“Para mim, design é uma arte funcional que também pode ser contemplativa”, diz Maximiliano Crovato 

Imersos no universo do design e da arquitetura, Guilherme Torres, Maximiliano Crovato e Murilo Weitz compartilham suas trajetórias repletas de identidade

Foto: Gabriel Bertoncel

Ainda na infância, o arquiteto Guilherme Torres enxergava sua casa como um personagem cheio de vida. Para ele, os corredores, o teto e a disposição dos móveis significavam muito mais do que uma simples construção para moradia. Com a genialidade de uma criança, o arquiteto e designer Maximiliano Crovato também era seduzido pela possibilidade de criar tantas coisas dentro de sua casa: no caso, projetou, aos 9 anos, o próprio quarto. Colega de profissão, Murilo Weitz nunca duvidou de que seu caminho fosse no design. Desde pequeno, desenhava e criava pessoas e objetos sem distinção. A paixão acompanha os três desde cedo.

 

Embora cada um tenha seguido sua trajetória dentro de um mesmo universo, pode-se dizer que o fascínio os levou a um objetivo comum: transmitir sua identidade por meio de criações. Para o editorial da Versatille, Torres, Crovato e Weitz compartilharam momentos importantes de sua carreira e foram fotografados na Galeria Teo, um espaço paulistano que tem o objetivo de valorizar o legado do design moderno brasileiro. Com a curadoria do galerista Teo Vilela Gomes, o local conta com preciosidades assinadas pelos maiores nomes do modernismo das décadas de 1930 a 1970 – grandes inspirações para a nova geração de designers e arquitetos.

 

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Confira, a seguir, a conversa com os profissionais e o mobiliário que cada um escolheu para fotografar.

 

Maximiliano Crovato na chaise atribuída a Oscar Niemeyer

 

Foto: Gabriel Bertoncel

 

Versatille: O que motivou você a trabalhar nessa área?

 

Maximiliano Crovato: Desde a infância, as minhas brincadeiras eram relacionadas ao universo da arquitetura e do design. Aos 9 anos, fiz o meu primeiro projeto de interiores, que foi o do meu quarto. Ele era pequeno e não tinha muito espaço para brincar. Como eu gostava bastante de ficar em casa, comecei a desenhar uma forma de criar esse espaço. Embuti tudo em apenas uma parede e deixei o resto do quarto livre. Meu pai me apoiou e eu acompanhei todo o trabalho do marceneiro, então foi muito legal ver os meus rabiscos tomando forma. Meu foco sempre foi interiores, e até 2017 eu trabalhava em uma espécie de atendimento-butique para personalizar ambientes para os meus clientes. Em 2018, minha cabeça começou a fervilhar muito com ideias e eu decidi desenhar a minha primeira coleção de mobiliários, a Geometria, que tinha as minhas principais referências de design. 

 

V: Como funciona seu processo criativo?

 

MC: Eu começo no croqui e depois sigo para um molde de papelão em tamanho real, então sinto a peça antes de partir para o protótipo – fase em que defino estruturalmente as proporções. Depois disso, libero para a produção, que é toda feita de forma artesanal no estúdio, o que eu chamo de alta-costura da marcenaria. Eu faço uma arte funcional com design contemplativo, é assim que classifico. 

 

V: Em que ou em quem você se inspira?

 

MC: Sempre me inspirei muito no vintage dos anos 1970, que foi a década em que eu nasci. Além disso, gosto de misturar a contemporaneidade com algumas pitadas de vintage no geral. Admiro muito a art déco, o maximalismo italiano e o movimento Memphis, que nada mais é do que a união de tudo o que eu gosto. Esse é o principal, mas também estou sempre de olho na moda e na rua. Tudo no cotidiano me inspira. Sempre fui um explorador. 

 

V: Quais são seus trabalhos mais recentes?

 

MC: Eu falaria da minha última exposição, Atlas Darija, que teve o Marrocos como inspiração e relançou a coleção T em 13 cores novas. Para mim, o último filho é sempre o favorito do momento, por isso estou com a exposição na cabeça (risos). 

 

Foto: Gabriel Bertoncel

 

V: Qual foi a maior realização de sua trajetória?

 

MC: É difícil escolher apenas um trabalho, mas eu me orgulho muito da coleção Animal, e principalmente da peça Centopeia, que é a criação com que eu mais me identifico. Posso dizer que ela é a minha favorita. 

 

V: Qual é seu maior sonho atual na carreira?

 

MC: Meu desejo atualmente é fazer um hotel todo Maximiliano Crovato. Eu já realizei muitos sonhos, mas esse ainda está em aberto. 

 

V: Para você, design é…

 

MC: Algo contemplativo. Para mim, design é uma arte funcional que também pode ser contemplativa. 

 

Por Beatriz Calais

Direção: Giulianna Iodice

Fotos: Gabriel Bertoncel

Locação Galeria Teo

Tratamento de Imagem: Everaldo Guimaraes

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