“Valorizamos o trabalho manual e priorizamos o slow fashion”, afirma Betina de Luca

Com criações no estilo tropical chique, a estilista carioca fala sobre a parceria com Leo Neves, da Waiwai Rio, e nova loja nos Jardins

Betina de Lucas e Leo Neves, da Waiwai Rio
Betina de Lucas e Leo Neves, da Waiwai Rio

O colorido com frescor, com sua vivacidade e textura, e a leveza carioca definem a essencialidade criativa da estilista Betina de Luca, que acaba de inaugurar uma loja em sociedade com Leo Neves, da Waiwai Rio, na Bela Cintra, em São Paulo. Essa mistura tão evidente em suas criações forma uma simbiose com o ambiente do novo espaço: enquanto as araras enfileiram sua mais recente coleção, Império Corazon, inspirada na paisagem e na arte do México, a leveza carioca também ocupa o ambiente. “O que eu realmente trago para a marca é o ‘acreditar muito’ no que estamos fazendo. Já aconteceu de seguirmos por outro caminho, diferente de nosso DNA, e não dar certo. O cliente procura esse diferencial, e é isso que mantemos”, explica Betina.

 

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O toque carioca vem de sua raiz. A estilista, que é jornalista de formação, nasceu no Rio de Janeiro e começou na moda aos 18 anos, quando abriu a Bebel, uma loja multimarcas que fazia a ponte entre Rio e São Paulo ao vender marcas como Neon, de Dudu Bertholini à época, e Juliana Jabour. Três anos depois, passou a integrar a equipe de estilo da também marca carioca Filhas de Gaia. Mas, mesmo que o primeiro passo no ramo tenha sido dado aos 18, o encanto com o setor veio de muito antes, quando ainda era criança e observava o trabalho da mãe, dona de uma loja que vendia marcas francesas e nova-iorquinas. Não só observava como vestia as peças que, de alguma maneira, ajudaram a compor seu “olho” para a moda.

 

Do Filhas de Gaia, Betina teve uma passagem pela área de marketing do Fashion Mall e, em 2012, lançou outra marca, a Virzi + de Luca, essencialmente de semijoias icônicas com um toque de humor que eram comercializadas no mercado brasileiro e também internacional. Foi nesse período que começou a desenhar roupas, que traziam bordados nos tecidos alguns elementos dos acessórios. A última coleção teve Leo Neves como estilista convidado – que também, à época, começava a Waiwai – assinando as bolsas criadas em parceria.

 

Em 2015, a Virzi + de Luca se encerrou. No entanto, o ano marcou o início desse, como Betina mesmo define, casamento com Leo, que hoje já se traduz em dez coleções e, agora, duas lojas – além do espaço na Bela Cintra, Betina e Leo inauguraram, em 2019, sua primeira loja Betina de Luca e Waiwai em São Paulo, em formato de pop-up store, no Shopping Iguatemi. Os sócios também têm um showroom no Rio de Janeiro. Com o sucesso do Iguatemi, a dupla decidiu expandir sua presença na capital paulista, em ideia que nasceu há alguns meses e tomou forma em julho.

 

 

As coleções de Betina e Leo, mesmo dividindo o espaço das lojas, não são criadas em conjunto: roupas podem ter temas diferentes das bolsas e ser lançadas em pe­río­dos também distintos. Mas, assim como a leveza carioca e a tropicalidade chique formam uma combinação e tanto, Betina e Leo têm sinergias que vão além do objetivo de negócios. “Temos o mesmo direcionamento comercial e em relação a nosso propósito de vida. Andamos pelo mesmo caminho. Nossa dinâmica está dando certo, mesmo que não seja pensada junta. E isso se reflete na complementaridade de nossas criações”, diz.

 

A Império Corazon é a quarta de uma série de coleções inspiradas em lugares visitados pela estilista. Viajar, inclusive, não só é inspiração como faz parte do estilo e da filosofia de vida de Betina. Pelos roteiros incríveis que traça pelo Brasil e pelo exterior, a estilista, que tem uma personalidade curiosa, além de aprofundar seu vasto conhecimento cultural e expandir sua já ampliada visão de mundo carrega na bagagem referências preciosas para suas criações.

 

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“Estudo a fundo a cultura dos lugares para os quais viajo, que povoam minha imaginação com novas ideias que vão se transformando nas peças”, diz. Além do México, já foram lançadas coleções com temáticas do Japão e do Marrocos e a ilha de Bali, na Indonésia, trazendo elementos de cada localidade, numa profusão de cores, texturas, tecidos e formas, arquitetura e arte. Além dos lugares, outra inspiração é a estilista britânica Vivienne Westwood, grande referência da moda punk e do cenário alternativo nas passarelas.

 

Outra característica da marca é o “feito à mão”, com peças repletas de bordados e manufaturadas sob o conceito slow fashion. “Valorizamos o trabalho manual e admiramos e priorizamos o slow fashion. A marca sempre seguiu esse caminho, com um calendário de lançamentos próprio e não da moda, com duas coleções por ano”, explica Betina.

 

 

Esse posicionamento menos acelerado que está na essência da marca vem sendo incorporado cada vez mais ao universo da moda, impulsionado, especialmente, pela pandemia e pelo movimento de repensar o consumo a qualquer custo. Outra característica marcante da grife é a versatilidade das roupas, categorizadas como “almoço chique”, ou seja, podem transitar de um almoço para uma festa.

 

Em ano de tantas transformações, Betina de Luca tem uma visão otimista sobre o reaquecimento do mercado depois dos primeiros meses de pandemia, e a abertura da nova loja reflete essa crença. “Sentimos que voltou a aquecer, encontramos um local perfeito e decidimos apostar”, completa. Uma aposta cheia de um colorido que, sim, traz o frescor de novos tempos.

 

Por Estefânia Basso | Matéria publicada na edição 118 de Versatille

Fotografia: Gabriel Bertoncel Beleza: Pablo Félix com produtos nars

Assistente de beleza: Gustavo Pessoa Tratamento de imagem: Robson Batista

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