Muitos Nordestes: Carollina Lauriano
A curadora-adjunta na Bienal do Mercosul veste peças da Açude, integrante da plataforma Nordestesse
Brasil, país de dimensões continentais e que abriga uma pluralidade de culturas única, o cenário perfeito para a efervescência de mentes criativas fazerem o que fazem de melhor: criar. Mesmo com tantos talentos, marcas passam despercebidas, muitas vezes pela falta de olhar para determinadas regiões.
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A plataforma Nordestesse, fundada por Daniela Falcão, promove uma curadoria cautelosa e fomenta e divulga o trabalho de empreendedores oriundos dos nove estados nordestinos, apoiados em cinco pilares: moda, design, artes visuais, gastronomia e hotelaria. Sem cair nos clichês, marcas demonstram seus DNAs por meio do design autoral e do resgate de tradições, saberes e matérias-primas – caso das labels presentes no editorial: as baianas Adriana Meira e Ateliê Mão de Mãe, a cearense Açude e a potiguar Depedro. Os convidados Carollina Lauriano, Gabriel Gontijo, Gustavo Narciso e Luanda Vieira posam em fundos coloridos, esbanjam personalidade nas peças e discorrem sobre a importância da moda brasileira e de seus desdobramentos.
Carollina Lauriano é curadora-adjunta na Bienal do Mercosul. Com formação interdisciplinar – jornalismo, marketing e pesquisa de tendências –, transitou profissionalmente pelo mercado da moda durante dez anos, acompanhando seu desenvolvimento em busca de novas ferramentas de criação de conteúdo tanto para o ambiente digital quanto para eventos. Atualmente, posiciona-se como observadora da moda, a fim de entender os elementos e produtos compatíveis com sua personalidade.
Versatille: Qual é a função da moda para você?
Carollina Lauriano: Para mim, é comunicação e expressão pessoal.
V: Como você se expressa pela moda?
CL: A moda tem de fazer sentido com os meus valores de mundo. Eu acredito muito no design autoral, de jovens designers, mais slow, atemporal e que reflita a minha personalidade. Me interessa analisar como os criativos estão pensando a moda para o momento atual.
V: Como você se conecta com a marca Açude?
CL: Eu acho que a Açude partilha todos esses valores de que eu falei na pergunta anterior. É uma label criada por mulheres que estão fora do eixo Rio-São Paulo, estabelecido como um centro, um circuito. Eu me conecto com isso em um lugar que eu também estou buscando o fora, o que não está dentro desse centro. Então, a nossa conexão mais forte é por esse lado.
V: O que a moda brasileira tem de único?
CL: A criatividade. Quando a moda brasileira olha para o próprio país e vê a potência criativa que a gente tem, é o movimento inverso de que eu falei anteriormente: ao invés de ficar olhando para fora e buscar a tendência fora, olhar para dentro. Então, a maior potência disso é esse olhar para a gente.
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V: Complete a frase: em um mundo ideal, a moda seria…
CL: Plural, porque ela precisa abarcar a diversidade, outros corpos, outras vivências, outras possibilidades, não de novo só o que está dado, com o que a gente está acostumada como o belo, o conhecido, o normativo. Mais do que isso, quando eu penso em pluralidade, é para sair da norma.
Por Laís Campos
Fotos: Muraca
Tratamento de imagem: on retouch
Styling: Raoni Vieira
Assistente de styling: Sarah Fialho
Assistente de set: Luiza Borges
Maquiagem, grooming e hair: Bruno Nascimento
Convidados: Carollina Lauriano, Gabriel Gontijo, Gustavo Narciso e Luanda Vieira
Matéria publicada na edição 125 da Versatille