Santa Teresa: conheça o charme do bairro carioca

O bairro carioca, que esbanja o savoir-vivre francês, é o destino certo para dias tranquilos em hotéis como o Villa Paranaguá e o MGallery

Bondinho de Santa Teresa
O bondinho circula pelo Rio de Janeiro desde 1890 (Getty Images)

Charmoso e parado no tempo é uma boa introdução para Santa Teresa. O bairro, erguido em uma colina, começou a tomar forma a partir da construção do Convento de Santa Teresa, no século 18. O local foi o lar da aristocracia carioca e dos abastados por muitos anos, o que fica nítido ao ver os palacetes e casarões erguidos na época, muito inspirados na arquitetura francesa, e que seguem de pé até hoje.

 

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As ruas de pedregulhos e o clima de “interior” são heranças que permaneceram, o que, se não fosse pela vista do Centro, causaria ainda maior impressão de estar distante do Rio de Janeiro. Outro elemento indispensável ao bairro é o bondinho – que começou a circular em 1896, quando o Brasil era presidido por Prudente de Morais, na República Velha –, e que segue em funcionamento.

 

Basta andar um pouco por lá para, além do “carioquês”, escutar facilmente o francês, seja dos turistas que estão de passagem, seja daqueles que escolheram ficar de vez. Recentemente, após muitas reformas e um período além do previsto fechado causado pela pandemia, o hotel-butique Villa Paranaguá abriu suas portas.

 

A piscina do Villa Paranaguá Hotel & Spa

A piscina do Villa Paranaguá Hotel & Spa (Divulgação)

 

O casarão, original do século 20, passou por reforma completa e agora recebe os hóspedes, que podem usufruir um amplo terreno, onde também está situada a casa de uso privado dos proprietários – um casal de franceses, Pierre e Marie Beuscher. Eles se dividem entre o país natal e o Brasil, diferentemente de seu filho Joachim, que ficou de vez por aqui, casou com uma brasileira, Lais Vertis, e atualmente, juntos, comandam a propriedade.

 

Outros franceses que foram atraídos por uma propriedade histórica, que no passado foi uma fazenda de café, datada de 1850, foram os executivos do grupo Accor, que atribuíram ao hotel sua bandeira de luxo MGallery. A localização, próxima ao Largo dos Guimarães, é apenas um de seus trunfos. Entenda mais sobre o amor dos franceses por Santa Teresa nas páginas a seguir.  

Villa Paranaguá Hotel & Spa

Sala de estar (Divulgação)

Sala de estar (Divulgação)

 

Se não fosse por um pequeno abacaxi – o símbolo oficial da propriedade – na ampla porteira, o hotel passaria despercebido até mesmo para os hóspedes. Mas basta entrar para deparar com uma propriedade belíssima, minuciosamente decorada com obras de artes em todos os cantos e mobiliário de grandes nomes do design brasileiro, como a inconfundível Poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, que fica instalada na sala de estar, bem próxima à recepção.

 

No passado, o casarão foi a residência da atriz Tônia Carrero, e na sequência virou a Mansão dos Arquitetos, até ser comprada pela familia francesa e, após seis anos de obra acompanhada pelo Iphan, o que foi fundamental para devolver as características originais da construção, o hotel-butique ficou pronto.

 

Na casa principal, são nove suítes, que variam de 43 a 75 metros quadrados, todas equipadas com varanda – o que garante a visão privilegiada de cartões-postais cariocas. Também há uma acomodação externa no terreno, batizada de Le Pavillon. O que agrada, especialmente em tempos de pandemia, é que dificilmente os hóspedes se cruzam ou ficam “aglomerados” nos ambientes – ou seja, a privacidade e a segurança estão garantidas.

