Carne com Grife: Butique Beef Passion
Os “cortes de terroir” da butique Beef Passion cativam consumidores exigentes, endereços classudos e chefs estrelados com seus cortes premium provenientes de raças nobres
Com denominação de origem como os grandes vinhos, os “cortes de terroir” da butique Beef Passion cativam consumidores exigentes, endereços classudos e chefs estrelados com seus cortes premium provenientes de raças nobres.
A faca desce macia, cortando sem esforço um naco de bife ancho kobe-beef. Dourado e crocante nas bordas, tenro e úmido por dentro. Saído da grelha no ponto certo, com o interior rosado sem sangrar, você o mastiga bem devagarinho, sentindo a textura marmorizada e aquela suculência característica – melhor, sem aquela gordura por vezes indigesta que costuma empapuçar o paladar. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, um gosto incomparável. A sensação, veredito final de um carnívoro de carteirinha, é de se estar provando uma carne superior, plena de sabor.
A seguir, segue-se à mesa, numa espécie de meat session, cortes considerados “de segunda”, em finas e suculentas lâminas de acém, paleta e costela, injustamente subvalorizados, diga-se e, até, um surpreendente fígado, cuja textura e gosto sugerem a delicadeza de um foie gras.
Mas que carnes são essas? Questiono o tarimbado maître de um endereço estrelado de São Paulo sobre a procedência daquelas proteínas tentadoras, com sabores especialíssimos.
“São cortes de terroir, como um gran reserva”, responde, usando o conhecido jargão dos fãs da taça. “Carnes com D.O.C. (Denominação de Origem Controlada) bra-si-le-i-ra, de produção sustentável”, enfatiza convicto.
Não se engane. Longe de uma ação de marketing encomendada ou de um “raio gourmetizador” hoje tão em moda, que atingiu fazendas de gado e currais país afora, provavelmente você estará diante dos cortes de grife da Beef Passion — butique de carnes de selo premium que vem arrebatando paladares (e bolsos) de uma legião de apreciadores de um bom naco de carne.
O conceito foi urdido e colocado em prática, no campo e na mesa, ao longo de mais de duas décadas pelo dono do estabelecimento, o pecuarista e “açougueiro” paulista Antônio Ricardo Sechis.
“Não existe carne de primeira, existe boi de primeira”, repete esse que é o mais recorrente de seus mantras, para desmitificar de vez o equívoco sobre o que é corte de primeira e de segunda. “Genética e criação de qualidade resultam em matéria-prima de qualidade. O contrário vale também: carcaça de boi ruim, cortes ruins. É inescapável”, resume.
Gastronomia por Marco Merguizzo | Matéria publicada na edição 92 da Revista Versatille