos do Brasil. 

 

O propósito de manter essas portas abertas gera impactos humanitários e também socioeconômicos, uma vez que crianças abrigadas e com assistência se tornam menos vulneráveis à criminalidade, à prostituição e às drogas.  

 

Depois de ver a felicidade de uma criança, oferecer ajuda deixa de ser algo pontual. Era necessário, para mim, manter doações constantes, pois somente com a regularidade colhemos os frutos de um mundo melhor. Nesses oito anos com a fundação, já arrecadamos mais de 8 milhões de reais, transformados em produtos que ajudaram cerca de 60 milhões de crianças. 

 

Um dos nossos grandes desafios durante essa trajetória foi estimular a prática recorrente da doação. Como sermos agentes de mudança da cultura de doação brasileira? Com o trabalho na FAH, queremos mostrar que doar traz um retorno grandioso, de amor e gratidão, capaz de reverberar e se multiplicar em luz, energia e força para nós e todos pelos quais temos um carinho especial.  

 

Eu acredito, sim, com toda a intensidade do meu coração, na possibilidade de conversão genuína da cultura de doação. Mais do que solidariedade, que ela se torne um hábito na vida de cada um, ainda mais dentro de um país tão grande e tão cheio de riquezas naturais quanto o Brasil. Todos podemos, se amarmos de forma horizontal! 

 

Por Carol Celico, empresária, filantropa e influenciadora

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