 

A suíte superior

A suíte superior (Divulgação)

 

Com muita personalidade, todas as suítes foram decoradas individualmente, com pegada clean e itens de design perfeitamente combinados. Atenção para as categorias deluxe, de 60 metros quadrados, e máster, de 75 metros quadrados, que contam com banheira e terraço amplo, com vista para o mar. Nas áreas comuns, os jardins, inspirados no trabalho de Roberto Burle Marx, contam com 40 espécies tropicais e árvores frutíferas, muitas delas plantadas por Marie e Lais – definitivamente a moldura perfeita para uma piscina extensa.

 

É também neles que o café da manhã muitíssimo francês é servido: crepes e galettes feitos na hora e omelete estilo francês estão entre as opções. Tanto a piscina quanto o restaurante, que é conectado com um bar, possuem menus enxutos, que privilegiam produtores locais e a sazonalidade dos alimentos, e carta de vinhos brasileiros, com rótulos da Vinícola Guaspari.

 

O serviço é extremamente cuidadoso, porém bem discreto, pois o objetivo é ser como um lar para os hóspedes, sem muita pompa, um lugar para se desconectar do mundo lá fora. E, falando em relaxar, a propriedade também conta com um spa, com serviços de massagem e drenagem linfática, feitos por uma francesa, além de uma sauna seca. No Paranaguá, o luxo é low-profile e conectado com os tempos atuais. 

 

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Santa Teresa Hotel RJ MGallery

Suíte do Santa Teresa MGallery

Suíte do MGallery (Divulgação)

 

A história mais recente da propriedade foi a compra do Santa Teresa Hotel pela Accor, em 2016, e a transformação em uma propriedade da bandeira MGallery. Mas muito se passou antes disso. A propriedade tombada data de 1850, e no passado foi uma fazenda cafeicultora; na sequência, abrigou o famoso “Hotel dos Descasados”, local que ficou conhecida por receber hóspedes e moradores recém-separados, fato que dá nome ao atual bar do hotel, o Bar dos Descasados.

 

Os 44 apartamentos, assim como as áreas comuns, são superbem decorados, com amplo uso de madeira de reflorestamento de jacarandá. No mobiliário, nomes brasileiros, como do mineiro Rock Lane. Um dos musts, quando se está hospedado no hotel, é tomar sol na linda piscina, comumente vista em cliques no Instagram, com suas confortáveis espreguiçadeiras e toalhas listradas características. Ao lado dela, não deixe de aproveitar o bar, que serve petiscos brasileiríssimos, como o pastel, e franceses, como as moules frites, que podem ser pareados com drinques ou água de coco.

 

A piscina do Santa Teresa MGallery

A piscina do MGallery (Divulgação)

 

Tanto para os hóspedes quanto para os visitantes, é imperdível uma ida ao Térèze, restaurante que encanta por suas amplas janelas e iluminação impecável (tanto de dia, com a luz natural, quanto à noite, com pontos de luz que trazem ares intimistas). Atualmente no comando do chef Pedro Franco, o menu contemporâneo ganhou muita criatividade e inusitada mistura de sabores, vista nos pratos como o cru de crustáceos e na releitura do filé Oswaldo Aranha, que nas mãos e mente do chef traz bombom de alcatra com purê de alho assado e croquete de arroz biro-biro.

 

É também no Térèze que o café da manhã é servido. Aqueles que não perdem a tal refeição quando hospedados em hotéis se preparem para um banquete: ampla variedade de frutas, um pão de queijo inesquecível e diversos mini-viennoiseries ficam dispostos sobre uma mesa, sempre adornada com arranjos de flores exuberantes.

 

Definitivamente, para o dia começar feliz! E, caso queira ir além dos passeios pelo bairro, já que a proximidade da área mais boêmia de Santa Teresa é ótima para explorar, o hotel oferece ampla gama de experiências, como a visita ao Jardim Botânico acompanhada por um guia que literalmente sabe de tudo e também passeios de barcos para ver o Rio por outro ângulo. 

 

Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 120 da Versatille

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