Visita Ao Futuro: Museu Do Amanhã

O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, faz refl­etir sobre os desafios a serem enfrentados pelo homem nas próximas décadas. Suas exposições enfatizam a ideia de que só atitudes sustentáveis garantirão dias melhores  Um samba

O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, faz refl­etir sobre os desafios a serem enfrentados pelo homem nas próximas décadas. Suas exposições enfatizam a ideia de que só atitudes sustentáveis garantirão dias melhores

 

Um samba canta: “Como será o amanhã? Responda quem puder”. Fazer pensar sobre tal questão é o que pretende o Museu do Amanhã, recém-inaugurado na Praça Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro. Por meio de exposições sensoriais e interatividade, os visitantes desse museu de ciência carioca relacionam passado, presente e futuro a partir de uma perspectiva: nossas escolhas é que de­finirão diferentes amanhãs. Ali, sustentabilidade e convivência são fatores levados em conta ao procurar desvendar novas realidades para os próximos 50 anos.

“O museu oferece as perguntas, não as respostas”, disse o curador do museu, o físico e doutor em cosmologia, Luiz Alberto Oliveira. “São aquelas que norteiam a série de experiências, de maneira a construir uma narrativa de exploração e interrogação.”

Aberta em dezembro do ano passado, a instituição, além de sua mostra principal, apresenta novidades. Uma delas é a exposição temporária O Poeta Voador, Santos Dumont, com curadoria de Gringo Cardia, em cartaz até 30 de outubro. O evento aborda a obra inovadora do inventor brasileiro e exibe protótipos de suas principais criações, além de réplicas, em tamanho real, do 14-Bis e do avião Demoiselle, mais completo projeto do autor.

“As pessoas guardaram Santos Dumont numa prateleira de clichês, mas ele era, e ainda é, muito moderno e inovador”, comentou Cardia. “Faz parte da história de uma invenção que reconfi­gurou o mundo, transformou a maneira como nos relacionamos com o tempo e o espaço.”

Esse curador quer mostrar que “exercitar a criatividade é uma forma de impulsionar descobertas”. Para tanto, o lugar não poderia ser mais inspirador. Assinado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o prédio de 15 mil m², com formas orgânicas inspiradas nas bromélias encontradas no Jardim Botânico da cidade, desponta no Píer Mauá. O edifício, que “flutua” sobre o local, como disse o arquiteto, é todo sustentável. O museu, por exemplo, capta a água da Baía de Guanabara para abastecer seus espelhos d’água e o sistema de refrigeração, sendo que, depois, a água é devolvida mais limpa ao meio ambiente. Outro destaque são placas de captação de energia solar posicionadas na cobertura móvel.

Cercado de jardim, ciclovia e área de lazer, em um total de 34,6 mil m², o museu torna a região portuária um interessante espaço de convivência.

 

CINCO ETAPAS

Tudo ali é convite a visitar uma série de mostras que representam diferentes momentos da história do homem. Com concepção museográ­ca do designer Ralph Appelbaum e direção de criação de Andres Clerici, a exposição principal divide-se em cinco áreas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós. Mudanças climáticas, alteração da biodiversidade, crescimento da população e da longevidade, maior integração e diferenciação de culturas, além do avanço da tecnologia e da expansão do conhecimento, são grandes tendências para as próximas décadas devidamente abarcadas.

Para começar, Cosmos é uma experiência e tanto. Imersos em um domo de 360°, os visitantes viajam pelo universo, conhecendo desde longínquas galáxias até partículas microscópicas. Na área Terra, três dimensões da existência — Matéria, Vida e Pensamento — são representadas por grandes cubos para o público entreter-se com diferentes aspectos de funcionamento do planeta. Já no setor destinado ao Antropoceno, totens com 10 metros de altura apresentam conteúdo audiovisual. Essa abordagem da era geológica vivenciada atualmente leva o visitante a meditar sobre como o homem é capaz de alterar o clima, degradar biomas e interferir em ecossistemas. A­final, deve-se ter em mente estudos de que o planeta terá 10 bilhões de pessoas em 2060 e que os próximos 50 anos concentrarão mais mudanças que os últimos 10 mil anos. Os Amanhãs, por sua vez, têm três ambientes. Neles, o público pode, entre outras atividades, participar de um jogo com a meta de administrar recursos do planeta e desvendar seu per­fil diante do futuro. Já Nós, a última parte, exibe luz e som em uma escultura de madeira que remete a uma oca. Depois disso, um belvedere abre-se sobre a baía.

Como se vê, ciência, tecnologia e arte misturam-se no museu. Desenvolvido por mais de trinta consultores brasileiros e internacionais, o conteúdo teve estudos científi­cos de especialistas e instituições do mundo todo como ponto de partida — e será permanentemente atualizado.

“O acervo do Museu do Amanhã é imaterial, são possibilidades. Ao contrário de outras instituições, que precisam preservar seu acervo, o do museu deve ser o tempo todo renovado”, explicou Oliveira.

Há parceria com órgãos da ciência no Brasil e no exterior, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Techonology (MIT). O museu é uma iniciativa da Prefeitura do Rio de Janeiro, concebida e realizada com a Fundação Roberto Marinho, ligada ao Grupo Globo, tendo patrocínio máster do banco Santander.

 

Museu por Bob Jr | Matéria publicada na edição 91 da Revista Versatille

 

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