“O meu melhor papel é o de agora”, diz Sheron Menezzes
Além do inquestionável dom da atuação, um dos maiores talentos de Sheron Menezzes é manter o equilíbrio e a harmonia em meio à rotina frenética
Desde que apareceu nas telas da televisão, na novela Esperança (2002), da Globo, Sheron Menezzes passou a encantar os espectadores em cada personagem que interpretou. Seja como vilã ou mocinha; em histórias contemporâneas ou que reconstituíram momentos do passado; na TV, no cinema ou no teatro; a atriz ganhou destaque por todo o seu empenho ao dar vida a personalidades tão diferentes e fortes. Cada uma delas foi essencial para trazê-la a sua fase profissional atual, em que interpreta sua primeira protagonista: a Sol, da novela Vai na Fé, transmitida pela Rede Globo.
Mas nem tudo é trabalho. Sheron ressalta, em entrevista à Versatille, que um dia perfeito seria aquele que pudesse dar conta de tudo e também descansar, já que tem a sensação de que sempre falta tempo. Porém, diz ser boa em equilibrar os pratinhos de sua vida, que não são poucos.
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“Acho que é muito importante ressaltar que sou privilegiada porque poucos podem dizer, aos 40 anos, que se sentem completos em todos os âmbitos da vida. E que bom que tenho esse privilégio e pessoas ao meu redor que me ajudam a me sentir completa e realizada”, conclui. Confira, na sequência, entrevista na qual revela detalhes de sua trajetória, seu cotidiano e seus sonhos.
Versatille: Como começou sua relação com a atuação?
Sheron Menezzes: Minha mãe me colocou em um curso de modelo. Ela notou que eu tinha o dom para fazer algumas coisas. Acho maravilhoso quando os pais percebem para onde os filhos podem ir e os encaminham. Eu fazia cursos para comerciais e logo descobri que quem falava neles ganhava mais, porque não é tão fácil assim falar com naturalidade. E, novamente, minha mãe me colocou em um curso de televisão, eu comecei a gostar, fui fazer teatro e, então, me apaixonei!
V: Tem algum papel que mais marcou você durante sua trajetória?
SM: São quase todos, porque eu tenho a sorte de ter tido papéis muito diferentes e bons nestes 20 e tantos anos de carreira. Acredito que a gente tem de fazer o papel sempre muito bem-feito e também com muita profundidade, e isso torna todas as personagens que interpretei maravilhosas para mim. O meu melhor papel é o de agora, porque é o que estou dedicada a fazer – ou seja, o papel que tenho no momento é sempre o mais importante. Todos os outros me trouxeram a ele.
V: Se não fosse atriz, qual profissão escolheria? Por quê?
SM: Quando eu era pequena, queria ser psicóloga. É muito doido isso, e acho que a psicologia, inclusive, tem tudo a ver com a minha profissão. A gente trabalha muito, vive muitas pessoas em uma só e troca de personalidade a todo tempo para essas personagens. Seria muito bom entender como funciona a cabeça de um ator. Eu também sempre quis ser cantora, mas essa não era a profissão que desejava ter, e sim o dom com o qual gostaria de ter nascido, o de cantar com facilidade. Uma vontade, um sonho, era ser aquelas negras americanas, que cantam em igreja. Hoje, se eu parasse de atuar – o que eu acho que nunca vai acontecer –, seria designer de interiores. Eu amo e estou sempre em obra (risos).
V: Como você descreveria um dia perfeito em sua vida?
SM: Um dia em que eu pudesse fazer tudo o que quero e não consigo nunca. O dia que eu conseguir finalizar todas as minhas tarefas será incrível. E uma delas seria descansar. Com novela ou sem novela, a gente nunca consegue dar conta dos nossos planos, porque acho que acabamos nos cobrando demais e planejando coisas demais. Sempre fica faltando algo. Estão sempre faltando horas no meu dia.
V: O que a fez decidir acrescentar um “Z” em seu sobrenome?
SM: A numerologia (estudo do significado oculto dos números e sua influência no comportamento e no destino dos homens). Eu acredito muito na nossa cabeça. Fiz a mudança achando que tudo seria perfeito, e é. Se eu achasse que não mudar é o que faria tudo ser perfeito, também seria. É muito da nossa cabeça fazer o que acontece com a gente. É como simpatia: só funciona se você acreditar nela.
