Na trilha do dinheiro: Marco Tullio Forte
O Managing Director da divisão de Wealth Management do Credit Suisse Brasil discorre sobre a importância da independência financeira e da trajetória profissional
Todos começaram bem novos no mercado financeiro e construíram suas carreiras de formas distintas: Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, migrou para o setor das criptomoedas em 2018; Marco Tullio Forte, Managing Director da divisão de Wealth Management do Credit Suisse Brasil, fez carreira no banco suíço; e Pedro Henrique Feres acaba de assumir a diretoria da TC Investimentos. Firmes em seus propósitos e trajetórias, os três executivos compartilharam com a Versatille suas histórias próprias de conquista da independência financeira – pauta frequente nos dias atuais –, os desafios e seus objetivos profissionais. Na sequência, confira a entrevista com Marco Tullio Forte.
LEIA MAIS:
- Conheça as 3 brasileiras representantes da Tiffany & Co. no Brasil
- Panerai mira na sustentabilidade
- Design que fica: 4 cadeiras icônicas desenhadas por brasileiros
O executivo fez carreira no Credit Suisse Brasil a partir do momento em que a butique de investimentos Hedging-Griffo foi comprada pelo banco suíço, em 2006. Em uma jornada ascendente e inspiradora, Marco Tullio Forte passou por desafios profissionais, conquistou seu espaço e sempre se manteve “contínuo e resiliente”, nas próprias palavras. Confira a entrevista na íntegra.
Versatille: Em qual momento de sua vida você considera ter adquirido consciência e independência financeira? Quais elementos foram fundamentais?
Marco Tullio Forte: Eu comecei a trabalhar em 1994 na área de corporate banking e fiquei nesse mercado até 2002, quando fui demitido do BankBoston. Essa demissão me marcou muito, porque fiquei uns seis meses fora do mercado, tentei empreender, terminei de gastar as poucas reservas que eu tinha – fiquei até um pouco endividado –, e aí um amigo começou a insistir para que eu fosse trabalhar na Hedging-Griffo, um projeto diferente, de partnership, em que era possível virar sócio. No fim de 2002 eu aceitei o desafio e mudei de segmento dentro do setor financeiro. Fui para a Hedging-Griffo com a proposta de falar com pessoas físicas, e eu me sentia mais relevante porque lidava com a vida das pessoas.
Em 2005, após alguns anos conquistando o meu espaço, tive um primeiro semestre com um resultado muito bom e fui recompensado com um ótimo bônus. Quando recebi esse bônus, percebi que tinha mudado de patamar. Já estava com uma certa estabilidade. Curiosamente, isso aconteceu um pouco antes da celebração do meu casamento. Minha esposa sempre me apoiou e acreditou, então esse período foi marcante na minha trajetória. Recebi o bônus, casei e tive muito apoio de toda a família. O elemento fundamental para que tudo isso acontecesse foi a resiliência. E essa é uma característica importante até hoje. As gerações mais novas querem que as coisas aconteçam de maneira muito rápida, mas não é assim que funciona. Precisamos de continuidade e resiliência.
V: Qual foi o maior desafio que enfrentou até o momento em sua trajetória profissional?
MTF: Quando eu fui demitido, em maio de 2002, foi um momento marcante. Tivemos a crise da Argentina em 2001, e achavam que o Brasil seria o próximo país a entrar em crise. Era um período eleitoral instável, e eu tinha pouco tempo de banco, então acabei sendo demitido em um dos cortes de funcionários. Além disso, também cometi um erro com um cliente nos meus primeiros seis meses de Hedging-Griffo e passei por um período de recuperação. Existia uma salinha temporária para quem cometia esses deslizes na empresa. Ali ninguém podia ficar por muito tempo. Ou você voltava a ter uma carreira ou apertava o térreo e ia embora. Isso também me marcou demais, pois foi importante para o meu amadurecimento. Dei a volta por cima, fui promovido e convidado a me tornar sócio da Hedging-Griffo um pouco antes de a companhia ser vendida para o Credit Suisse. O período na salinha valeu a pena.
V: Qual foi sua maior conquista profissional até agora?
MTF: O convite para me tornar sócio da Hedging-Griffo, no fim de 2006, foi muito especial. Essa foi a minha primeira grande conquista no mercado financeiro. Para completar, em 2020 fui promovido para managing director dentro do banco. Foi um grande reconhecimento e me deixou muito orgulhoso. Isso, claro, na vida profissional. Na vida pessoal, posso falar do nascimento das minhas filhas, em 2010 e 2011.
V: Tem alguém que você admire profissionalmente?
MTF: Duas pessoas com quem eu trabalhei e convivi durante a minha trajetória. Uma delas é o Luis Stuhlberger, gestor e CEO da Verde Asset Management. Ele era um dos controladores da Hedging-Griffo, e essa admiração que eu tenho vem do altruísmo e da inteligência emocional que ele demonstrou lá atrás, quando a empresa era muito pequena. Ele abriu mão de ganhos econômicos para montar um negócio que realmente se tornou relevante e virou alvo de aquisição do Credit Suisse. Minha segunda inspiração é o Antonio Quintella, que foi a pessoa responsável pela grande formação do Credit Suisse no Brasil. Ele ajudou a comprar o Banco Garantia, em 1998, e depois a Hedging-Griffo, em 2006. Uma pessoa extremamente inteligente, capaz e vencedora.
V: O que inspira você na profissão?
MTF: O fato de eu poder me relacionar com uma série de famílias, empresários e executivos de sucesso me dá muito prazer. Além disso, é inspirador poder empreender dentro do Credit Suisse, tocar projetos novos e trazer valor para os clientes e para a instituição, o que, consequentemente, reflete em valores para mim. Acredito muito neste tripé: cliente, instituição e executivos. Se isso não estiver equilibrado, nada vai para a frente.
LEIA MAIS:
- 8 lojas que vendem móveis e decorações vintage no Instagram
- 7 stylists que vestem os ícones fashionistas do momento
- Muitos Nordestes: Gustavo Narciso
V: Profissionalmente, o que gostaria de realizar nos próximos cinco anos?
MTF: Assisti a um vídeo do Abílio Diniz entrevistando o Jorge Paulo Lemann e eles falam muito sobre a necessidade de se conectar com os jovens, que são a nova força de trabalho. Eles representam a inovação, e a conexão é fundamental. É isso que eu quero continuar fazendo nos próximos anos. Quero aprender nesse processo enquanto ajudo na formação de novos talentos. Além disso, também queremos abrir novos horizontes para a América Latina – um desafio para a nova fase do Credit Suisse do Brasil.
Por Giulianna Iodice e Beatriz Calais
Fotos: Gabriel Bertoncel
Tratamento de imagem: Robson Baptista
Assistente de fotos: Will Horas
Matéria publicada na edição 126 da Versatille