Zéh Palito inaugura primeira exposição solo em São Paulo
Mostra, na Galeria Simões de Assis, acontece até dia 21 de maio
Na quinta-feira, 31 de março, foi lançada a exposição “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” , primeira individual do artista visual Zéh Palito, em São Paulo, realizada na galeria Simões de Assis. Nascido no município de Limeira, no estado de São Paulo, Zéh iniciou as práticas artísticas por meio do graffiti/pixação, teve aulas de pintura quando era jovem e depois formou-se em Design Gráfico e Belas Artes, o que lhe permitiu viajar o mundo e exibir suas obras em mais de 30 países.
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A exposição traz 19 obras inéditas, que ocupam os dois andares da galeria e conta com sensível texto crítico do curador e colecionador Ademar Britto Jr. O título da mostra é derivado de um verso do poema “Sympathy”, escrito por Paul Laurence Dunbar, em 1893, e posteriormente utilizado por Maya Angelou para intitular o primeiro volume de sua autobiografia. Dunbar foi o primeiro poeta afroamericano a ter destaque nos Estados Unidos e Inglaterra e Maya retratou no livro sua infância vivida em uma cidade sulista estadunidense nos anos 1930 e 1940, em meio ao período de dura segregação racial. Um pouco das histórias dos dois autores é refletida na exposição.
“Nas obras vemos pessoas negras em poses altivas, com roupas elegantes, com logotipos de marcas conhecidas, em locais triviais como praias, piscinas, em frente a automóveis ou mesmo em fundo e de forma bastante positiva”, diz Britto Jr. Tais elementos conferem aos personagens pintados humanidade, autoconfiança e positividade, diferentemente da maneira como era retratada a população negra nos últimos séculos: em papéis secundários, em meio a cenários e situações que remetiam às consequências da colonização.
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O colorido e tons saturados também estão presentes nas obras, assim como representações de frutas, por exemplo, cocos, melancias, bananas, abacaxis, mamões e até plantas, como helicônias, palmeiras e flores que remetem à tropicalidade. Elas aparecem próximas às figuras humanas, cumprindo uma função de adorno ou como estampas, além de muitas vezes, ocupar posição central na composição. Embora essas características sejam essenciais para dar o tom positivo às obras, os semblantes retratados são sempre sérios, e elas trazem questões políticas e reflexões sobre traumas, de modo a construir uma atmosfera melancólica.