Pentacampeão de surfe, detentor de recorde no Guinness Book, um programa no canal Off e embaixador da BMW. De quem estamos falando? De um atleta, sem sombra de dúvidas, mas de um cão atleta, ou, como é conhecido, o Bono Surf Dog. O labrador chocolate de 10 anos e seu tutor, Ivan Moreira, compartilham, além da rotina diária exibida no perfil do Instagram @bonosurfdog, uma relação especial: “Eu nasci surfando, meu pai é surfista.

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Quando o Bono chegou na minha vida, eu não planejei ensinar, mas ele é de uma raça que gosta de água, e eu via outros cachorros em pranchas. Primeiro coloquei ele no stand-up, ele era bem novo, e passei a remar, até que teve um dia, na Praia do Rosa (SC), em que peguei uma onda bem pequena e foi totalmente diferente a reação dele. A partir daí, começamos a surfar juntos, e, além de ele gostar, eu passei a ter mais prazer em surfar com ele do que sozinho”, explica Moreira de sua casa em Armação dos Búzios, município do estado do Rio de Janeiro.

Bono e Ivan no Rio de Janeiro (Divulgação)

Na quase uma década que separa a primeira vez do Bono em uma prancha até 2021, muita coisa aconteceu com a dupla, a começar pelo primeiro título mundial, conquistado em 2014, no campeonato de Surf Dog de Huntington Beach, na Califórnia, na categoria Tandem (na qual humano e cachorro dividem a prancha). “Eu desenvolvi uma técnica em que ele fica atrás de mim na prancha. A maior parte dos cachorros surfa na frente.

Quando descobri o torneio, como eu sou uma pessoa competitiva, tive de dar um jeito de ir. Até agora, vencemos também nos anos 2015, 2016, 2017 e 2019”, conta Moreira. O recorde do Guinness, citado no início da matéria, se deve ao mais longo percurso de Stand Up
Paddleboard (SUP) realizado em uma onda de maré fluvial por uma dupla de humano e cachorro, no qual percorreram a impressionante distância de 1.690,5 metros (1.05 milhas) na Pororoca do Rio Mearim em Arari, no Maranhão.

Bono no pódio, em uma de suas vitórias no campeonato californiano de surf dog (Divulgação)

A família Surf Dog também cresceu. No último ano o Bono teve uma filha, a Cacau (que no momento já surfa e está se desenvolvendo como atleta), e a parceira de Ivan, Camila Tani, já tinha um cachorro, o Bali, que chegou para somar – cada um com sua personalidade (quem acompanha as redes sociais deles irá entender). 2020 também foi determinante para a família, e especialmente Moreira, que é educador físico e sempre trabalhou como personal trainer, passou a se dedicar totalmente ao segmento pet: “O Bono me colocou em um cenário de empreendedor e empresário.

Bono em seu ambiente preferido (Divulgação)

É por causa dele que estou aqui. Tudo mudou da água para o vinho: no momento estamos montando a primeira agência especializada 100% em pets. É um mercado gigante”, comenta. Outra forma de atuação desempenhada pela dupla é o trabalho voluntário com crianças com câncer em estado terminal e também o envolvimento em uma futura ong, que atuará em Búzios: “Não quero atrelar o nome do Bono, mas eu tenho como colaborar com patrocínios e com visibilidade”, conclui. Atualmente, a dupla é patrocinada, além da BMW, por marcas como a Zee Dog e a Droga Pet. 

A família Surf Dog: Ivan, Bono, Camila, Cacau e Bali (Divulgação)

“Ele mudou a minha vida, e eu até me emociono ao falar sobre ele, pois é justamente isso. Eu passei por um momento em que ele ficou muito colado comigo, 100% do tempo, e por isso sempre foi muito educado. É um cachorro que sempre ficará marcado na minha vida. Eu tenho ele tatuado. Todos os cachorros são especiais, mas, quando você vê o Bono trabalhando com as crianças, é nítido que ele tem algo a mais, um olhar, algo ali.

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Todo mundo que convive com a gente fala isso. Um amigo que é espírita já me falou que ele é a última versão de cachorro, ele não vem mais, pois ele é o último nível de evolução. Ele veio aqui para mostrar uma missão, o amor que eu sinto, é como um membro da família, e você sabe que ele vai antes de você. Os cães, a vida deles, é muito curta, e por isso eu vivo intensamente com ele. O amor que eu tenho é imensurável.” 

Por Giulianna Iodice