V: Como você se conecta com a moda no dia a dia fora das câmeras?
SM: Eu adoro moda, e igualmente consumir moda. Gosto de saber o que é tendência e o que não é, mas também acredito que temos de vestir aquilo que nos faz bem, que fica bem em nós. Acho que a moda e a beleza são um estado de espírito. Se você gosta daquilo e se sente bem naquilo, “segure” aquilo que veste é mais bacana do que simplesmente seguir um caminho, uma tendência.
V: O que acredita ser seu maior talento?
SM: Hoje o meu maior talento, de verdade, é saber equilibrar os pratinhos, que são muitos.
V: Alguém que admira?
SM: Nossa, eu admiro tanta gente, mas acho que passei um pouco da fase de admirar pessoas como uma escritora específica ou uma atriz. Estou em um momento de admirar pessoas reais que conseguem tocar a vida. Eu não tenho um nome para citar, mas admiro muito as pessoas que passaram e estão na minha trajetória e que me construíram para que eu estivesse aqui hoje. São aquelas que me dão suporte para eu fazer o que faço atualmente e para lidar com a correria do dia a dia. Seria muito clichê eu falar que admiro a minha mãe, as minhas amigas, o meu marido, ainda que os admire. Então, na verdade, eu tenho é carinho pelas pessoas que me ajudam a conseguir estar tocando bem a vida.
V: Qual sonho, pessoal ou profissional, ainda deseja realizar?
SM: Essa é uma boa pergunta. O que falta na minha vida ou o que eu não realizei? Materialmente, nada, sendo sincera. Profissionalmente, eu cheguei a um lugar no qual sou muito feliz. Pessoalmente, me sinto da mesma forma. Eu tenho uma família maravilhosa e incentivadora. Um filho incrível, um marido com quem posso contar, amigos leais e que são a minha base. Realmente posso dizer que venci na vida, e o que vier, a partir daqui, é tudo lucro. É maravilhoso viajar o mundo, conhecer lugares, há coisas que eu quero conquistar, mas estou muito feliz. Eu me sinto completa. Acho que é muito importante ressaltar que sou privilegiada porque poucos podem dizer, aos 40 anos, que se sentem completos em todos os âmbitos da vida. E que bom que tenho esse privilégio e pessoas ao meu redor que me ajudam a me sentir completa e realizada.
por Laís Campos
“Aceitar o convite para retomar a moda na Versatille foi um delicioso desafio.
Foi fascinante pensar nesta edição de virada e manter o universo da arte como ponto de contato fundamental.
Quando iniciamos, as possibilidades eram infinitas, e tudo começou a tomar forma a partir da escolha dos personagens centrais: Sheron Menezzes e José Loreto. Uma dupla explosiva que vem arrebatando corações e a audiência da faixa das 19h, com a novela da Globo Vai na Fé.
Em seguida, o lindo e sempre inspirador trabalho do artista Paulo von Poser serviu como uma luva e foi o ponto de partida de um processo minucioso, para evoluir com os moodboards e avançar com a vocação do título em destacar a arte.
Para ela, a delicadeza e a silhueta do Rio de Janeiro, suas curvas e seus contornos, a Praia de Copacabana, o Copacabana Palace, a Belmond Hotel (não por acaso um dos principais endereços de distribuição da revista e local escolhido para o lançamento), além do Jardim Botânico e seu roseiral único. Para ele, a selva frenética de São Paulo, a potência do centro, o Masp e as rosas de pegada punk, que têm aspecto de grafite. Tudo sob medida e desenvolvido para enaltecer o melhor da moda.
A fim de encerrar a edição em alto estilo, um time de profissionais incríveis, que deram vida às histórias que contamos aqui.
Obrigado pela entrega e pelo empenho. Começamos com o pé direito, e isso é um ótimo sinal.”
Luis Fiod
Direção criativa e edição de moda: Luis Fiod
Fotos: Eduardo Rezende
Ilustrações e pinturas: Paulo von Poser
Produção de moda: Zeca Ziembik
Beleza: André Veloso
Assistentes de produção: Giuliana Grandi e Igor Urban
Assistentes de fotografia: Riquelme Carvalho e Mariana Gabetta
Camareira: Fabi Oliveira
Produção executiva: Andre Bona
Studio e Set design: Galpão 8
Tratamento de imagem: Thiago Auge