Grandes empresas adotam iniciativas para preservar o meio ambiente

Confira as atitudes sustentáveis adotadas por Vulcabras, Boticário, L'Oreal, Hilton e Ambev para brecar as mudanças climáticas

Grandes empresas adotam medidas sustentáveis
(Getty images)

Em um esforço coletivo pelo planeta, os 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) adotaram, em setembro de 2015, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O propósito foi erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, por meio de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que contemplam 169 metas. Para tirar esse plano do papel, convocou-se uma ação conjunta não só entre governo, organizações e sociedade civil, mas também com as empresas.

 

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A pauta que por tanto tempo foi um tabu no mundo corporativo se tornou um pilar, com a sustentabilidade como palavra-chave para a existência de qualquer companhia. Líderes do mercado carregam uma responsabilidade ainda maior, diante do impacto que são capazes de causar. E, felizmente, as empresas têm movimentado seus respectivos setores. Leia a seguir as iniciativas sustentáveis de gigantes em quatro áreas relevantes para a discussão.

Moda

O relatório “Fios da Moda”, elaborado pelo Instituto Modefica em parceria com a Fundação Getulio Vargas e a consultoria Regenerate Fashion, lançado em fevereiro deste ano, apresentou uma realidade gritante sobre a produção e o consumo de algodão, viscose e poliéster (fibras mais comuns no país). O documento estimou a geração de 45 toneladas de lixo têxtil por dia apenas na região do Brás, em São Paulo. Uma das concessionárias de coleta de lixo participante da pesquisa relatou que recolhe diariamente pelo menos 5.500 toneladas em São Paulo.

 

Para mudar esse cenário, uma das protagonistas tem sido a calçadista Vulcabras, empresa-mãe das marcas Olympikus, Mizuno, Under Armour e outras. Entre suas iniciativas recentes, a companhia passou a destinar 100% de seus resíduos para a economia circular e anunciou a inauguração de uma área de preservação ambiental de 30 mil metros quadrados na região da fábrica de Itapetinga, interior da Bahia, com a plantação de 2 mil mudas.

 

A Vulcabras ainda publicou neste ano seu primeiro relatório de sustentabilidade, no qual apresenta suas iniciativas para uso de energia eólica, criação de sistema de tratamento e reúso de efluentes e aumento de responsabilidade social e impacto nas comunidades. A empresa foi a primeira no país a receber certificação de ouro pelo programa Origem Sustentável em calçados, projeto desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em parceria com Assintecal e o Laboratório de Sustentabilidade da Universidade de São Paulo (LaSSu-USP). “Todas essas medidas que temos adotado durante anos nos ajudam a fortalecer esse pilar que a empresa olha com tanto cuidado, mostrando que é possível obter resultados alinhados ao desenvolvimento sustentável”, afirma Luiz Otávio Goi Junior, porta-voz da companhia.

Beleza

A indústria cosmética enfrenta desafios importantes quando se trata de sustentabilidade. Uma das principais discussões é o excesso de embalagens plásticas. De acordo com levantamento do WWF (Fundo Mundial para a Natureza) feito em março de 2019, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. O país é também o quarto maior mercado de beleza do planeta, segundo a Euromonitor.

 

Uma das iniciativas notórias para mudar o cenário brasileiro vem do Grupo Boticário. Desde 2006, a empresa trabalha a questão da reciclagem com o Boti Recicla, maior programa de logística reversa em pontos de coleta no segmento de beleza. No ano passado, resíduos plásticos se transformaram em uma pop up sustentável no Parque Ibirapuera (SP) e mais oito lojas sustentáveis espalhadas pelo Brasil. Neste ano, espaços pedagógicos sustentáveis também estão sendo desenvolvidos a fim de fomentar a educação em 15 escolas públicas no país. “Ter atitudes sustentáveis é um posicionamento consciente e que está atrelado às discussões que permeiam nossa sociedade”, comenta Cathyelle Schroeder, diretora de comunicação do Boticário. A meta da companhia é cobrir 100% das embalagens com atributos sustentáveis até 2022 e ter todas as instalações de lojas físicas obedecendo às premissas globais de construção sustentável até 2024.

