No dia 25 de janeiro, comemora-se o aniversário de São Paulo, uma cidade fundada em 1554 pelos padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Por mais de 300 anos, a cidade não passou de um pequeno vilarejo com uma igreja e um colégio construídos com o objetivo de catequizar os índios — em um local que hoje é conhecido como “Pateo do Collegio”.  

 

Foi a partir de 1870, na época em que a economia cafeeira estava em seu auge, que a cidade começou a crescer e se tornar tão importante. Neste período, estrangeiros do mundo todo chegavam à região em busca de prosperidade e distanciamento de guerras. Italianos, portugueses, espanhóis, armênios, franceses, chineses e japoneses são apenas alguns exemplos de nacionalidades que rechearam o território que um dia foi apenas um vilarejo.  

 

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É inegável que a presença dos imigrantes fez parte da construção de São Paulo como uma metrópole cosmopolita repleta de influências culturais e gastronômicas realmente fascinantes. É possível encontrar de tudo na cidade: de clássicas pizzas italianas a tradicionais pratos chineses feitos por famílias que chegaram na capital há muitas décadas.  

 

Sendo assim, neste aniversário de São Paulo, a dica é aproveitar para conhecer um pouco da história dos imigrantes na cidade por meio da comida — e creio que não haja sugestão mais gostosa do que essa. Na lista a seguir estão nove restaurantes, fundados a partir do século 19. Casas tradicionais e familiares, que oferecem culinárias diversas que passam de geração em geração. Confira a seguir:  

 

Ristorante Carlino 

 

 

Inaugurado em 1881 pelo italiano Carlo Cecchini, o Ristorante Carlino é um dos mais antigos em atividade na cidade de São Paulo. Atualmente, em funcionamento na Rua Epitácio Pessoa, próximo ao Copan, o restaurante possui uma forte essência italiana voltada aos sabores da Toscana, região onde Cecchini cresceu. É uma ótima escolha para apreciar deliciosas massas e carnes — ou quem sabe os dois juntos, em um saboroso polpetone de picanha recheado de muçarela.  

 

Serviço: Rua Epitácio Pessoa, 85, Vila Buarque 

 

Castelões 

 

 

É quase impossível falar de gastronomia em São Paulo sem citar as amadas pizzas. Há pizzarias para todos os gostos espalhadas pela cidade, mas vale voltar os holofotes para a Castelões, clássica casa fundada por uma família napolitana no centro de São Paulo. As redondas são assadas em um forno a lenha, construído em 1931. Já a pizzaria foi aberta em 1924. 100 anos de história e muita pizza de mozarela.  

 

Serviço: Rua Jairo Goes, 126, Brás 

 

Casa Garabed 

 

 

São Paulo possui uma rica herança árabe em sua cena gastronômica. A Casa Garabed, por exemplo, foi fundada em 1951 pelo armênio Garabed Deyrmendjian, que faz suas esfihas da mesma forma há décadas: no forno a lenha. Um resultado especial que une a tradição e o saboroso tempero da casa. Além das esfihas, o restaurante também serve pratos como kafta, tabule e sarmá.  

 

Serviço: Rua José Margarido, 216, Santana 

 

La Casserole 

 

 

O clássico restaurante francês do Largo do Arouche completa, em 2024, sete décadas de história. Sempre instalado no Largo do Arouche, na região central da cidade, o La Casserole e a capital paulista já são indissociáveis. Fundado pelo casal Roger e Fortunée Henry, em 1954, o restaurante serve pratos clássicos da culinária francesa, como o famoso steak tartare e o cassoulet.  

 

Serviço: Largo do Arouche, 346, República 

 

Ton Hoi 

 

 

Um dos restaurantes orientais mais antigos da cidade, o Ton Hoi fica localizado no Butantã e já possui quatro décadas de funcionamento. Hoje, quem comanda a cozinha da casa é Tommy Wong, que segue os passos de seus familiares ao ofertar uma comida chinesa saborosa e tradicional. Rolinhos primavera e pato frito são alguns dos pratos mais conhecidos e pedidos da casa.  

 

Serviço: Avenida Prof. Francisco Morato, 1484, Butantã 

 

Windhuk 

 

 

Para quem busca conhecer mais da gastronomia alemã, é no Windhuk que se pode imergir em uma gastronomia típica que também carrega muita história. Para fins informativos, “Windhuk” era o nome do navio alemão que ficou detido em território brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial. Por conta do conflito, todos os passageiros ficaram confinados no interior do estado de São Paulo até o fim da guerra, em 1945. Após conquistarem a liberdade, dois ex-tripulantes desta embarcação seguiram para a capital paulista e fundaram um bar e restaurante com foco na cozinha alemã. Batizado de “Windhuk”, o local serve, até hoje, clássicos como kassler e apfelstrudel.  

 

Serviço: Alameda dos Arapanés, 1400, Moema 

 

Acrópolis 

 

 

O tradicional Acrópolis foi fundado pelo grego Thrassyvoulos Georgios Petrakis, que chegou em São Paulo em 1959 e se acomodou na região do Bom Retiro — onde seu restaurante funciona até os dias de hoje. Simples, mas com muita história, o local é uma ótima escolha para quem quer provar receitas gregas como a mussaká.  

 

Serviço: Rua da Graça, 364, Bom Retiro 

 

Fuentes 

 

 

Fundado pelo espanhol Severino Fuentes em 1954, na cidade de Bauru, no interior de São Paulo, o restaurante Fuentes só chegou à capital paulista em 1960, trazendo sua cozinha ibérica com maestria para o centro da cidade. Hoje, quem toma conta da casa, que é famosa por sua paella (ofertada em diversas versões), é Dolores Fernandez, neta de Severino. Com muitas técnicas e temperos passados de geração em geração, o Fuentes é um perfeito exemplo de culinária afetiva que se mantém viva e relevante há décadas.  

 

Serviço: Rua Dr. Melo Alves, 82, Cerqueira César 

 

Jardim de Napoli 

 

 

Mais uma ótima opção para os apreciadores da gastronomia italiana, o Jardim de Napoli foi fundado em 1949 pela família Buonerba. Clássica cantina com massas e carnes, a casa se destaca pelo famoso polpetone à parmegiana — que representa boa parte dos pedidos dos comensais que visitam o local. A receita é segredo de família, o que deixa tudo ainda mais saboroso e especial.  

 

Serviço: Rua Martinico Prado, 463, Vila Buarque 

 

Por Beatriz Calais