“O funk é o rei das oportunidades”, conta MC Marks

No quadro 3X4, o funkeiro fala sobre sua história e suas conquistas por meio do mercado musical

Foto: Gabriel Bertoncel

Com quase três milhões de seguidores no Instagram, o funkeiro MC Marks é conhecido por sucessos como “Deus é Por Nós” e “Céu de Pipa”, que possuem altos números de ouvintes nos streamings musicais. Por trás da fama e do nome artístico que escolheu, está Paulo Alexandre Marques, um jovem que cresceu em Americanópolis, zona sul de São Paulo, e enxergou na família a inspiração para seguir carreira como músico.  

 

No novo quadro 3X4 da Versatille, MC Marks discorre sobre sua visão da indústria do funk e os impactos desse mercado na sua vida. Confira, a seguir, a conversa completa. 

 

LEIA MAIS:

 

Versatille: Quando você se encontrou no funk? 

 

MC Marks: Na verdade foi o funk que me encontrou, porque eu curtia mais pagode. Tinha um grupinho de pagode por ter referência em casa. Meu pai tem um grupo de pagode, isso me influenciou quando menor, e minha mãe também ouvia muito. Aí, o funk me encontrou. Quando veio o funk ostentação, eu via aqueles moleques usando ouro, relógio, óculos pesado, roupa de marca, que é tudo o que a gente só via lá fora né, nos Estados Unidos, de rapper americano… Então, isso fez brilhar os meus olhos e me incentivou a querer fazer funk. Para mim foi nessa epóca, mas o funk veio bem antes, desde a época da Furacão 2000, que minha mãe comprava o “cdzinho” e eu ficava ouvindo dentro de casa. Nessa época eu já gostava da batida, mas ainda não tinha pensando em começar a cantar.  

 

Foto: Gabriel Bertoncel

 


V: Quem eram suas inspirações no início da sua carreira? E quem te inspira atualmente? 

 

MM: Minhas referências no começo eram grupos de samba, pagode, Arlindo Cruz, Bezerra da Silva, Zeca Pagodinho, um pouco de MPB, como Djavan e Ed Motta. O Racionais Mc´s também me inspirou muito. Tenho várias frases escritas das músicas e acho que vai ser um grupo que sempre vai me inspirar por contar muito a realidade que eu vivi e que ainda vivo.  

 

Mas, hoje, minhas referências são meus amigos. Eu gosto de ter referências nos meus amigos. A gente tendo referência um no outro, deixa o movimento mais forte. Vemos uma parada ali que outro tá fazendo e falamos: ‘mano, isso é legal, me inspirei nisso aí’. E vamos que vamos. Quando dez pessoas estão fazendo algo, a chance de dar bom é muito maior do que quando apenas uma está fazendo. Então, o conjunto sempre vence. 

 

V: Como era o cenário do funk brasileiro quando você começou a fazer sucesso? 

 

MM: Era pandemia, né. Quando eu comecei a fazer sucesso, que as minhas músicas começaram a ter visibilidade, foi na época da pandemia. Estava todo mundo com medo do que estava acontecendo na época, todos dentro de casa, aí, o funk caiu como uma luva. As pessoas estavam precisando de uma motivação, um conforto. Foi aí que as minhas músicas começaram a andar. 

 

V: De que forma sua vida mudou depois de ter alcançado uma posição de destaque no funk? 

 

MM: Minha vida mudou da água para o vinho. Eu não tinha visibilidade e renda, só muito sonho e força de vontade — também tinha a minha família, graças a Deus. Antes, depois e para sempre. Mas, mudou muito a minha vida. Pude dar uma vida melhor para a minha mãe, tirar ela do trabalho que era muito árduo. Também consegui comprar um carro para poder me locomover e ir nos meus estúdios a hora que eu quero. Comprei um berço para o meu filho, que na época não tinha a possibilidade de comprar. No ano que estourou as minhas músicas eu não tinha comprado nem isso para ele, e ele já ia nascer. Então, agora, eu posso dar uma estrutura melhor para os meus filhos, que já estão na escola, para a minha família e para os meus amigos que trabalham comigo. Isso não tem preço. Sou muito grato a Deus. O funk mudou a minha vida.  

 

Foto: Gabriel Bertoncel

 

V: Quais oportunidades você acredita que o gênero pode trazer aos que estão iniciando no ramo? 

 

MM: O funk é o rei das oportunidades, no meu ponto de vista. É o movimento que eu vejo que mais abraça todas as pessoas em comum: não importa a idade e o gênero que curte, se colocar o funk junto, vai ficar bom. Então, a oportunidade do funk para quem quer cantar é ótima. É um movimento que com certeza vai te abraçar, segurar na mão e andar junto.  

 

V: Qual o maior sonho que realizou depois de ter alcançado a fama? 

 

MM: O maior sonho que eu realizei é aquele sonho clichê de MCs. Como todos vêm de baixo e de uma família de baixa renda, o sonho é conquistar a casa própria. Eu tenho certeza que a maioria vai responder isso. Quando eu dei uma casa para a minha mãe e quando eu comprei a minha, foram os dias mais felizes da minha vida. Saber que eu poderia dormir em paz, que não iria ser despejado e teria o meu cantinho. Então, o funk deu o meu maior bem, e o resto que vier é consequência. 

 

V: O que ainda deseja realizar na carreira? 

 

MM: Ainda tenho muito a realizar. Acho que ainda estou no primeiro degrau da minha carreira, e eu gosto de ver assim, sempre, porque um ser humano sem sonho, não é ser humano. Todo mundo tem que sonhar um pouco para poder viver nesse mundo louco. Mas os próximos passos são: quero ter uma banda, fazer outros estilos de músicas e até teatro. Tem várias coisas na minha mente que, se Deus quiser, um dia eu vou olhar e falar — ‘nossa, que bom que eu sonhei’.  

 

Foto: Gabriel Bertoncel

 


V: O que é felicidade para você? 

 

MM:  Nossa, essa pergunta. Felicidade para mim é poder viver do meu sonho todos os dias. Poder viver com a minha família, os meus amigos, e poder comer o que eu quero comer, ter uma cama boa para dormir e um chuveiro quente. São essas coisas que me fazem feliz. É isso.  

 

Por Redação

Para quem pensa em ir para o Japão em busca de uma nova vida, também poderá procurar empregos aqui.