Semana de Moda de Paris: desfiles marcam momentos históricos para a moda
Além do icônico vestido de spray da Coperni, Kanye West e Victoria Beckham fazem aparições memoráveis
A temporada de primavera/verão 2023 da Semana de Moda de Paris, que teve início no dia 26 de setembro, terminou nesta terça-feira (4). Grifes como Balenciaga, Chanel e Loewe se evidenciaram por comunicar essencialmente a identidade de cada uma, seja por meio do estranhamento, seja de elementos visuais icônicos ou pela feminilidade e sofisticação.
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A Coperni viralizou na Internet – merecidamente –, ao surpreender o público com um fim tecnológico histórico. Victoria Beckham e Kanye West, por sua vez, apareceram pela primeira vez na Semana de Moda ocupando nas passarelas papéis diferentes e cativantes. Os brasileiros Alexandre Birman e Gustavo Silvestre também marcaram a Paris Fashion Week por meio da brasilidade e da responsabilidade social.
Confira, a seguir, detalhes de alguns desfiles que se destacaram durante a Semana de Moda de Paris.
Chanel
A coleção desenvolvida pela diretora criativa Virginie Viard, apresentada hoje (4), foi baseada nos designs de Coco Chanel para o filme de 1961 Last Year at Marienbad. A simplicidade e a sofisticação das peças em preto e branco transmitiam a ideia de “effortless chic”. O público do desfile da Chanel estava sentado em estilo cinematográfico, em frente a uma tela gigante que mostrava uma montagem de cenas do filme.
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Havia clássicos vestidos pretos de chiffon, estampas femininas de bolinhas e vestidos de noite flexíveis e alongados, que enfatizavam a atemporalidade da estética Chanel. Além disso, os laços estavam por toda a coleção: desde os bodies até os sapatos e as luvas. Os acessórios também se destacaram, com fechos enfeitados com joias, pingentes de pérolas e colares de ouro no modelo cascata, que deram aos looks despojados em preto e branco uma sensação de volta aos anos 1980.
Balenciaga
No desfile da Balenciaga, que aconteceu no domingo (2), Kanye West fez sua primeira aparição como modelo de passarela usando uma jaqueta oversized e um jeans de couro folgado. Com barba, capuz e boné, ele estava totalmente camuflado. O convite para o show surpreendeu pela criatividade: uma carteira velha, cheia de cartões, moedas, recibos e até identidade de algum funcionário antigo da marca, como se tivesse sido encontrada em um “achados e perdidos”.
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A passarela, por sua vez, era uma pista lamacenta que chegava até a sujar a roupa das pessoas na primeira fila. Combinando com a atmosfera do cenário, a paleta de cores das roupas se centrou no preto, e a moda apresentada fez jus à essência da Balenciaga, de causar incômodo e estranhamento com peças como uma bolsa de saco de batatas Lays vazio, outra de couro com manga para colocar o braço e vestimentas com aparência de sujas e usadas.
Victoria Beckham
Na sexta-feira (30/9), a designer britânica Victoria Beckham estreou na Paris Fashion Week com uma coleção charmosa e sofisticada, apresentada num claustro da abadia real parisiense de Val-de-Grâce. A linha se destacou pela alfaiataria contemporânea e por um drapeado impecável.
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As peças mais marcantes foram um casaco de motard original com lapelas de pico estampadas, um elegante blazer cor-de-rosa e vestidos de linho, musseline e organza estampada, artisticamente drapeados. No fim, ao caminhar na passarela para ser aplaudida, a designer levou as mãos ao rosto e se emocionou.
Loewe
Para a coleção da Loewe, apresentada na sexta-feira (30), o designer Jonathan Anderson teve como elemento central o antúrio, flor nativa da América do Sul. Nas produções artísticas, ela é associada ao erotismo por apresentar no centro uma espécie de bico. O grande destaque da flor foi uma versão de acrílico que formava um top hipnotizante. Além dessa peça central, os antúrios também apareceram sob a forma de plastrões, nos sapatos de salto alto usados pela atriz Taylor Russell, que abriu o desfile, e em muitos outros looks.
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A coleção foi marcada ainda por proporções contrastantes, pequenas e exageradamente grandes, e sapatos extravagantes, feitos a partir de centenas de balões vazios, como esfregões de pavimento de borracha.
Coperni
Realizado na noite de sexta-feira, na sala têxtil no Museu de Artes e Ofícios, o show da Coperni foi histórico. A nova linha exibiu peças com a região do quadril em proporções exageradas por meio de acolchoamento em calças de lã, diversos drapeados em minissaias, bem como jaquetas de couro e silhuetas com ombros quadrados.
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Apesar da bela coleção, o fim guardou a melhor surpresa: a modelo Bella Hadid vestindo apenas sapatos e calcinha subiu em um palco iluminado e foi pintada com um spray por dois técnicos. A aparente tinta de spray era, na verdade, o Fabrican de Torres, um material feito de fibras e polímeros que se torna semelhante a um tecido quando entra em contato com o ar e seca. O resultado foi um vestido branco justo que era completamente único, com alças caídas nos braços e uma fenda graciosa.
Kevin Germanier e Gustavo Silvestre
Na apresentação de Kevin Germanier, realizada na segunda-feira (3), foram expostas camisas e calças cortadas, remontadas e revestidas com um tratamento de silicone brilhante nas bordas. Uma profusão de cores e texturas também se evidenciou, com lantejoulas retangulares longas e miçangas. O designer, inclusive, tem chamado a atenção por transformar lixo em peças de roupa de luxo, usando técnicas de upcycling.
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Para produzir essa coleção, Germanier colaborou com o artista brasileiro Gustavo Silvestre, conhecido pelo trabalho com crochê. A collab contou com a participação de alunas trans e refugiadas do projeto social Ponto Firme, idealizado por Silvestre, e 20 peças feitas de crochê, em parceria com a marca têxtil Círculo S.A.
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Alexandre Birman
Na última quarta-feira (28), aconteceu o showroom da coleção Resort 23 de Alexandre Birman, no Ritz Paris. A marca buscou referências na arquitetura da capital baiana, Salvador, o que conferiu aos sapatos muitas cores e texturas. Na sala onde eles estavam expostos, dava para sentir a energia vibrante e a atmosfera colorida do clima soteropolitano. As peças apresentavam uma arquitetura sinuosa e artesanatos únicos, com detalhes opulentos e sofisticados.
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Para dar vida a essas criações singulares, Birman trabalhou com um grupo de rendeiras da cidade de Saubara, na Bahia. O resultado são sapatos repletos de brasilidade, não só na estética, mas na história de cada um deles.
Por Laís Campos
