Muitos Nordestes: Luanda Vieira

A jornalista e influenciadora veste peças da marca Adriana Meira, integrante do projeto Nordestesse

Luanda Vieira
Luanda Vieira

Brasil, país de dimensões continentais e que abriga uma pluralidade de culturas única, o cenário perfeito para a efervescência de mentes criativas fazerem o que fazem de melhor: criar. Mesmo com tantos talentos, marcas passam despercebidas, muitas vezes pela falta de olhar para determinadas regiões.

 

LEIA MAIS:

 

A plataforma Nordestesse, fundada por Daniela Falcão, promove uma curadoria cautelosa e fomenta e divulga o trabalho de empreendedores oriundos dos nove estados nordestinos, apoiados em cinco pilares: moda, design, artes visuais, gastronomia e hotelaria. Sem cair nos clichês, marcas demonstram seus DNAs por meio do design autoral e do resgate de tradições, saberes e matérias-primas – caso das labels presentes no editorial: as baianas Adriana Meira e Ateliê Mão de Mãe, a cearense Açude e a potiguar Depedro. Os convidados Carollina Lauriano, Gabriel Gontijo, Gustavo Narciso e Luanda Vieira posam em fundos coloridos, esbanjam personalidade nas peças e discorrem sobre a importância da moda brasileira e de seus desdobramentos. 

 

Luanda Vieira é jornalista, consultora de diversidade, equidade e influsão e influenciadora digital. Seu início no universo fashion se deu como repórter de moda na revista Glamour. Depois, foi editora de beleza e wellness na Vogue Brasil e, desde então, busca inserir esses assuntos em seu conteúdo nas redes e nos textos de sua newsletter.

 

Versatille: Qual é a função da moda para você?  

Luanda Vieira: Eu acredito que moda é comportamento e forma de se expressar. Eu uso muito a moda para comunicar o que eu quero transmitir para o mundo, os meus propósitos… acho que é para passar um recado.  

 

Luanda posa para o editorial

Luanda veste casaco e vestido Adriana Meira, sandálias Pinga, brincos Palone Design e bolsa Am Brazil

 

V: Como você se expressa pela moda? 

LV: O que eu tento fazer na moda é introduzir o street style para ele circular em um ambiente mais luxuoso. Então, no meu perfil, por exemplo, me descrevo como especialista em high-low (a junção de um universo mais popular com outro mais sofisticado), porque o que eu mais gosto de fazer é essa mistura. Isso também diz muito sobre o que espero para a sociedade em relação às pessoas negras como eu, que a gente possa adentrar em vários ambientes. E é dessa forma, com a moda, que eu levo o recado.  

 

V: Como você se conecta com a marca Adriana Meira? 

LV: Eu a conheci em uma parceria com o designer Isaac Silva, e fiquei apaixonada, mas ainda não me via muito na marca. No ano passado, entrei para o candomblé e entendi que o que ela fazia tinha muito a ver com a religião que eu estava escolhendo naquele momento. Na primeira edição do Nordestesse, conheci a Adriana e foi um match na hora. Eu acho muito interessante a forma como ela produz, porque conversa com todos os clientes, entende a essência da pessoa, do que gosta etc. Então, ela falou que faria um vestido para mim. A princípio, ele seria vermelho porque meu orixá é Iansã, que tem cor vermelha. Durante a feira, eu vi um vestido em animal print que era a minha cara, mas ela não tinha mais o tecido. De repente, me avisou que tinha encontrado e iria fazer a sua interpretação de mim. O meu vestido sou eu, pelo olhar dela. Eu uso, mas facilmente o penduraria em casa em um quadro porque acho que o que ela faz é de fato obra de arte, digna de estar em um museu.  

 

Luanda Vieira posa para o editorial

Luanda veste vestido Adriana Meira, Sandálias Pinga, acessórios Palone Design e bolsa Gonzalo

 

V: O que a moda brasileira tem de único? 

LV: Como eu acredito muito que moda é comportamento, acho que ela segue essa espontaneidade que o brasileiro tem. A gente é muito calorosa, criativa, expansiva, então a moda segue essa vertente de realmente inovar o tempo inteiro. Acho que, como sempre temos de nos virar para resolver as coisas e terminar o dia bem, a moda também é um espelho disso, da essência brasileira. 

 

LEIA MAIS:

 

V: Complete a frase: em um mundo ideal, a moda seria… 

LV: Reconhecida. Acredito que falta a gente entender artistas, por exemplo a Adriana, como pessoas importantes para a história do país. A moda não é mais a roupa pela roupa, então o que eu tento muito falar e fazer é tirar a moda desse lugar da futilidade, porque ela nunca esteve nele. A moda precisa ser reconhecida como ato político, como forma de expressão, entre outras coisas. 

 

Por Laís Campos

Fotos: Muraca

Tratamento de imagem: on retouch

Styling: Raoni Vieira

Assistente de styling: Sarah Fialho

Assistente de set: Luiza Borges

Maquiagem, grooming e hair: Bruno Nascimento

Convidados: Carollina Lauriano, Gabriel Gontijo, Gustavo Narciso e Luanda Vieira

 

Matéria publicada na edição 125 da Versatille

Para quem pensa em ir para o Japão em busca de uma nova vida, também poderá procurar empregos aqui.