 

O Grupo L’Oréal também tem dedicado esforços para preservar o meio ambiente, por meio do programa “L’Oréal para o Futuro”. A empresa já atua com 100% de eletricidade renovável de fontes eólicas em todas as unidades brasileiras e está trabalhando para ser carbono-neutra ainda neste ano. Há também projetos voltados para o empoderamento feminino local, promovendo a capacitação, profissionalização e educação de mulheres indígenas e de comunidades. Uma prova de toda essa dedicação é o lançamento do perfume My Way de Giorgio Armani, uma fragrância carbono-neutra, com concepção ecológica e uso de ingredientes naturais provenientes de comércio justo. “Temos a responsabilidade de contribuir com a sociedade, respeitando os limites do planeta, engajando e educando toda a nossa cadeia de valor”, diz Maya Colombani, diretora de sustentabilidade do Grupo L’Oréal.

Turismo

O turismo costuma ser responsável pela principal fonte de renda em regiões afastadas de grandes centros urbanos. Por isso, para grupos hoteleiros, os maiores desafios são outros: impacto local e pegada de carbono.

 

Em 2020, a rede hoteleira Hilton Worldwide Holdings anunciou o lançamento da marca de hotel chamada Tempo. O objetivo da nova linha é priorizar a sustentabilidade, além do bem-estar e do design, pensando no meio ambiente e alinhando-se aos princípios de viajantes mais jovens interessados em turismo consciente e ecológico. A proposta é reduzir o desperdício de alimentos, aumentar o uso de produtos advindos de fontes responsáveis e incentivar os viajantes a usar garrafas de água reutilizáveis ​​em vez de plásticos de uso único. A companhia afirmou ter consultado mais de 10 mil clientes para identificar as facetas do novo projeto, que ainda não tem data de lançamento.

 

O grupo ainda se comprometeu com um plano de metas a serem implementadas até 2030, tendo como foco suas operações, as comunidades locais e a cadeia de fornecedores. No quesito impacto social, a Hilton garantiu dobrar seus esforços financeiros em caso de desastres naturais, seu investimento em programas pela juventude local (em regiões com baixo bem-estar na faixa etária) e seu gasto com pequenos e médios fornecedores locais, apoiando também a diversidade. Já entre os objetivos ambientais estão a redução de emissões de carbono, a diminuição do consumo e desperdício de água e comida e o incentivo à conscientização acerca do assunto. A promessa é reduzir a pegada de carbono da empresa pela metade nos próximos nove anos. 

Alimentos

O setor alimentício é um dos mais marcados pelo desperdício e pela produção de plástico. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) com a organização parceira WRAP, divulgou que em 2019 o desperdício de alimentos no mundo chegou à marca de 931 milhões de toneladas, ou seja, aproximadamente 17% da produção total. Já o “Atlas do Plástico”, estudo realizado pela organização alemã Fundação Heinrich Böll, apontou para uma produção de 11,3 milhões de toneladas de lixo plástico só no Brasil, com reciclagem de apenas 1,28% dessa quantia (em comparação à média global de 9%).

 

Pioneira no setor, a Ambev traçou em 2018 metas de sustentabilidade para 2025. Entre elas estão: 100% da eletricidade comprada de fontes renováveis, redução de 25% das emissões de carbono em toda a cadeia e 100% dos produtos em embalagens retornáveis ou feitas de material reciclado. A empresa ainda tem projetos de eficiência hídrica, para reduzir o consumo de água – que diminuiu em 4,7% de 2019 para 2020.

 

Também há o investimento na construção do parque eólico, na Bahia, que vai abastecer com energia limpa e renovável todas as cervejarias presentes no Nordeste. Isso representa, aproximadamente, 35% do consumo total da companhia no país. Segundo a empresa, o fortalecimento de ações sustentáveis não é mera opção corporativa, mas sim uma necessidade para toda a sociedade e para as gerações futuras. 

 

Por Mattheus Goto | Matéria publicada na edição 121 da Versatille

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