Moda e tecnologia: conheça 3 marcas nacionais
A inovação tecnológica no setor fashion tem se destacado em processos sustentáveis para criar roupas funcionais
A preocupação com a origem e sustentabilidade de tecidos é o grande propulsor dos avanços tecnológicos aplicados na indústria da moda. Além de dispositivos vestíveis, como os famosos relógios inteligentes, e roupas de performance, a tecnologia no setor fashion se destaca por seu processo de fabricação, desenvolvido a partir de matérias-primas não poluentes.
“O impulso tecnológico no setor surgiu da procura de materiais antes de se fazer propriamente o artigo. O primeiro passo vem dessa intenção de se trabalhar com tecidos que gerem menos impactos ambientais, os quais não são obrigatoriamente feitos de fios naturais”, diz Simone Jordão, consultora internacional de negócios de moda.
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Em relação ao produto, a especialista explica que o papel da tecnologia é gerar praticidade. Independentemente do estilo de roupa, as peças tecnológicas são criadas para ser multifuncionais: “A grande vantagem é quanto elas facilitam sua vida”, afirma.
Em meio a esse cenário de produção sustentável e peças tecnológicas funcionais, marcas como a Insider Store e a LIVE! e a fabricante de tecidos Vicunha ganham evidência. Confira a seguir como cada uma desenvolve suas tecnologias e avança no setor.
Vicunha
O que define a multinacional brasileira Vicunha, uma das maiores produtoras mundiais de denim, é a inovação. “Nós temos um mindset aberto ao novo. Nossos profissionais têm muita abertura para testar tecnicamente. Desde o industrial até o marketing, é possível experimentar de uma maneira construtiva”, diz Lorena Botti, cool hunter (profissional que capta tendências) da Vicunha.
Entre suas seis macrolinhas com diferentes focos, como sustentabilidade, movimento e leveza, destaca-se a V.Tech, que inclui tecidos com maior tecnologia e funcionalidade. No ano passado, a companhia incluiu nesse segmento a coleção V.Ptrotective, que apresenta a tecnologia suíça HeiQ Viroblock, também antiviral.
A inovação tecnológica da Vicunha está presente em todo o processo produtivo e contribui para uma cadeia sustentável. Além de ser pioneira no uso de biomassa (matéria orgânica de origem vegetal ou animal usada para produzir energia) ao invés de combustível fóssil, o que reduz a emissão de dióxido de carbono, a empresa recicla mais de 7 mil toneladas de algodão por ano internamente e reaproveita 30% da água em banheiros e resfriamento de maquinário.
Embora seja comum associar tecnologia na moda a produtos esportivos, Lorena explica que o jeans, por sua natureza, já impulsiona o desenvolvimento tecnológico. “O potencial do jeanswear é a sua tradição. Ele é o tecido mais desejado e permeia toda a sociedade. Isso já faz a gente ter todos os esforços, tanto para entender o consumidor quanto para trazer novas tecnologias”, conclui.
LIVE!
Consolidada no mercado brasileiro de vestuário esportivo desde 2002, com e-commerce e lojas físicas, a LIVE! oferece mais de dez tecnologias, como secagem rápida, proteção UV (contra raios ultravioleta), antiviral e o fio Emana, que emite raios infravermelhos a fim de converter o calor do corpo humano em benefícios para a pele. O lançamento mais recente é uma parceria inédita com a multinacional americana DuPont, que resultou na fabricação conjunta de peças constituídas pelo fio Sorona, uma fibra vegetal de fonte renovável que confere aos produtos ótima durabilidade e compõe também o material das embalagens.
Todas as tecnologias da LIVE! são fruto de pesquisas norteadas principalmente pela sustentabilidade. “Há uma consultoria que traz muitos estudos sobre inovações tecnológicas de tecidos desfibrados [feitos a partir de matéria-prima residual], por exemplo, entre vários outros apontamentos que recebemos e são direcionados ao time de estilo. Temos o objetivo de fazer com que as coleções apresentem 15% ou 20% de produtos sustentáveis, menos poluentes ou que usem menos água”, diz Joice Sens, cofundadora e diretora criativa da marca.
Para a empresária, as roupas da LIVE! se diferem sobretudo pelo caimento no corpo e estilo. “Tecnologia é premissa no mercado esportivo. Muitas marcas apresentam produtos tecnológicos que às vezes não vestem bem ou não têm uma aparência legal. O diferencial está em conforto, vestibilidade e referências de moda”, afirma.
Insider Store
Criada em 2017, a fashion tech Insider Store, dos sócios Carolina Matsuse e Yuri Gricheno, já surgiu com o propósito de facilitar o dia a dia por meio de roupas tecnológicas e funcionais, produzidas de forma sustentável. O primeiro produto foi uma undershirt (camiseta interna) antissuor e odor, voltada ao público executivo que veste um estilo social com frequência. A partir de então, além do underwear, surgiram as linhas esportiva e casual, ambas masculina e feminina, também apoiadas no desenvolvimento tecnológico.
No ano de 2020, o desafio foi desenvolver um produto que combatesse os vírus, incluindo o Sars-Cov-2. Em um trabalho conjunto com seus fornecedores, a startup foi a primeira brasileira a lançar camisetas e máscaras com proteção antiviral por meio da aplicação de íons de prata no tecido.
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Para Gricheno, sustentabilidade e tecnologia caminham paralelamente. Por isso, as matérias-primas e o processo produtivo da Insider estão atrelados a práticas ambientais responsáveis. “Somos uma das marcas pioneiras no Brasil a produzir 100% das peças sem utilizar algodão ou poliéster.” A fibra usada é a de modal, originada a partir de madeira de reflorestamento: “Ela é importada, tem todo tipo de cuidado, selos de sustentabilidade, reutilização de água e não gera qualquer tipo de impacto ao meio ambiente”, conclui.
Por Laís Campos | Matéria publicada na edição 122 da Versatille