Especialista analisa os carros Porsche Taycan e Mercedes GLB 200
Com o mercado de carros de luxo aquecido, destacamos duas novidades: o Porsche Taycan, totalmente elétrico, e o Mercedes-Benz GLB 200, um SUV de sete lugares
O mercado de carros de luxo vive um grande momento no Brasil. Apesar da pandemia de coronavírus, as vendas cresceram quase 40%. Algumas lojas chegaram a ter 100% de aumento nas vendas. Há uma explicação para isso: as pessoas buscaram bons carros para compensar as agruras do isolamento social, como a impossibilidade de viajar para o exterior. Entre as novidades do segmento de luxo, selecionamos duas propostas completamente diferentes: os novíssimos Porsche Taycan e Mercedes-Benz GLB.
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O Taycan é o primeiro carro 100% elétrico da Porsche. A marca alemã não apenas entrou no mercado de EVs (Electric Vehicles) como inovou ao dotar o Taycan de tecnologias inexistentes em outros carros elétricos de luxo. Já o Mercedes GLB, também alemão, aposta na motorização convencional, 1.3 turbo a combustão interna, mas também inova ao propor uma nova leitura para o segmento de SUVs (Sport Utility Vehicles).
Tanto o Porsche Taycan quanto o Mercedes-Benz GLB são carros familiares, para quatro ou cinco pessoas. Veja a seguir os atributos dos novíssimos modelos alemães que estão à venda no Brasil.
Porsche Taycan
O Porsche Taycan estreia no Brasil em três versões: 4S, Turbo e Turbo S. A primeira coisa que chama atenção é o nome do carro; afinal, trata-se de um veículo elétrico, que não usa turbocompressor. Mesmo assim, a Porsche preferiu manter os nomes “Turbo” e “Turbo S” para as versões mais apimentadas do Taycan a fim de facilitar a identificação por parte de seus clientes. Quem conhece a linha Porsche sabe que as versões Turbo e Turbo S são as que oferecem maior desempenho.
Podemos dizer que a Porsche usou uma “licença poética” para facilitar a escolha de seus clientes. Antes de passar para a análise do Taycan, vale a pena conhecer as diferenças entre as versões:
O Taycan tem dois motores elétricos, um para as rodas dianteiras e outro para a traseira. A Porsche não revela qual é a potência de cada motor, mas inovou ao dotar o motor traseiro de câmbio de duas marchas. Portanto, o motor dianteiro, com câmbio automático de uma marcha, é montado de forma axial, ou seja, envolvendo o eixo para ficar mais baixo e permitir uma aerodinâmica excepcional (Cx de apenas 0,22). O motor traseiro é montado em posição transversal ao lado do eixo e tem câmbio automático de duas marchas. O objetivo é multiplicar a capacidade de aceleração. Mas não há troca de marcha no carro elétrico: a partir de 90 km/h, a segunda marcha do Taycan entra automaticamente.
Outra inovação do Taycan é que ele tem duas entradas de energia. Do lado esquerdo fica a entrada para o carregamento doméstico, que pode levar até nove horas. Do lado direito, a entrada para o carregamento rápido, na estrada ou em postos espalhados pelas principais cidades.
A bateria do Porsche Taycan fica no assoalho do carro e é poderosa: tem 79 kWh de capacidade na versão 4S e 93 kWh nas duas “Turbo”, o que permite rodar mais de 400 km com uma carga em todas as versões. Assim como nos carros com motor a combustão interna, o consumo de energia também está relacionado à forma de dirigir do motorista – quanto mais potência se exige, mais consumo vai embora.
Outro diferencial do Porsche Taycan é o sistema de freios. Ao contrário dos demais fabricantes, a Porsche não quis usar o sistema “One Pedal Drive”, que permite ao motorista acelerar e frear apenas pisando ou tirando o pé do acelerador. O fabricante considera que isso desequilibra a frente do carro e prejudica o comportamento dinâmico. Mesmo assim, apesar dos poderosíssimos e enormes discos de freio (inclusive com cerâmica), 90% das frenagens do Taycan são feitas pelo freio do motor, sem usar o sistema mecânico.
