Décor afetivo: saiba como aplicar esse conceito em casa
Moradias traduzem histórias de famílias por meio do uso de objetos de valor sentimental
Cheiros, músicas, cores, lembranças de família e objetos de viagens. Durante nossas experiências, levamos na bagagem artigos e sensações especiais que fizeram parte de nossa história. Na arquitetura, para criar um aspecto de afeto e conforto em casa, o conceito de décor afetivo se torna cada vez mais comum, aliado ao melhor da tecnologia e das possibilidades infinitas disponíveis no mercado.
A arquiteta Isabella Nalon define o estilo decorativo como a relação com bens sentimentais adquiridos durante a vida e que se traduzem no décor afetivo dos ambientes. “Inicialmente, podemos dizer que são peças que trazemos de gerações, como uma cristaleira da bisavó, ou algum objeto que compramos durante uma viagem marcante e queremos que faça parte do lar”, explica a profissional. “Acredito que uma decoração afetiva mexa com a psicologia e o humor de cada um. Seja ao trazer uma foto, um objeto com significado especial ou um móvel de família, ela evoca memórias e sentimentos relacionados à peça”, acrescenta a arquiteta Carina Korman, do escritório Korman Arquitetos.
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Mas, apesar de ser mais comum levarmos o conceito para objetos, a arquiteta Karina Korn destaca que traduzir a afetividade na decoração vai muito além disso e pode se concretizar em cheiros, cores e até mesmo sensações. “Muitas vezes, essas lembranças especiais não são algo concreto. Pode ser um sentimento que tivemos quando entramos em um espaço e queremos refletir em nossa casa, o clima de um lugar, a música que marcou um momento, o cheiro da casa de nossa avó. É algo muito mais sensorial do que objetivo”, diz Karina Korn.
Segundo Carina e Ieda Korman, não existem muitas regras quando se fala de decoração afetiva. “O importante é escolher itens com significado e fazer, com eles, uma composição harmônica”, aponta Ieda. Seja com um mobiliário que passou de geração em geração, uma coleção especial do morador, fotografias e quadros – o importante é buscar a emoção de quem mora, criando uma atmosfera única e personalizada.
Como transmitir para a casa o décor afetivo
O primeiro objetivo da decoração afetuosa é proporcionar identidade e conexão. Pode-se observar a importância desse elemento na compra de um imóvel novo ou quando a pessoa vive em um ambiente com décor que não foi tão bem planejado e que causa “estranheza” em um primeiro momento.
Mas, como revelar, de forma harmônica, a sensação de lembranças tão boas para a decoração? O segredo é entender como os objetos ativam as sensações de aconchego e boas lembranças para, dessa forma, compor o ambiente da melhor forma possível. A arquiteta Karina Korn, por exemplo, fez questão de deixar na sala, ambiente de destaque do apartamento, um móvel que pertenceu a avó e está na família há algumas décadas. “Essas peças ajudam a contar a história da decoração e nos trazem gostosas lembranças”, conta ela.
Já se a lembrança for uma peça decorativa que atravesse gerações e que pareça esteticamente antiga, uma ótima saída é combiná-la com móveis modernos que podem ser colocados em qualquer ambiente, desde o quarto até a garagem. A arquiteta Pati Cillo ainda explica que esse objeto pode ser o “start” da decoração e que a mistura entre antigo e moderno é sempre atual no segmento: “O sentimental é um elemento importante para a decoração porque é a história do morador. O segredo é saber aliar com outros objetos, pensar em diferentes modos de utilizá-la ou, se necessário, até repaginá-la sem distorcer suas características originais”, conta a arquiteta.
Pati Cillo também ressalta a importância de procurar profissionais de arquitetura que trabalham explorando essa técnica e que podem ajudar a encontrar novas formas de utilizar a peça ou trazer sensações para dentro de casa. “Tudo começa com uma boa conversa com o cliente, quando falamos sobre essa lembrança, para compreender os anseios do morador. Assim, utilizamos nossas ferramentas e criatividade para concretizar na residência da melhor forma possível”, explica Pati.
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Benefícios pessoais e pertencimento
Decorar com emoções faz uma ligação direta com a questão de pertencimento no lar. Sentir-se parte de um lugar traz benefícios intangíveis para o morador. Para a arquiteta Beatriz Ottaiano, sócia da doob Arquitetura, as peças que trazem um valor afetivo merecem um lugar especial no ambiente.
Em seu apartamento, em São Paulo, Beatriz resgatou o cavalinho que fazia parte de suas brincadeiras de criança e o transformou em um apoio importante no estar. “Antes disso, ele foi levemente restaurado e atualmente serve de apoio para objetos e revistas”, revela a arquiteta.
Uma ótima forma de explorar a decoração afetiva está nas peças herdadas de parentes. Um baú, aparador ou até sofá pode ganhar um espaço de destaque, trazendo um pouco do DNA de quem mora ali. “Muitas vezes essas peças são desconsideradas, por terem sofrido desgastes com a passagem do tempo. Mas uma restauração ou um simples reparo pode trazer toda a funcionalidade necessária”, explica Ieda. Uma troca de estofado ou uma nova pintura é capaz de trazer outra vida para os mobiliários, preservando os traços originais da peça.
Coleções e lembranças de viagem
Coleções conferem um gostinho a mais em uma decoração afetiva. Para valorizá-las, um mobiliário planejado para a exposição das peças pode fazer toda a diferença – seja uma bela estante para o acervo de livros, discos de vinil ou CDs, seja uma prateleira para pequenos colecionáveis, miniaturas ou outros objetos. “Trazer o hobby do morador para a decoração é exaltar sua essência e personalidade. Não há nada que combine mais com a decoração afetiva do que isso”, pontua Isabella Nalon. Por fim, utilizar-se de suvenires ou peças adquiridas em viagens na decoração e organização da casa permite que os moradores sempre relembrem a experiência deliciosa que tiveram. É uma maneira de agregar uma nova função a um objeto, valorizando-o dentro do projeto. “Uma decoração afetiva deve ser um retrato do morador. Tudo é válido, desde que reflita, com harmonia, a essência de quem vive”, finaliza Ieda Korman.
Por Danilo Costa