Por dentro, o Taycan é bastante espaçoso, pois mede 4,93 m de comprimento e tem 2,90 m de distância entre eixos. Ele é confortável, inclusive no banco de trás. O painel é 100% digital e na frente há duas telas multimídia (uma para o passageiro). A experiência ao volante é excepcional, com acelerações incríveis e enorme estabilidade nas curvas. O Taycan 4S custa R$ 589 mil, enquanto o Turbo sai por R$ 809 mil e o Turbo S é oferecido por R$ 979 mil. O Porsche Taycan não é apenas exclusivo; é uma obra-prima em forma de carro elétrico.
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Mercedes-Benz GLB
O Mercedes-Benz GLB estreou no Brasil em versão única: 200 Launch Edition. Trata-se de um novo SUV de sete lugares, cuja proposta é oferecer conforto e versatilidade para famílias grandes. O novíssimo GLB 200 tem esse nome por causa da potência do motor: 163 cavalos. Dentro da nomenclatura da marca, a sigla 200 significa que a potência fica próximo desse número.
Além de bonito, com um design que preserva as linhas clássicas de um SUV, o Mercedes GLB 200 ao mesmo tempo traz vincos reduzidos na carroceria e encaixes que valorizam o estilo. A dianteira é “verticalizada”, portanto tem duas lanternas marcantes. Na traseira, as lanternas são duplas e há um grande aerofólio na continuação do teto. Além disso, o carro é muito versátil.
A segunda fileira de bancos, por exemplo, oferece regulagem e rebatimento individual para os três lugares, o que não é nada comum. Um detalhe interessante é que as portas se sobrepõem às soleiras, para facilitar o acesso dos passageiros ao carro e manter a entrada livre de sujeira. Há também um assistente de desembarque, para avisar aos usuários se há algum carro se aproximando no caminho.
A proposta geral do Mercedes GLB é ser estradeiro. “É um carro para grandes viagens, por isso o GLB 200 tem muitos itens de segurança e os comandos são bem simples”, afirma Evandro Bastos, gerente de marketing da Mercedes-Benz. Segundo o CEO da marca no Brasil, Holger Marquardt, “a demanda por esse tipo de veículo tem sido notável em todo o mundo, e no Brasil não é diferente”.
Para alguns especialistas, o Mercedes GLB é um misto de SUV com minivan. Um dos segredos do carro é o generoso entre-eixos de 2,829 m, que permite amplo espaço interno. A capacidade do bagageiro varia de 130 litros (sete passageiros) a 1.680 litros (dois passageiros). O porta-malas-padrão (cinco passageiros) tem capacidade para 500 litros, ocupando o espaço até o teto.
Apesar de o carro ser grande e medir 4,634 m, o motor é pequeno. Está dentro do paradigma de downsizing, que oferece maior potência em motores menores. Ele tem apenas 1.332 cm³ de cilindrada e quatro cilindros. Com 163 cv, tem ótima potência específica de 125 cavalos/litro. O motor 1.3 do Mercedes GLB 200 traz tecnologias modernas. Além do turbocompressor, ele desativa dois cilindros, dependendo da necessidade, para reduzir o consumo de combustível. O torque (força) é de 250 Nm. O câmbio também é dos melhores: 7G DCT, ou seja, automático de sete marchas com dupla embreagem.
A Mercedes procurou dar ao GLB 200 um ajuste confortável de suspensão, mas sem perder o alto nível de estabilidade que caracteriza seus carros. A suspensão traseira é multilink. Além da ótima mecânica, o Mercedes-Benz GLB 200 Launch Edition tem direção elétrica e conectividade MBUX (a mais avançada da marca), com duas telas de 10,25 polegadas. Essa versão é exclusiva, por isso tem apenas 200 unidades disponíveis no Brasil. O carro é fabricado em Aguascalientes, no México, e tem preço sugerido de R$ 299.900.
Por Sergio Quintanilha | Matéria publicada na edição 117 da Versatille